A Sociedade Em Rede
Dissertações: A Sociedade Em Rede. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Pmsantos • 31/3/2014 • 3.035 Palavras (13 Páginas) • 468 Visualizações
A SOCIEDADE EM REDE
A empresa em rede: a cultura, as instituições e as organizações da economia informacional
Castells elenca duas importantes características da nova economia: global e informacional. É global por que o âmbito de abrangência comercial deixou de ser uma localidade, um país, e passou a buscar novos horizontes, agora globais. Uma rede de conexões entre agentes econômicos possibilita tal atividade, cujo constante desenvolver impulsiona as empresas à excelência em termos de lucratividade. E é informacional por que sua competitividade e produtividade são fatores de importância existencial para o agente econômico. Saber quantos segundos leva para ser montada uma bobina de um transformador, e quantos minutos leva a manufatura de um carro completo é informação chave para impulsionar aumentos de produtividade e, conseqüentemente, competitividade.
A economia sempre foi informativa, porém adquiriu características de informacionalidade, fomentada pela revolução aqui tratada. Reconhece, assim, Manuel Castells:
“Sem dúvida, informação e conhecimentos sempre foram elementos cruciais no crescimento da economia, e a evolução da tecnologia determinou em grande parte a capacidade produtiva da sociedade e os padrões de vida, bem como formas sociais de organização econômica. (...) A emergência de um novo paradigma tecnológico organizado em torno de novas tecnologias da informação, mais flexíveis e poderosas, possibilita que a própria informação se torne o produto do processo produtivo.”
Ou seja, os produtos das novas indústrias de tecnologia de informação são dispositivos de processamento da informação ou o próprio processamento da informação. Assim, a informação em si, acaba por ser produto.
A tecnologia, principalmente através das preocupações organizacional e gerencial, induz o desenvolvimento econômico de empresas, países e sociedades. Dessa forma, a transformação científica e econômica possui forte conexão política e social.
Considera o autor que há um elemento adicional e decisivo que não pode ser relegado o segundo plano: o Estado. De fato, com a internacionalização da economia, evidencia-se maior envolvimento estatal no cotidiano econômico. Há íntima ligação entre os destinos da concorrência internacional e interesses políticos. Na verdade não há como separar tais fatos. Por isso Castells afirma que “a nova forma de intervenção estatal na economia une, em uma estratégica explícita, a competitividade, a produtividade e a tecnologia”.
As práticas mercantilistas reconfiguram-se, reconstroem-se de forma a disfarçar os propósitos protecionistas. Como descreve Castells:
“O novo Estado desenvolvimentista apóia o desenvolvimento tecnológico das indústrias do país e de sua infra-estrutura de produção como forma de promover a produtividade e ajudar “suas” empresas a competir no mercado mundial. Simultaneamente, alguns governos restringem ao máximo a penetração da concorrência externa em seus mercados, portanto criando uma vantagem competitiva para setores específicos em fase de crescimento”
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O estágio de globalização econômica atinge o ápice com a formação dos grandes blocos. A priori, formados com intenções desenvolvimentistas que passam a afetar a realidade social humana em seu cotidiano. A posteriori, desvelam importante objeto de estudo aos juristas europeus: um direito constitucional global.
De todo o estudo empreendido por Manuel Castells, a conclusão obtida mostra-se ampla e abrangente. Assim Castells enuncia que “redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura”.
Isso não significa que a sociedade nunca se estruturou em rede, a novidade fica por conta das tecnologias de informação, que deram caráter de penetrabilidade ao advento da rede, em todos os setores da vida social.
Dessa forma, o sociólogo espanhol define rede:
“Rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é um ponto no qual uma curva se entrecorta. Concretamente, o que um nó é depende do tipo de redes concretas de que falamos. São mercados de bolsas de valores e suas centrais de serviços auxiliares avançados na rede dos fluxos financeiros globais. São conselhos nacionais de ministros e comissários europeus da rede política que governa a União Européia. São campos de coca e papoula, laboratórios clandestinos, pistas de aterrissagem secretas, gangues de rua e instituições financeiras para lavagem de dinheiro, na rede de tráfico de drogas que invade as economias, sociedades e Estados do mundo inteiro. São sistemas de televisão, estúdios de entretenimento, meios de computação gráfica, equipes para cobertura jornalística e equipamentos móveis gerando, transmitindo e recebendo sinais na rede global da nova mídia no âmago da expressão cultural e da opinião pública, na era da informação.”
Do exposto por Manuel Castells, verifica-se que o objeto criador dos fluxos da rede não é o importante. O essencial é o mecanismo de conexão, justamente o fluxo, entre os nós e entre os entes externos àquela rede. Lembra que a informacionalismo “leva à concentração e globalização do capital exatamente pelo emprego do poder descentralizador das redes”.
Se o informacionalismo concentra, como as redes descentralizam? Como os agentes manipuladores dos fluxos, munidos da tecnologia informacional, passam a manter esse novo poder, este controle informacional, podem, através da concentração, ditar os rumos e limites dos fluxos, sua intensidade e profundidade. Assim, o informacionalismo concentra. Porém, as redes sugerem (hoje forçam) uma descentralização do processo, visando uma participação dinâmica e fluída ao processo de produção capitalista. De qualquer forma, a rede opera de uma forma democrática, difusora de poder, repartidora de conteúdos e know-how capazes de compartilhar a possibilidade de produção.
Por fim, Castells procura tratar da cultura, que como as outras áreas humanas sofre profunda transformação. Abandonando-se os padrões geográficos e históricos, passa à cultura a ser mediada pela rede de comunicação eletrônica, que interagindo entre os produtores de cultura, reproduz-se, reformula-se e apresenta-se sempre nova. O próprio poder passa a ser exercido de forma diferente, recepcionando os novos padrões produzidos pela grande mídia.
Justamente o poder respeita uma rede própria de
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