Universo Paralelo

Universo paralelo

Resenha do filme: Edifício Master por Eduardo Coutinho (2002) – Vídeo Filmes

De antemão analisemos o que é Privado.

Privado é tudo aquilo que não é de domínio público; ou seja, pertence e/ou é utilizado por poucos. Uma ideia, espaço, construção ou propriedade que não pertence ao Governo, por assim dizer, pertence ao dono, individuo. Já que vivemos em um mundo capitalista que objetiva o princípio de igualdade e a autonomia da vontade, temos uma sociedade individualista, que tem os mesmos desejos e ímpetos, tornando-se “coletivista”.

A democracia em que vivemos acaba pregando a doutrina de que um indivíduo deve se sobressair a outro e como cordeirinhos, a sociedade segue esse rumo planejando o que já é esperado.

Ao chegar em casa o indivíduo despi sua máscara de trabalhador e vive como acha que deve viver. Os problemas da sociedade, a criminalidade e até a candidatura do novo presidente não afetam quando, esse indivíduo, chega em sua residência.

Sua casa é constituída pela paisagem cultural, e moldada, não somente pela dinâmica social, mas a partir de sua própria identidade, da bagagem histórica e pessoas conhecidas; revendo o velho e absorvendo o novo, fazendo com que coexistam no sincretismo.

Os guetos, como os americanos, surgem de um aglomerado de pessoas que compartilham e aceitam as crenças umas das outras, mantém hábitos semelhantes e que se relacionam de modo formal ou informal. Assim, se reduzirmos a amplitude podemos comparar um prédio residencial à um gueto, já que para se viver em comunidade tais “regras” devem ser seguidas, pois os que não as aderem se mudam do local.

Partindo desta visão, ao analisarmos o Edifício Master, tal constatação torna-se evidente. Por consequência do momento em que estão nas ruas, indivíduos seguem as regras da maioria, vivendo em um padrão, mas ao adentrarem seu lar, cada indivíduo procura o lhe faltou em seu dia. Casa é uma construção, mas lar é onde se encontra um refúgio para o stress do dia a dia, um lugar para descansar, dormir, comer, ou apenas onde nos sentimos bem para realizar nossos desejos e vivermos, já que cada apartamento é um microcosmo e reflete os anseios e necessidade de cada morador.

Seu morador, dependendo de sua herança cultural, idade e condição financeira, mobilha os mesmo ambientes de formas diferentes, pois todos são indivíduos, sendo assim, são distintos e vivem de formas diferentes em seus cômodos, se analisado separadamente, cada apartamento pertence a épocas diferentes, não podendo ser atribuído a um estilo, não podendo ser generalizado. Compreendendo suas relações com o exterior, entendemos a motivação envolvida na decoração e nos padrões de escolha, entendemos o por que morar e o por que estar no lar os tornam tão felizes.