A Carta De Maceio Completo
Trabalho Universitário: A Carta De Maceio Completo. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: cleoniceteodoro • 10/5/2014 • 937 Palavras (4 Páginas) • 493 Visualizações
CARTA DE MACEIÓ
SEGURIDADE SOCIAL PÚBLICA: É POSSÍVEL!
Os delegados reunidos no XXIX Encontro Nacional CFESS/CRESS, na cidade de
Maceió (AL), entre os dias 3 e 6 de setembro de 2000, representando o conjunto dos
assistentes sociais brasileiros, afiançam publicamente a importância da luta em defesa
da Seguridade Social pública no país.
Reafirmam, ainda, sua concepção de seguridade, entendida como um padrão de
proteção social de qualidade, com cobertura universal para as situações de risco,
vulnerabilidade ou danos dos cidadãos brasileiros. A Seguridade Social, assegurada
num plano legal, tem sido atropelada pelas reformas neoliberais que atentam contra o
aprofundamento da democracia e da cidadania na sociedade brasileira.
A defesa da Seguridade faz parte da agenda do Conjunto CFESS/CRESS, balizada no
projeto ético-político profissional do Serviço Social. Hoje, diante da investida do grande
capital especulativo, insistimos entre os segmentos dos trabalhadores que mantém a sua
defesa. É sabido que muitos abandonaram a luta e pragmaticamente aderiram à proposta
focalista e privatista em curso. Outros priorizaram a inserção e mobilização em torno
das políticas setoriais. Poucos mantiveram a perspectiva da seguridade social, a qual
vimos reforçar neste momento como parte de uma agenda estratégica da luta
democrática e popular no Brasil, visando a construção de uma sociedade justa e
igualitária. Por quê? Algumas razões nos parecem decisivas na reafirmação dessa
direção política. Vejamos:
• O conceito de seguridade social expresso na Constituição de 1988 foi um dos grandes
avanços no processo de redemocratização da sociedade brasileira desencadeado em fins
dos anos 70, que culminou na constituinte, ainda que tenha se mantido restrito à
previdência, saúde e assistência social.
• Com ele, deu-se passos no sentido de uma maior socialização da política, por meio dos
mecanismos de gestão e controle social com participação popular – Conselhos e
Conferências nos três níveis de governo. Assim, a implementação cotidiana das
políticas de seguridade politizou-se mais, tornando-se um ambiente relevante de disputa
de projetos societários.
• Apontou-se também para uma alocação mais democrática dos recursos públicos, a
partir do orçamento da seguridade social, na perspectiva de uma ampliação da
cobertura, tendo em vista a idéia da universalidade do acesso a direitos sociais
legalmente definidos. Portanto, a seguridade social é um espaço de disputa de recursos –
uma disputa política que expressa projetos societários, onde se movem os interesses das
maiorias, mas estão presentes as marcas históricas da cultura política autoritária no
Brasil, que se expressa pela pouca distinção entre público e privado, pelo clientelismo e
pelo patrimonialismo. O resultado desse embate tem forte impacto sobre uma parcela
enorme da população que conta com as políticas de seguridade para sua sobrevivência.
É de vida que se trata sob os números, e cada “tesourada” ou manutenção de recursos
interfere no cotidiano de milhares, milhões de pessoas.
• Portanto, a seguridade social é, sobretudo, um campo de luta e de formação de
consciências críticas em relação à desigualdade social no Brasil, deorganização dos trabalhadores. Um terreno de embate que requer competência teórica, política e técnica.
Que exige uma rigorosa análise crítica da correlação de forças entre classes e segmentos
de classe, que interferem nas decisões em cada conjuntura. Que força a construção de
proposições que se contraponham às reações das elites político-econômicas do país,
difusoras de uma responsabilização dos pobres pela sua condição, ideologia que
expressa uma verdadeira indisposição de abrir mão de suas taxas de lucro, de juros, de
sua renda da terra.
• Os assistentes sociais, pela sua inserção profissional histórica nas políticas sociais,
realizaram a crítica do assistencialismo, do clientelismo e da ausência de mecanismos
democráticos de controle social. Participaram da luta na constituinte, na definição da
legislação complementar das políticas de seguridade, com destaque para a assistência
social.
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