Os Modos De Ler

“OS MODOS DE LER” – IVO LUCCHESI

As modalidades de leitura se identificam em cinco implicações crítico-funcionais:

Leitura linear: entende-se como a compreensão referencial do texto, com base na simples identificação dos dados constantes. Leitura linha por linha. No regime da leitura linear, conteúdo, finalidade e procedimento mostram-se ultrapassado. A leitura de uma página segue o mesmo ditame que rege a leitura das linguagens das imagens, ou seja, lê-se por sucessão. ignorando-se a conexão como um ato mental. Segundo o texto, conclui-se que “prover-se, portanto, do grau solicitado pela mínima exigência da leitura linear significa firmar consigo mesmo um pacto de estado cognitivo inercial”, ou seja, resume-se a ideia de que a leitura é automática.

Leitura impressionista: caracteriza-se pela compulsão pela leitura. O leitor simplesmente entra na história e cria suas próprias expectativas, tornando-se até mesmo, num relacionamento neurótico com a narrativa. O individuo se entrega a leitura de tal maneira que desemboca o desejo de autoprojeção (consciente ou não). Afirma-se: “nessa perspectiva, deseja-se firmar a seguinte avaliação: a pessoa entregue à leitura impressionista pode ler compulsivamente 10 livros por mês, sem alterar em nada a consciência aturdida ou entorpecida”.

Leitura prospectiva: seguindo o conceito de prospecção (profundidade e destinação de um olhar para um ponto futuro), esta modalidade consiste em tocar o leitor no desafio de se prender a atenção e despertar tensão. “Para tanto, exige-se o acompanhamento de um retor que auxilia o sujeito-leitor no reconhecimento do ideário presente no texto e, principalmente, educa o receptor no sentido de fazê-lo compreender que a toda e qualquer estrutura corresponde um subtexto cuja legibilidade se constrói no plano do que lhe é perceptível, porém invisível. É nessa prática que, efetivamente, nasce o leitor”.

Leitura argumentativa: essa modalidade se caracteriza pela formulação de argumentos que ratifiquem as ideias propostas no texto. Assim como, funda-se na capacidade do leitor recusar, parcial ou integralmente, o conteúdo gerado pelos textos e subtextos, sinalizando as razões da problematização do conteúdo. Nesta modalidade, é indispensável que o leitor entenda e tenha domínio dos fundamentos teóricos que o autor aborda. Ou seja, este tipo de leitura trata-se de desenvolver no indivíduo, a função judicativa, a faculdade de julgar e criticar.

Leitura produtiva: nesta modalidade, cabe ao leitor, obter o entendimento intelectual para criticar o texto lido a fim de canalizar o entendimento sobre a leitura para depois, desenvolver uma escrita em bases reflexivas e autorais. Essas são características de um leitor no final de um curso universitário. Pelo menos, é o que se espera deste sujeito. “Formar criticamente o leitor é,na atualidade, atuar ética e politicamente o projeto de transformação da subjetividade, de modo a erradicar-lhe o estado de aturdimento, gerador de deformações infindas.”

Esquema semântico:

Ao longo da formação escolar, o processo da leitura deve passar por cinco níveis, em progressão de profundidade:

Linear