Poemas Simbolistas
Monografias: Poemas Simbolistas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: biancxalves • 2/11/2013 • 278 Palavras (2 Páginas) • 321 Visualizações
Como me enleva e quanto me impressiona
Conservar sempre nítido comigo
O teu perfil judaico de Madona
Na iluminura de um missal antigo!
A saudade, que nunca me abandona,
(Oh! sombra de minh’alma, eu te bendigo!)
Fixando a tua imagem se fez dona
Do pensamento em que te dei abrigo...
Para iludir o coração que pena,
No espelho móvel da memória trago
Teu vulto amado, na expressão terrena...
E iluminas meu ser, num sonho vago,
Como uma estrela a abrir-se em luz serena
Sobre a quietude límpida de um lago.
O Horror dos Vivos
Ao menos junto dos mortos pode a gente
Crer e esperar n'alguma suavidade:
Crer no doce consolo da saudade
E esperar do descanso eternamente.
Junto aos mortos, por certo, a fé ardente
Não perde a sua viva claridade;
Cantam as aves do céu na intimidade
Do coração o mais indiferente.
Os mortos dão-nos paz imensa à vida,
Não a lembrança vaga, indefinida
Dos seus feitos gentis, nobres, altivos.
Nas lutas vãs do tenebroso mundo
Os mortos são ainda o bem profundo
Que nos faz esquecer o horror dos vivos.
Cruz e Sousa
O cachimbo (Alphonsus de Guimaraens)
)
Uma visão do tenebroso Limbo.
Soturna e sepulcral, tens a teu lado:
Por um artista foi este cachimbo
À feição de caveira burilado.
Vê tu, formosa, é um crânio em miniatura
Onde tua caveira vou revendo:
O vazio das órbitas fulgura,
Sinistramente, quando à noite o acendo.
E às vezes, quando o eterno ideal me abrasa
O crânio, no cachimbo os olhos ponho:
Há também dentro dele fogo e brasa,
Sobe o fumo e desfaz-se como um sonho.
E quando à noite o acendo, a sua boca
Transparente e magoada se clareia:
E ri-se, e eu rio ao vê-la, aberta e louca,
Toda de beijos e de afagos cheia
...