A Inovação Guiada Pelo Design
Dissertações: A Inovação Guiada Pelo Design. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: renatocatita • 8/3/2014 • 2.689 Palavras (11 Páginas) • 482 Visualizações
A Inovação Guiada pelo Design por Lia Alcântara Rodrigues
Roberto Verganti iniciou nos anos 1990 uma pesquisa sobre
práticas de inovação bem sucedidas em empresas italianas como
a Alessi, Artemide e Kartell (VERGANTI, 2009). Esta pesquisa
adiciona um novo ponto a linha do tempo que demonstra o foco do
design ao passar das décadas (Veja Figura 01). Com a Revolução
Industrial, temos prioritariamente o foco na produção. A mudança
dos meios de produção, a adaptação da força de trabalho humana
às máquinas e a possibilidade de produção em massa e,
consequentemente, o aumento vultuoso dos lucros, nortearam as
práticas adotadas no início do século XX. Com o desenvolvimento
tecnológico, passou-se a questionar o valor estético dos produtos
industriais e as mudanças passaram a ser superficiais, na “casca”
dos produtos. Nos anos 1980, as empresas passaram a
considerar a qualidade uma prioridade e adotaram os princípios
da qualidade total. Surgiram os selos de qualidade, os sistemas
de standartização de produtos e processos, os ISOs, e, naquele
momento, apresentar estes selos de qualidade era um diferencial
para as empresas que conseguiam obtê-los. Duas décadas
depois, a qualidade tornou-se uma obrigação e não mais um
diferencial estratégico. Os olhares voltaram-se então para o
usuário. O que o usuário pensa e faz, quais são suas
necessidades e, principalmente, o que ele deseja (CARDOSO,
2004). Entretanto, a observação atenta das necessidades e
exigências do usuário não questiona significados existentes e sim
os reforça cada vez mais, não propondo nada de realmente novo.
Figura 01: Linha do tempo do design
Verganti (2009) aponta que estas questões não são
obsoletas, todas elas continuam sendo parte importante do
processo projetual. Não se pode lançar um novo produto ou
serviço sem pensar na cadeia de produção, na estética, na
qualidade ou nas necessidades do usuário. Estes requisitos, no
entanto, tornaram-se commodities, não são mais vistos como
diferenciais competitivos. E onde estão este diferenciais?
Entre os possíveis caminhos, destaca-se uma estratégia
considerada de risco alto, porém com grandes possibilidades de
retorno a curto prazo – a inovação radical. A base para esta
estratégia não é nova. Philip Kotler já cita a inovação ao
apresentar os níveis de produto no livro ‘Administração de
Marketing’ de 1967:
- benefício central;
- produto genérico;
- produto esperado;
- produto ampliado (espaço da inovação incremental);
- produto potencial (tudo aquilo aquilo que o produto ainda
não é – espaço da inovação radical)” (ARRYM FILHO,
2012).
Peter Drucker, pioneiro da administração, lança o livro
‘Inovação e Espírito Empreendedor’ nos anos 1980, onde define
inovação como “uma disciplina que pode ser ensinada e
aprendida”. No livro, a inovação é abordada metodicamente,
pautada pela identificação de oportunidades e a busca organizada
por mudanças.
O autor afirma que estas mudanças possuem fontes internas
(quando são visíveis dentro da empresa ou setor de atuação) e
fontes externas, que ele identifica como:
- dados demográficos;
- mudança de percepção, ânimo e significado;
- novos conhecimentos, científicos e não-científicos.
Estas fontes de inovação não tem limites bem definidos,
havendo áreas de sombreamento entre elas. Drucker propõe uma
lista de princípios de inovação, endereçada a empreendedores e
dividida em “faça” e “não faça”. Entre os itens da lista “faça”,
destaca-se a análise de oportunidades, a premissa de manter o
foco e a recomendação de perguntar, ouvir, buscar respostas fora
da empresa (HELLER, 2000). Esta última recomendação, em
especial, está presente na teoria de Verganti, na busca por
intérpretes-chave, que será explicada adiante.
Atualmente, os estudos na área de inovação têm focado em
duas estratégias: grandes avanços no desempenho dos produtos
devido aos saltos tecnológicos, e melhorias nos produtos
baseadas em análise das necessidades dos usuários. O primeiro
refere-se a inovação radical direcionada a tecnologia e o último a
inovação incremental direcionada ao mercado (VERGANTI, 2009).
Verganti
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