O Que é Leitura
Casos: O Que é Leitura. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: lariinha_m • 13/4/2014 • 2.144 Palavras (9 Páginas) • 444 Visualizações
O QUE É LEITURA
Sem dúvida, o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto como decodificador da letra. Podemos mesmo pensar a sua história, as circunstâncias de sua criação, as intenções do autor ou fabricante ao fazê-lo, o trabalho de sua realização, as pessoas que o manipularam no decorrer de sua produção e, depois de pronto, aquelas ligadas a ele e as que o ignoram ou a quem desagrada. O que aconteceu? Até aquele momento o objeto era apenas algo mais na parafernália de coisas ao nosso redor, com as quais temos familiaridade em particular, ou das quais temos uma visão preconcebida. Podemos dizer que afinal lemos o vaso ou o cinzeiro. Tudo ocorreu talvez de modo casual, sem intenção consciente, mas porque houve uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Nada de sobrenatural. Apenas nossos sentidos, nossa psique, nossa razão responderam a algo para o que já estavam potencialmente aptos e só então se tornaram disponíveis. Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gesto mecânico de decifrar os sinais. Sobretudo se esses sinais não se ligam de imediato a uma experiência, uma fantasia, uma necessidade nossa. Reagimos assim ao que não nos interessa no momento. Se o texto é visual, ficamos cegos a ele, ainda que nossos olhos continuem a fixar os sinais gráficos, as imagens. Se é sonoro, surdos. Por essas razões, ao começarmos a pensar a questão da leitura, fica um monte que agradeço a Paulo Freire: ‘’a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura’’.
COMO E QUANDO COMEÇAMOS A LER
Desde os nossos primeiros contatos com o mundo, percebemos o calor e o aconchego de um berço diferentemente das mesmas sensações provocadas pelos braços carinhosos que nos enlaçam. O som estridente ou um grito nos assustam, mas a canção de ninar embala nosso sono. O cheiro do peito e a pulsação de quem nos amamentam ou abraça podem ser convites á satisfação ou ao rechaço. Começamos assim a compreender, a dar sentido ao que e a quem nos cerca. Esses também são os primeiros passos para aprender a ler. Trata-se pois de um aprendizado mais natural do que se costuma pensar, mas tão exigente e complexo como a própria vida. Os estudos da linguagem vêm revelando, cada vez com maior ênfase, que aprendemos a ler apesar dos professores; que, para aprender a ler e compreender o processo da leitura, não estão desamparado, temos condições de fazer algumas coisas sozinhas e necessitamos de alguma orientação, mas uma vez propostas instruções uniformizadas, elas não raro causam mais confusão do que auxiliam. As investigações interdisciplinares vêm evidenciando, mesmo na leitura do texto escrito, não ser apenas o conhecimento da língua que conta, e sim todo um sistema de relações interpessoais e entre as varias áreas do conhecimento e da expressão do homem e das suas circunstâncias de vida. Enfim, dizem os pesquisadores da linguagem em crescente convicção: aprendemos a ler lendo. Certamente aprendemos a ler a partir do nosso contexto pessoal. E temos que valorizá-lo para poder ir além dele.
AMPLIANDO A NOÇÃO DE LEITURA
Se o conceito de leitura está geralmente restrito á decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação global do individuo, á sua capacitação para o convívio e atuações social, politica, econômica e cultural. Saber ler e escrever, já entre gregos e romanos, significava possuir as bases de uma educação adequada para a vida, educação que visava não só ao desenvolvimento das capacidades intelectuais e espirituais, como das aptidões físicas, possibilitando ao cidadão integrar-se efetivamente á sociedade, no caso à classe dos senhores, dos homens livres. O aprendizado se baseava em disciplina rígida, por meio de método analítico caracterizado pelo progresso passo a passo : primeiro, decorar o alfabeto; depois, soletrar; por fim, decodificar palavras isoladas, frases, até chegar a textos contínuos. Apesar de séculos de civilização, as coisas hoje não são muito diferentes. Muitos educadores não conseguiram superar a prática formalista e mecânica, enquanto para a maioria dos educandos aprender a ler se resume á decoreba de signos linguísticos, por mais que se doure a pílula com métodos sofisticados e supostamente desalienantes. É sabido que nenhuma metodologia da alfabetização, avançada ou não, leva por si só á existência de leitores efetivos. No contexto brasileiro, a escola é o lugar onde a maioria aprende a ler e escrever, e muitos têm sua talvez única oportunidade de contato com os livros, estes passam a ser identificados com os manuais escolares. Esses textos condensados, supostamente digeríveis, dão a ilusão de tornar seus usuários aptos a conhecer, apreciar e até ensinar as mais diferentes disciplinas. Na verdade resultam em manuais da ignorância. Geralmente transmitindo uma visão de mundo anacrônica, repressiva, tais livros estão repletos de falsas verdades, a serviço de ideologias autoritárias, mesmo quando mascarados por recursos formais ou temáticos atuais e não conservadores. A justificativa maior dos organizadores dos livros didático, entretanto, se reveste de espirito “cientifico”: a necessidade de viabilizar o desenvolvimento de capacidades especifica sistematizar o conhecimento de simplificar assuntos demasiado complexos. As inúmeras concepções vigentes sobre leitura, grosso modo, podem ser sintetizadas em duas caracterizações:
1) Como decodificação mecânica de signos linguísticos, por meio de aprendizado estabelecido a partir do condicionamento estimulo-resposta ( perspectiva behaviorista-skinneriana) ;
2) Como processo de compreensão abrangente, cuja dinâmica envolve componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, tanto quanto culturais, econômicos e políticos (perspectiva cognitivo-sociológica) .
O ATO DE LER E OS SENTIDOS, AS EMOÇÕES E A RAZÃO.
O leitor, pouco se detém no funcionamento do ato de ler, na intricada trama de inter-relações que se estabelecem. Todavia, propondo-se a pensa-lo, perceberá a configuração de três níveis básicos de leitura, os quais são possíveis de visualizar como níveis sensorial, emocional e racional.
Leitura sensorial
A visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto podem ser apontados como os referenciais mais elementares do ato de ler. De certa forma, caracteriza a descoberta do universo adulto no qual todos nós precisamos aprender a viver para sobreviver.
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