Língua oral no processo de alfabetização
Tese: Língua oral no processo de alfabetização. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Fa10 • 27/5/2014 • Tese • 974 Palavras (4 Páginas) • 361 Visualizações
A linguagem oral no processo de alfabetização
A linguagem oral (fala, escuta e compreensão) permeia quase todas as interações estabelecidas pelas crianças em suas práticas sociais. É assim que meninos e meninas se apropriam da cultura escolar, desde o ingresso na instituição. É também por meio da fala que as crianças adentram na escola, levando consigo as marcas de sua classe social, de sua origem e identidade cultural, constituída por conhecimentos, crenças e valores. Trazem, portanto, a variedade linguística do grupo social a que pertencem.
Nesse sentido, é importante lembrar que a população brasileira fala de diferentes formas, em função dos espaços geográficos que ocupa, da classe social, da idade e do gênero a que pertence. Essas diferenças sintáticas, semânticas, fonéticas, morfológicas e fonológicas é que fazem a riqueza de nossa língua.
Analisadas do ponto de vista linguístico, todas essas variedades são legítimas e corretas, já que não temos uma gramática normativa da linguagem oral como a que existe para a linguagem escrita. Assim, todos falamos corretamente. Contudo, do ponto de vista social, essas variedades são valoradas de forma diferente: a linguagem popular tem menor prestígio que a forma culta, ou seja, a linguagem padrão falada pelas pessoas das classes mais favorecidas economicamente é que é “considerada” mais próxima da linguagem escrita.
Para que a escola possa efetivamente contribuir para a continuidade do processo de aprendizagem das crianças e, ao mesmo tempo, considerar alguns paradigmas da educação brasileira, como a inclusão e o reconhecimento à diversidade, é necessário livrar-se de preconceitos, relativos à fala das camadas populares, e acolher as crianças com toda a bagagem cultural que trazem. Consequentemente, deve-se romper com alguns mitos, que obscurecem seu olhar sobre o aluno – dentre eles, o de que existe apenas uma forma correta de falar –, e com a interpretação equivocada de que a escrita é a reprodução da fala. Esse entendimento leva alguns professores a querer que seus alunos reproduzam na escrita a forma como falam, sem considerar que se tratam de duas modalidades distintas de linguagem e que, portanto, envolvem aspectos diversos. Saber falar bem não significa saber escrever bem. Assim, existiriam muitos modos de falar, que a escola tem de respeitar, e um único modo de escrever, que ela deve ensinar? Não é bem isso, ou melhor, não é apenas isso; a escola deverá também ensinar a linguagem oral.
O aprendizado da linguagem oral na escola
Aprendemos uma língua ao ouvir, falar, ler e escrever. Portanto, é muito importante que essas ações sejam trabalhadas na escola, tendo em vista suas inúmeras possibilidades, e tendo sempre como norte a participação, cada vez maior, do sujeito na vida cidadã. É importante lembrar que o aprendizado da linguagem oral envolve não apenas a fala, mas também o entendimento, ou seja, ouvir com compreensão. E isso também se aprende na escola a partir da ação atenta e efetiva do professor, que deve buscar na prática pedagógica as situações em que é preciso ouvir, compreender e interpretar.
Além disso, existem algumas situações comunicativas que devem ser propostas pelo professor, pois ajudam a criança a estruturar seu pensamento e adequar a linguagem oral ao contexto e ao interlocutor. O uso mais formal da fala tem que ser trabalhado em situações reais, em que esse tipo de discurso faça sentido. Por isso, desde muito cedo, é importante que o aluno participe de situações em que necessite planejar a sua fala (tais como entrevistas, seminários, debates etc.), vendo-se como produtor de textos orais.
Existem muitas coisas a se aprender na escola no tocante à linguagem
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