A Justiça

A Justiça a última das quatro virtudes cardeais. Da justiça, aliás, não nos podemos isentar, é sem dúvida a única que é absolutamente

boa. A prudência, a temperança ou a coragem só são virtudes a serviço do bem, ou relativamente a valores – por exemplo, a justiça – que as superam ou as motivam. “A justiça não existe”, “A justiça existirá se a fizermos. Eis o problema humano”, dizia Alain.

A Justiça ela é o horizonte de todas e a lei de sua coexistência. “Virtude completa”, dizia Aristóteles. Todo valor a supõe; toda humanidade a requer. Não é, porém, que ela faça às vezes da felicidade; mas nenhuma felicidade a dispensa.

A justiça se diz em dois sentidos: como conformidade ao direito e como igualdade ou proporção, a criança julga injusto ter menos do que lhe julga caber, os adultos julgarão injustas tanto a diferença demasiado gritante das riquezas é nesse sentido, sobretudo que se fala de justiça social quanto a transgressão da lei que a justiça, isto é, no caso, a instituição judiciária, terá de conhecer e julgar. O justo, inversamente, será aquele que não viola nem a lei nem os interesses legítimos de outrem, nem o direito em geral nem os direitos dos particulares, em suma, aquele que só fica com a sua parte dos bens e com toda a sua parte dos males. O justo é o que é conforme a lei e o que respeita a igualdade, e o injusto o que é contrário à lei e o que falta com a igualdade. 52

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