O ENSINO DE LÍNGUA X LINGUÍSTICA TEXTUAL X GRAMÁTICA NORMATIVA

O ENSINO DE LÍNGUA X LINGUÍSTICA TEXTUAL X GRAMÁTICA NORMATIVA

Não é de hoje que o ensino de língua nas escolas tem sido tema de bastante discussão, principalmente pelos linguístas, que não concordam com a maneira como este ensino vem sendo tratado. A critica destes se pauta ao tradicionalismo do trabalho com a linguagem nas escolas, onde estas confundem o ensino de língua com ensino de gramática e o que deveria ser relevante como a leitura e a produção de textos, acabaram sendo deixados de lado em detrimento de um ensino gramaticalizado, que evidencia regras, nomenclatura de termos, conceitos e classificações, aspectos que de forma alguma servem de instrumento para o usuário manter uma eficiente comunicação, a prova disto está na dificuldade que nossos alunos têm tanto na comunicação oral quanto na escrita. Na oral pelo fato de não conseguirem se expressar de forma clara e na escrita por não conseguirem produzir textos e quando os produzem na sua grande maioria são cheios de incoerências e falta de coesão.

É perceptível até mesmo em trabalhos acadêmicos, a falta de organização, sistematização e unidade dentro dos textos, o que podemos considerar como um reflexo da metodologia do professor nas aulas de língua portuguesa, pois muitos não conseguiram ainda se desvincular dos métodos tradicionais, ou seja daquele ensino baseado na gramática normativa que tinha como foco estudar a língua enquanto conjunto potencial de signos, totalmente desvinculada de suas condições de uso, centrando-se apenas na palavra e em frases isoladas abstraídas de contexto, como bem ressalta Antunes (2009). Infelizmente esta é ainda uma prática muito comum no contexto de sala de aula, pois muitos professores não conseguem trabalhar o ensino de língua a partir do ponto de vista da Linguística Textual, a qual propõe trabalhar a língua na perspectiva de sua funcionalidade textual, já que o texto é de fato, a manifestação viva da linguagem.

Apesar da excelente visão dos linguístas com relação ao ensino inovador da língua, ainda há, muito que se esclarecer quanto à forma de se trabalhar a gramática de maneira contextualizada, muitos professores acham que contextualizar é pegar um texto e retirar deste as classes gramaticais. Há ainda aqueles que pensam que a LT propõe o abandono da gramática em detrimento ao texto. É claro que isso é um grande equivoco dos professores, pois o que a LT quer na verdade é reinstaurar o trabalho formal com a gramática tradicional dentro de nossas salas de aula, mas de uma maneira funcional.

Portanto, o mais importante dentro deste contexto é que o nosso aluno conheça a funcionalidade da língua e não um aglomerado de inadequações explicativas sobre os fatos linguísticos e que a gramática seja um suporte de consulta para muitas dúvidas que temos sobre como agir em relação aos padrões normativos exigidos pela escrita.

Por: Mara Regina Santos de Mendonça