O FUTEBOL DE QUALQUER MANEIRA NO COLEGIAL

Introdução

Partindo das ideias de Jocimar Daolio contidas no seu livro “Cultura, Educação Física e futebol”, o futebol é parte da vida dos brasileiros. O primeiro destaque de sua obra vai para o fato de que um indivíduo para ser considerado “homem de verdade” em nossa sociedade, existe uma certa cobrança ou necessidade, que ele ao menos tenha um time de futebol para torcer ou um lance incrível de determinada partida para narrar e se emocionar. O autor continua destacando que existe ainda no futebol, o caráter espontâneo e público de sua manifestação na maioria da população, pois tradicionalmente ele apresenta normas reiteradas do interior das famílias e sua prática acontece nos mais inusitados espaços, especialmente nos espaços públicos ou baldios. É comum vermos meninos brincando de futebol pelas ruas, talvez este seja o segredo para a formação constante de craques no futebol brasileiro. Podemos então pensar no futebol como uma manifestação da nossa cultura corporal. Por fim, Daolio comenta sobre o fato de as mulheres também torcerem e jogarem, mas ao mesmo tempo, terem sua participação diminuída diante da masculina nesta modalidade.

Procurando uma solução para desconstruir esse domínio do gênero masculino no futebol, Francisco Emílio de Medeiros em seu trabalho “O Futebol de seis “quadrados” nas aulas de Educação Física:: uma experiência de ensino com princípios didáticos da abordagem crítico-emancipatória”, busca estimular meninas e meninos pouco habilidosos, em sua estratégia muito importante de inovação pedagógica. O autor se baseou nas ideias apresentadas por Elenor Kunz, secundadas pelas de Valter Bracht, Reiner Hildebrandt Stramann, Alfredo Gomes de Faria Júnior, Silvana Vilodre Goellner, dentre outros. Medeiros procurou extrair princípios didáticos capazes de proporcionar uma orientação teórico-prática para as aulas de educação física, com vistas principalmente às experiências de Kunz (1994), buscando a tematização do esporte e possíveis contribuições da abordagem crítico-emancipatória.

Esta abordagem foi acompanhada de uma didática comunicativa, pois ela buscou fundamentar a função do esclarecimento e da prevalência racional de todo agir educacional. E uma racionalidade com o sentido do esclarecimento implica sempre, numa racionalidade comunicativa, uma vez que a educação é sempre um processo onde se desenvolvem “ações comunicativas”. Portanto, o aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas a capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica. Para a participação de todos nas atividades de futebol em quadra, o autor criou juntamente com os seus alunos o “futebol de seis quadrados”. Para isso, foram estabelecidas primeiramente cinco regras e a quadra de futebol foi dividida em seis quadrados. Ao longo do tempo e das práticas das atividades, foram criadas e incluídas pelo grupo novas penalidades para as infrações e também novas regras.

Sendo assim, a escolha metodológica para este trabalho foi a crítico-emancipatória, uma vez que ela tenta incluir todos os alunos - independentemente de