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Monteiro Lobato (Biografia)

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Por:   •  27/5/2014  •  1.784 Palavras (8 Páginas)  •  422 Visualizações

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1882 - 1904

Primeiras letras: Lobato estudante

José Bento Monteiro Lobato estreou no mundo das letras com pequenos contos para os jornais estudantis dos colégios Kennedy e Paulista, que frequentou em Taubaté, cidade do Vale do Paraíba onde nasceu em 18 de abril de 1882. No curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, dividiu-se entre suas principais paixões: escrever e desenhar. Colaborou em publicações dos alunos, vencendo um concurso literário promovido em 1904 pelo Centro Acadêmico XI de Agosto. Morou na república estudantil do Minarete, liderou o grupo de colegas que formou o Cenáculo e mandou artigos para um jornalzinho de Pindamonhangaba, que tinha como título o mesmo nome daquela moradia de estudantes. Nessa fase de sua formação, Lobato realizou as leituras básicas e entrou em contato com a obra do filósofo alemão Nietzsche, cujo pensamento o guiaria vida afora.

1905 - 1910

Lobato volta ao Vale do Paraíba

Diploma nas mãos, Lobato voltou a Taubaté. E de lá prosseguiu enviando artigos para um jornal de Caçapava, O Combatente. Nomeado promotor público, mudou-se para Areias, casou-se com Purezinha e começou a traduzir artigos do Weekly Times para O Estado de S. Paulo. Fez ilustrações e caricaturas para a revista carioca Fon-Fon! E colaborou no jornal Gazeta de Notícias, também do Rio de Janeiro, assim como na Tribuna de Santos.

1911 - 1917

Lobato fazendeiro e jornalista

A morte súbita do avô determinou uma reviravolta na vida de Monteiro Lobato, que herdou a Fazenda do Buquira, para a qual se transferiu com a família. Localizada na Serra da Mantiqueira, já estava com as terras esgotadas pela lavoura do café. Assim mesmo, ele tentou transformá-la num negócio rendoso, investindo em projetos agrícolas audaciosos. Mas não se afastou da literatura. Observando com interesse o mundo da roça, logo escreveu artigo, para O Estado de S. Paulo, denunciando as queimadas no Vale do Paraíba. Intitulado “Uma velha praga”, teve grande repercussão quando saiu, em novembro de 1914. Um mês depois, redigiu Urupês, no mesmo jornal, criando o Jeca Tatu, seu personagem-símbolo. Preguiçoso e adepto da "lei do menor esforço", Jeca era completamente diferente dos caipiras e indígenas idealizados pelos romancistas como, por exemplo, José de Alencar. Esses dois artigos seriam reproduzidos em diversos jornais, gerando polêmica de norte a sul do país. Não demorou muito e Lobato, cansado da monotonia do campo, acabou vendendo a fazenda e instalando-se na capital paulista.

1918 - 1925

Lobato editor e autor infantil

Com o dinheiro da venda da fazenda, Lobato virou definitivamente um escritor-jornalista. Colaborou, nesse período, em publicações como Vida Moderna, O Queixoso, Parafuso, A Cigarra, O Pirralho e continuou em O Estado de S. Paulo. Mas foi a linha nacionalista da Revista do Brasil, lançada em janeiro de 1916, que o empolgou. Não teve dúvida: comprou-a em junho de 1918 com o que recebera pela Buquira. E deu vez e voz para novos talentos, que apareciam em suas páginas ao lado de gente famosa.

O editor

A revista prosperou e ele formou uma empresa editorial que continuou aberta aos novatos. Lançou, inclusive, obras de artistas modernistas, como O homem e a morte, de Menotti del Picchia, e Os Condenados, de Oswald de Andrade. Os dois com capa de Anita Malfatti, que seria pivô de uma séria polêmica entre Lobato e o grupo da Semana de 22: Lobato criticou a exposição da pintora no artigo “Paranoia ou mistificação?”, de 1917. “Livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês", dizia Lobato, que, para provocar a gulodice do leitor, tratava o livro como um produto de consumo como outro qualquer, cuidando de sua qualidade gráfica e adotando capas coloridas e atraentes. O empreendimento cresceu e foi seguidamente reestruturado para acompanhar a velocidade dos negócios, impulsionada ainda mais por uma agressiva política de distribuição que contava com vendedores autônomos e com vasta rede de distribuidores espalhados pelo país. Novidade e tanto para a época, e que resultou em altas tiragens. Lobato acabaria entregando a direção da Revista do Brasil a Paulo Prado e Sérgio Milliet, para dedicar-se à editora em tempo integral. E, para poder atender às crescentes demandas, importou mais máquinas dos Estados Unidos e da Europa, que iriam incrementar seu parque gráfico. Mergulhado em livros e mais livros, Lobato não conseguia parar.

O autor infantil

Escreveu, nesse período, sua primeira história infantil, A menina do narizinho arrebitado. Com capa e desenhos de Voltolino, famoso ilustrador da época, o livrinho, lançado no Natal de 1920, fez o maior sucesso. Dali nasceu outros episódios, tendo sempre como personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Tia Nastácia e, é claro, Emília, a boneca mais esperta do planeta. Insatisfeito com as traduções de livros europeus para crianças, ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperando costumes da roça e lendas do folclore nacional. E fez mais: misturou todos eles com elementos da literatura universal, da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema. No Sítio do Pica-pau Amarelo, Peter Pan brinca com o Gato Félix, enquanto o saci ensina truques a Chapeuzinho Vermelho no país das maravilhas de Alice. Mas Monteiro Lobato também fez questão de transmitir conhecimento e ideias em livros que falam de história, geografia e matemática, tornando-se pioneiro na literatura paradidática - aquela em que se aprende brincando.

Crise e falência

Trabalhando a todo vapor, Lobato teve que enfrentar uma série de obstáculos. Primeiro, foi a Revolução dos Tenentes que, em julho de 1924, paralisou as atividades da sua empresa durante dois meses, causando grande prejuízo. Seguiu-se uma inesperada seca, que decorreu em um corte no fornecimento de energia. O maquinário gráfico só podia funcionar dois dias por semana. E numa brusca mudança na política econômica, Arthur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de títulos pelo Banco do Brasil. À consequência foi um enorme rombo financeiro e muitas dívidas. Só restou uma alternativa a Lobato: pedir a autofalência, apresentada em julho de 1925. O que não significou o fim de seu ambicioso projeto editorial, pois ele já se preparava para criar outra empresa. Assim surgiu a Companhia Editora

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