Marcelo Pereira de Carvalleu
Seminário: Marcelo Pereira de Carvalleu. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: kamylla.nunes • 7/4/2014 • Seminário • 1.026 Palavras (5 Páginas) • 259 Visualizações
Marcelo Pereira de Carvalho
A aplicação do conceito de economia de escala em pecuária de leite, em última análise, visa desfrutar de uma potencial redução nos custos de produção em função da diluição de vários componentes de custo fixo, como o custo de instalações, da mão-de-obra e de equipamentos em função da maior produção de leite. Como exemplos, o aumento da produção dilui o custo por litro produzido de um tanque de leite ou de uma sala de ordenha; o maior número de bezerros a serem tratados por um funcionário reduz de mão-de-obra desta categoria por unidade produzida. O aumento da escala traz, potencialmente, a melhor utilização dos recursos disponíveis.
A redução de custos, na verdade, pode ser proveniente não só da diluição dos custos fixos, mas da possibilidade de compra de insumos (alimentos, medicamentos, peças de reposição, equipamentos) a preços mais baixos, pela diluição do custo dos serviços (assessoria técnica, fretes, consertos e reparos) e também por juros potencialmente mais baixos, caso haja financiamento envolvido na atividade. A organização de produtores em "pool" de compras nada mais é do que o usufruto da economia de escala para comprar insumos, por exemplo.
O resultado final é o menor custo de produção. Ilustrando o efeito do aumento da escala em propriedades leiteiras, simulações feitas nos EUA mostram que o aumento do número de animais em lactação de 180 para 800 resultou em redução dos custos de produção da ordem de US$ 0,05/litro.
Além desta evidente diluição dos custos fixos, a economia de escala permite obter melhoria do desempenho em vários aspectos técnico-administrativos. Entre estes aspectos, pode-se apontar:
- possibilidade de contratação de mão-de-obra mais especializada
- maior capacidade de aplicação de tecnologia
- possibilidade de melhor capacidade gerencial
- contratação de serviços mais especializados (serviços técnicos, colheita terceirizada)
- possibilidade de menor remuneração do leite vendido (em função do volume)
- maior facilidade de expansão e de construção de instalações mais adequadas
- maior flexibilidade no uso de mão-de-obra (ex: 3 ordenhas, tratos noturnos, parteiro noturno, etc)
Desta forma, rebanhos maiores apresentam potencialmente não só menor custo decorrente do aumento da escala, mas também um melhor desempenho técnico que, provavelmente, reduzirá ainda mais o custo e certamente aumentará a lucratividade da propriedade.
A tabela 1 exemplifica estas vantagens técnicas ao mostrar que quanto maior o módulo de produção de leite, maior a produção por vaca/ano. Esta constatação pode à primeira vista parecer contraditória, pois sabe-se que, à medida que o rebanho cresce, tende-se a perder o tratamento individual dos animais, aspecto preponderante em pequenas fazendas nas quais o proprietário e sua família atuam diretamente, dando então lugar ao manejo do rebanho como um todo. Porém, o que se percebe é que o aumento do rebanho, apesar de substituir o manejo individualizado por um manejo mais generalizado, pode trazer mais técnica e profissionalismo à exploração, traduzidos em melhor desempenho técnico e econômico.
A junção de efeitos na redução do custo de produção com efeitos na melhoria do desempenho pode ser resumida na tabela 2, que compara as 36 melhores fazendas de um estudo realizado no estado de New York (EUA) com a média das 357 fazendas avaliadas no estudo, tendo como parâmetro a lucratividade medida em retorno sobre o capital investido. Percebe-se que as melhores fazendas tinham 110 % mais vacas, produziam 8 % a mais de leite/vaca/ano e 33 % de leite a mais por funcionário, tinham custo operacional 9,7 % menor e recebiam em média 1,2 % a mais pelo leite vendido. Ou seja, eram mais eficientes tanto em parâmetros produtivos como econômicos.
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