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A Meia Dose, Meia Cura

Por:   •  13/11/2022  •  Artigo  •  536 Palavras (3 Páginas)  •  98 Visualizações

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        Meia Dose, Meia Cura        

MEIA DOSE, MEIA CURA

“Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade”

Oswaldo Montenegro

Não sou muito de confiar nos outros. A origem disso deve remontar a minha infância e adolescência e, certamente, teve uma grande contribuição pelo fato deu ser aviador da Força Aérea Brasileira e ter vivido na aviação de combate os 6 primeiros anos, após formado, da minha vida de aviador.

Independente de onde tenha sido a origem dessa característica, o fato é que confio em muito poucas coisas. Uma coisa que certamente confio é em mim. Neste eu confio, embora não cegamente. Nos demais, posso dizer que tento, mas não consigo.

Não me orgulho disso nem recomendo ou incentivo que qualquer outro siga meus passos ou assim seja. É ruim e dá muito trabalho viver dessa maneira, nesta eterna incerteza, mas é assim que sou e me aceito até porque já estou com 71 anos e, embora não seja tarde para mudar, não acredito que vá fazê-lo.

Uma das profissões que menos confio, mesmo não tendo nada contra ela, é a dos médicos. Desconfio sempre das recomendações médicas, embora quase sempre as sigas. Desconfio delas porque as consequências de orientações mal dadas quer por desconhecimento, negligência, afoiteza, etc., sempre recairá sobre a minha pessoa, o meu corpo, minha vida.

Não gosto de tomar remédios. Jamais gostei e fiz pouco uso deles ao longo da vida. Dizia, até os meus 65 anos, que o único remédio que eu tomava era uma garrafa ─KS─ de Coca-Cola em temperatura ambiente com a precípua finalidade de curar minha única ressaca anual, mesmo bebendo quase todos os santos e não santos dias.

Após os 65 anos a coisa degringolou e num curto espaço de tempo ─gosto muito desta frase, “espaço de tempo”, pois ela me lembra Albert Einstein com a sua Teoria Geral da Relatividade e o seu maravilhoso conceito de espaço-tempo─ passei a ter que tomar vários remédios, muitos dos quais eu discordava, mas não tive coragem suficiente ─e conhecimento também─ para desobedecer.

Como, no entanto, me preservei ao longo de toda vida não tomando remédio, desenvolvi o conceito que quando tivesse que tomá-los ─caso da atualidade─ poderia fazê-lo não em doses “cavalares” ou normais conforme receitado para qualquer um e sim nas doses que eu próprio me recomendaria. É assim que me comporto hoje.

Esse comportamento é o de tomar, quando possível ─e quase sempre é possível, ao menos para mim─ sempre metade das doses recomendadas por aqueles em quem, infelizmente, não confio, ou seja, meus médicos.

Torço para que tal comportamento não me traga problemas e até hoje não houve, embora saiba que alguns remédios, se não tomado nas doses corretas, seu efeito é nulo ou pouco eficaz.

Sabedor desse meu comportamento, quando conversamos sobre esse assunto, um colega meu sempre me diz: “tudo bem, você pode tomar apenas meia-dose, mas saiba que ficará apenas meio curado”. Meia dose. Meia Cura.

Assim vou tocando em frente, até hoje, quase sempre tomando apenas meia-dose. Felizmente, ainda, ficando 100% curado, contrariando a previsão ou desejo desse meu amigo.

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