Resenha Crítica - Ensaio Sobre A Cegueira
Artigo: Resenha Crítica - Ensaio Sobre A Cegueira. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jessicaamaral • 8/6/2014 • 1.033 Palavras (5 Páginas) • 1.036 Visualizações
RESUMO
O livro “Ensaio Sobre a Cegueira” narra a história de uma repentina epidemia de cegueira, que se alastra rapidamente, atingindo todo um país, e foi chamada de mal branco (os infectados viam apenas um grande clarão). O primeiro a ser infectado foi um homem que estava parado no sinal vermelho e ao abrir ele já não via nada. Este homem foi levado para casa por outro, que acabou roubando seu carro e algumas horas depois também ficou cego. Outros foram ficando cegos ao longo do tempo: o oftalmologista que atendeu o primeiro cego, os pacientes que estavam na sala de espera do seu consultório, sua secretária, sua esposa, a esposa do primeiro cego; e assim a doença foi se espalhando. A única que não foi contaminada pelo mal branco foi a esposa do médico que passou a ser os olhos dos que não veem. Como forma de conter a doença até que a cura fosse encontrada, o governo decidiu isolar os doentes em um manicômio desativado. O livro retrata como os indivíduos reagiram diante de tal situação, o medo do desconhecido, o egoísmo e a solidariedade, os limites da humanidade dentro de cada um e a tentativa de manter a dignidade e o bom senso diante de condições tão desumanas.
RESENHA CRÍTICA
“Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. Saramago mostra quão equivocado é este ditado popular, num país onde todos ficaram cegos de repente, apenas uma mulher consegue ver, o que poderia ser tido como algo incrível acaba por ser a pior coisa que poderia acontecer a ela, como a própria personagem retratou: “não sou rainha, não, sou simplesmente a que nasceu para ver o horror”. Um livro que à primeira vista pode ser definido como fictício, mas que na verdade retrata o que há dentro de cada ser humano, os instintos “animalescos” presentes em cada um, o retrato de uma sociedade que fecha os olhos diante dos fatos mais absurdos, “cegos que, vendo, não veem”.
O descaso do governo e a falta de organização são também retratados. Logo que é verificado que a cegueira é contagiosa, os afetados são enviados para um manicômio, lá encontram um prédio sem as condições mínimas de sobrevivência: falta de água, quantidade de comida insuficiente, despreparo dos militares; o que acaba causando mortes sem motivos (como um dos cegos que havia machucado a perna e foi procurar por ajuda e acabou levando um tiro de um policial assustado), disputas por comida (sendo obrigados a se subordinarem a alguns com uma má índole que exigiram pagamentos em troca da comida e quando a riqueza material acabaram exigindo as mulheres) ou atitudes desesperadas (a mulher do médico matou o chefe da gangue que estava monopolizando a comida). Enfim, confinados naquele ambiente são comparados a animais, por suas atitudes e pelo ambiente em que vivem, mas na verdade há pessoas que vivem dessa forma no mundo “normal” só não são expostas por uma mídia que os retrata como números, indigentes, bandidos. Todo esse comportamento talvez já estivesse dentro de cada um ali, só esperando uma oportunidade para se manifestarem, é certo que muitos tiveram mudanças positivas, porém outros mostraram o que de pior havia dentro de si.
Mesmo diante de tal situação ainda havia alguns que se esforçavam para manter a sua dignidade. “Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente com animais”. Entre estes estavam os sete que continuaram juntos após o incêndio que causou a destruição do manicômio. Finalmente estavam livres, mas o que deveria ser a melhor coisa que poderia ter acontecido àqueles pobres coitados, acabou se tornando um pesadelo, a cidade era a ampliação daquele mundinho em que eles viviam, mas havia uma diferença, eles não sabiam onde estavam
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