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A Criatividade E A Evolução

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Por:   •  23/2/2014  •  1.566 Palavras (7 Páginas)  •  332 Visualizações

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CRIATIVIDADE E EVOLUÇÃO

Quando René Descartes enunciou o seu célebre “penso, logo existo” fez como que recontextualizar Sócrates no divino conselho que obteve do Santuário de Delfos: “conhece-te a ti mesmo”. A criatividade com que brindaram a Humanidade estava embrenhada em fatores ínsitos à personalidade, na valoração do homem como ser que existe porque pensa, e quando pensa a si mesmo para conhecer-se estabelece um equilíbrio íntimo que o estrutura para uma Vida intensa e criativa, inovadora.

Fernando Cezar Teixeira Hottum

Matrícula 12114020225

Ciências Biológicas

Polo Três Rios, RJ.

Steve Jobs disse: “eu trocaria toda a minha tecnologia por uma tarde com Sócrates” (*). Penso que ele estava certo, porque a tecnologia não substitui a humanidade que existe em nós e que é, efetivamente, de onde nasce nossa potencialidade criativa e inovadora, e o ser humano é intenso na arte de inovar e de ser criativo.

A criatividade tem sido historicamente aplicada em situações de paz e em situações de

conflito. A segunda guerra mundial estabeleceu um progresso absurdamente grande nos cinco anos de sua trágica trajetória, em que o pensamento criativo do homem foi capaz dos maiores avanços na física, na mecânica, na

química, na aerodinâmica,em todas

as áreas que posteriormente a ela se envolveriam com as necessidades de avanço competitivo entre os países dos dois blocos político-econômicos que passaram a exercer o seu predomínio no longo período da guerra fria.

O sociólogo italiano Domenico De Masi, em seu livro o Ócio Criativo, referencia o fato de ser um privilegiado, pois é um dos europeus que está faz mais de 60 anos vivendo numa Europa sem guerras - o que é raro, pois a Europa não conta períodos tão extensos sem conflitos - que pôde ser alfabetizado, num mundo em que a minoria é, e a sua proposição de ócio criativo tem a ver com uma experiência que representa a inserção do homem num ambiente em que sejam copartícipes o aprendizado, o trabalho e o prazer. Se estou aprendendo, estou realizando interações de prazer, de trabalho e de criatividade concomitantemente, essa a sua proposta para uma sociedade feliz, diferente do que se consolidou no conservadorismo Universitário, ou profissional, ou de lazer, que funcionam compartimentalizada-mente, sem interatividade. Ken Robinson, em sua palestra, conceitua a criatividade como sendo “o processo de ter ideias originais que possuam valor e manifestam-se através da interação de diferentes formas disciplinares de ver as coisas”, e fala da estagnação dos processos educacionais que não privilegiam a criatividade, mas formatam um processo linear, sem plasticidade, pois é um modelo que foi construído para atender à demanda da industrialização. Hoje, segundo ele na palestra, este modelo está ruindo sob nossos pés, pois as pessoas vão precisando buscar cada vez mais longe seus títulos, diplomas, mestrados...sem uma ressignificação dos valores que se busca alcançar.

Vemos no modelo Educacional gabaritos engessados, a partir dos quais os educadores são treinados para aplicá-los rígida e engessadamente, sem capacitação para uma avaliação das potencialidades demonstradas nas entrelinhas dos trabalhos e respostas dos educandos.

Sugere Von Foerster ( VON FOERSTER,H., Visão e conhecimento):

“(…) já que nosso sistema educacional é concebido para gerar cidadãos previsíveis, ele objetiva amputar aqueles indesejados estados internos que geram imprevisibilidade e novidade. Isso é demonstrado de modo incontestável por nosso método de verificação, o exame, durante o qual só se fazem perguntas das quais já conhecemos (ou já está definida) a resposta, que o estudante deve decorar. Essas perguntas, eu as chamarei de ‘perguntas ilegítimas’. Não seria fascinante pensar um sistema educacional voltado à desbanalização dos estudantes, ensinando-lhes a fazer ‘perguntas legítimas’, perguntas cuja resposta não se conhece? “

Um exemplo de criatividade no campo educacional nos chegou através de uma reportagem contida na página 14 do jornal Le Monde Diplomatique Brasil, nº 55, de fevereiro de 2012. A reportagem fala de um sistema educacional que foi implantado pelo governo do México: as tele escolas. Diz um trecho da reportagem: “Como em todas as tele escolas, os cursos duram apenas meio período. Então, para melhorar o nível dos alunos, os professores organizam atividades extracurriculares. Sem nenhum meio de operação, eles escolheram abrandar o recuo do Estado por meio do... voluntariado. Recorrendo à poesia e ao teatro, trabalham para manter as crianças na escola por mais tempo. Assim, a instituição obtém bons resultados no exame Enlace.” E mais: “Enquanto os cartéis de drogas controlam regiões inteiras do país, o enfraquecimento do Estado Mexicano preocupa até mesmo o governo dos Estados Unidos. O fenômeno pode ser observado também na educação, em que a defesa de estratégias tecnológicas para “reduzir custos” está longe de ser convincente.” Bom, o que deduzimos da reportagem, facilmente, é uma estratégia montada para uma redução no custo com educação, fechando escolas, reduzindo o número de professores, que passam a ser somente tutores dos cursos enlatados que já vêm prontos via parabólicas. Os professores somente entram em cena quando o sinal cai ou para fazer breves fechos na temática. Quanta criatividade ! Perniciosa, entretanto, a criatividade demonstrada pelos implantadores do processo visando a economia de recursos, esplendida a demonstrada pelos professores criando atividades extras para suprir os alunos, voluntariamente.

Pilar Lacerda,

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