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Pronomes De Tratamento

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Por:   •  28/10/2014  •  2.256 Palavras (10 Páginas)  •  423 Visualizações

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Ao fazer um convite, enviar uma carta, uma petição, um cumprimento, e na conversação em um evento social onde encontra autoridades, é comum a pessoa se perguntar qual o pronome de tratamento que deve empregar, em meio às dezenas de expressões que se convencionou considerar as mais respeitosas. efinidos no âmbito das Boas-maneiras(1), os pronomes de tratamento são palavras que exprimem o distanciamento e a subordinação em que uma pessoa voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-la e ensejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego abusivo poderá afetar negativamente a dignidade da pessoa que os emprega; é o que se chama sabujice.

O Aurélio define o pronome de tratamento como "palavra ou locução que funciona tal como os pronomes pessoais". Os gramáticos, por sua vez, ensinam que esses pronomes são da terceira pessoa, substituindo o "tu" da segundo pessoa.

Isto é fácil de entender. A base desses pronomes são certos qualificativos como: Excelentíssimo, Reverendo, Magnífico, Eminente, etc. As formas pronominais diretas e indiretas respectivas a esses exemplos são: Vossa Excelência, Sua Excelência, Vossa Reverendíssima, Sua Reverendíssima, Vossa Magnificência, Sua Magnificência, e Vossa Eminência, Sua Eminência. Usando-as, não falo diretamente com a pessoa mas, estando em sua presença, eu me dirijo a ela representada por aquilo que ela tem de notável; uma qualidade que é tomada pelo substantivo (ou nome) respectivo.

Por exemplo, a uma pessoa bela, eu diria "Vossa Beleza gostaria de sentar-se ao meu lado?" dirigindo-me à sua beleza, como se dissesse "Ela, a tua beleza, gostaria de sentar-se ao meu lado?". Poderia também falar a respeito dela a uma terceira pessoa dizendo: "Sua Beleza já se foi!" ou "Sua Beleza está de mau humor". Quando reconheço na pessoa excelsas virtudes e excelência moral, falo dela: "Sua Excelência deu-me uma ordem" (A excelência dela deu-me uma ordem).

Mas a questão, do ponto de vista gramatical, é um pouquinho complicada. Afinal, por que se diz "Vossa Excelência" e não "Tua Excelência" como segunda pessoa do singular? Ocorre que um modo de reconhecer ou afirmar com mais ênfase é empregar os pronomes no plural, substituindo "tu" por "vós", "tua" por "vossa", etc. Assim é na prece "Vós sois o Todo Poderoso", em lugar de "Tu es o Todo Poderoso".

Quando digo "Vossa Excelência", eu estou a dizer que, além de reconhecer na pessoa a sua excelência moral, também reconheço a grandeza da sua virtude. Então o significado "Ela, a tua excelência" passa a ser "Ela, a vossa (grandiosa) excelência". O verbo fica na terceira pessoa do singular porque a concordância é feita com a qualidade "excelência" e não com o pronome possessivo "Vossa". Mas é importante lembrar que, por hábito, "seu" e "sua" são empregados naturalmente em lugar de "teu" e "tua", e "vosso" e "vossa" em muitas regiões do Brasil. Resulta disso uma certa tendência ao emprego incorreto da fórmula mais suave de tratamento direto "Sua Excelência", em lugar de "Vossa Excelência", como em "Sua Excelência me permite?"

Você. Ao tempo dos governos por "Direito Divino", os cargos eram considerados sagrados e toda autoridade representava a autoridade divina. Então, o povo comum preferiu, de modo mais prático, enaltecer uma qualidade nos poderosos que lhe interessava mais de perto: a "misericórdia" ou "mercê" das autoridades. Daí dirigir-se o povo às pessoas mais importantes por "Vossa Mercê". O pronome "Você" é uma contração da alocução "Vossa Mercê", e é por essa razão que é usado como terceira pessoa, pois a concordância dá-se com uma qualidade que representa a pessoa poderosa, sua magnanimidade ou "Mercê".

Respeito ao cargo. Penso que é uma falsa idéia considerar os pronomes de tratamento como necessários para manifestar respeito pelo cargo público que uma pessoa ocupa. Esses cargos, em uma democracia, são conferidos pelo povo e nenhum deles representa autoridade sobre pessoas; representam apenas responsabilidade pelo cumprimento da Lei no setor específico da autoridade respectiva.

Porém, quando a autoridade pública tende a ser atrabiliária e aterrorizante, o medo é, com certeza, um fator no inconsciente coletivo que leva ao excesso de frases e cumprimentos laudatórios em que a subserviência é uma defesa e a sabujice uma estratégia. No Estado Moderno, onde existe verdadeiramente Justiça e os funcionários do Poder são corretos, os cidadãos não precisam temer a arbitrariedade, e por isso o tratamento não enfrenta nenhuma barreira e pode dispensar perfeitamente estas formas fantasiosas e ultrapassadas de tratamento com origem nos círculos da tirania por direito divino e nos meios oficiais corruptos.

O respeito pelo cargo de uma autoridade, ou pela autoridade mesma, ou pela pessoa que exerce a autoridade, consiste em respeitar a Lei por cujo cumprimento ela é responsável, e não em chamá-la de "excelentíssima".

O emprego de "Senhor". Como dito, os pronomes de tratamento são expressões do distanciamento e da subordinação em que uma pessoa voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de agradá-la e ensejar um relacionamento cortês. O principal pronome de tratamento, consagrado universalmente e o único que as pessoas comuns devem usar como necessária manifestação de respeito, não importa a quem estejam se dirigindo, é "Senhor"/"Senhora" usando-se sempre o tratamento direto. A expressão "Vossa Senhoria", é a forma indireta.

O homem comum, mesmo quando se dirige ao Presidente da República, ou quando fala dele, não deve utilizar mais que "Senhor Presidente" e "O Senhor Presidente". Então seria perfeitamente polido o tratamento na frase: "Senhor Presidente, o Senhor pode conceder-me uma audiência?", e o mesmo é válido para o tratamento com qualquer autoridade, inclusive juízes, reitores, deputados e senadores.

É de notar, e isto eu acho muito importante, que também no tratamento que se dá ao reitor de uma universidade pode ser obrigatório o emprego daqueles anacrônicos pronomes de tratamento apenas para os professores e funcionários da universidade, que são seus subordinados, e para a burocracia, se a universidade for federal, estadual ou municipal. No caso de se tratar de uma universidade particular, apenas se o seu Conselho Universitário criar um Protocolo contendo tal determinação estaria o seu corpo docente

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