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A ILUSÃO DO CRESCIMENTO

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Por:   •  8/10/2013  •  Artigo  •  716 Palavras (3 Páginas)  •  288 Visualizações

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A ILUSÃO DO CRESCIMENTO

Henrique Rattnnez

Os jornais noticiaram com destaque a previsão do ministro Kandir segundo a qual a taxa de crescimento do PIB do Brasil deve alcançar 5% em 1997. Espanta o grau de mistificação usado pelos formuladores da política econômica, ao induzir a população a acreditar na solução de seus problemas, a partir de um indicador estatístico manipulado. Questionamos as premissas desse indicador e postulamos que os principais indicadores que instruem a política econômica são obsoletos, exigindo uma redefinição urgente. A doutrina convencional afirma que o crescimento da taxa do PIB (Produto Interno Bruto) seria sinônimo de progresso e bem-estar. A realidade contradiz o discurso otimista do governo e da academia. O PIB reflete somente uma parcela da realidade, distorcida pelos economistas - a parte envolvida em transações monetárias. Funções econômicas desenvolvidas nos lares e atividades de voluntários acabam sendo ignoradas e excluídas da contabilidade. Em conseqüência, a taxa do PIB não somente oculta a crise da estrutura social, mas também a destruição do habitat natural - base da economia e da própria vida humana. Paradoxalmente, efeitos desastrosos são contabilizados como ganhos econômicos. Crescimento pode conter em seu bojo os sintomas de anomia social.

A onda de crimes nas áreas metropolitanas impulsiona uma próspera indústria de proteção e segurança, que fatura bilhões. Seqüestros e assaltos a bancos atuam como poderosos estimulantes dos negócios das companhias de seguro, aumentando o PIB. Algo semelhante ocorre com o ecossistema natural. Quanto mais degradados são os recursos naturais, maior o crescimento do PIB, contrariando princípios básicos da contabilidade, ao considerar o produto da depredação como renda corrente. O caso da poluição ilustra ainda melhor essa contradição, aparecendo duas vezes como ganho: primeiro, quando produzida pelas siderúrgicas ou petroquímicas e, novamente, quando se gasta fortunas para limpar os dejetos tóxicos. Outros custos da degradação ambiental, como gastos com médicos e medicamentos, também aparecem como crescimento do PIB. A contabilidade do PIB ignora a distribuição da renda, ao apresentar os lucros enormes auferidos no topo da pirâmide social como ganhos coletivos. Tempo de lazer e de convívio com a família são considerados como a água e o ar, sem valor monetário. O excesso de consumo de alimentos e os tratamentos por dietas, cirurgias plásticas, cardiovasculares etc. são outros exemplos da contabilidade no mínimo bizarra, sem falar dos bilhões gastos com tranqüilizantes e tratamentos psicológicos. Seria demais exigir do governo que explicite melhor a qualidade do crescimento, seus custos e retornos, ou seja, "crescimento de quê e para quem?"... O mito do PIB melhor pode ser observado nos países em desenvolvimento, assim definidos com base no próprio PIB. A industrialização do "milagre" brasileiro desarticulou as economias rural e doméstica, resultando em migrações, empobrecimento e sofrimentos de vastos contingentes populacionais. Estudo do World Resource Institute, de Washington, sobre o crescimento "milagroso" da Indonésia, revelou seu caráter ilusório e depredador. Devastando florestas, exaurindo solos e riquezas minerais não-renováveis, alimentou

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