Quase Um Devaneio

Estava eu, sentada com minha mãe, tranquila a esperar o ônibus chegar ao seu destino, quando entram típicos exemplos de adolescentes entre a idade de 14 e 17 anos dos dias de hoje. Infelizmente os dias estão ruins nesse sentido.

É tão pouca a vergonha nelas presente, que eu acabo por sentir vergonha alheia. Suas roupas vulgares demonstravam o seu lugar de origem, um lugar onde provavelmente não havia nenhum adulto responsável para aconselhá-las ou pelo menos tentar. Fiquei quieta, para ouvir o que elas estavam a falar (o que na verdade não é correto), e me surpreendia cada vez mais.

Uma das jovens estava dizendo o quão tarde chegou de uma festa, enquanto a outra insistia em ressaltar o assunto anterior de que ela havia pegado o carro do namorado, e aprendido a dirigir. Essa última estava entre os 15 anos, e foi uma das que mais me chamou atenção, pois logo em seguida disse com um ar meio debochado e ao mesmo tempo um medo implícito em suas palavras: “Outro dia vimos um cara ser morto na nossa frente”... Isso me doeu o coração. Na hora senti como se fosse a culpada, mesmo sabendo que não.

Logo continuaram com outros assuntos, como se a morte do rapaz desconhecido fosse uma coisa corriqueira em suas vidas, Ao modo em que fui criada, isso seria uma coisa traumática para mim, e com isso pensei: Será que se essas jovens pudessem ter uma oportunidade de sair desse mundo, elas aceitariam seguir outro tipo de vida? Mas logo em seguida percebi que o brilho dos olhos delas ainda estava lá, mesmo que a tristeza dos olhos insistisse em aparecer de instante em instante, elas ainda riam, elas estavam bem daquele modo.

Na verdade elas eram bem mais fortes do que eu e o mundo vai as ensinando de pouco a pouco. A vida continua para elas assim como para mim. Infelizmente o ônibus já havia chego ao destino, quando fui arrancada de um mar de pensamentos por minha mãe. Apenas desejei sorte àquelas meninas que eu provavelmente nunca mais veria, e desci.