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A era dos dispositivos móveis digitais

Por:   •  13/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.493 Palavras (14 Páginas)  •  295 Visualizações

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A era dos dispositivos móveis digitais

Isa Neves

Para Lemos (2002), o desenvolvimento tecnológico passou por três grandes fases: a) Fase da indiferença, que vai até a Idade Média; b) Fase do conforto, que equivale à modernidade; c) Fase da ubiquidade ou pós-modernidade. A primeira fase, indiferença, é marcada pela mistura entre arte, mito, religião e ciência. Os processos técnicos são percebidos com impassibilidade, frieza. A segunda fase, conforto, desenvolve-se quando a razão se torna independente da teologia cristã e a sociedade experimenta a vinculação da ciência e do progresso. Por fim, a fase da ubiquidade, caracterizada pelo uso das tecnologias digitais, miniaturização dos equipamentos e interligação das redes de comunicação, acessíveis em diversos lugares. Propicia a comunicação ubíqua que ocorre em toda a parte, gerando a sensação de estar sempre onipresente, devido à possibilidade de estar conectado a vários espaços, simultaneamente, com um mínimo de deslocamento físico.  

Na última década, temos presenciado uma verdadeira revolução da tela pequena. A interação com dispositivos móveis digitais tem crescido, exponencialmente, em vários setores da sociedade como no âmbito do trabalho, da família, das instituições educacionais, etc. Isso se deve ao fato de, em um único aparelho, ser possível encontrar vários recursos integrados, como por exemplo:  telas sensíveis ao toque (display touch-screen), câmera fotográfica (frontais e posteriores), filmadora, gravador de áudio e vídeo, relógio, despertador, calendário, calculadora, rádio FM, arquivo de música, jogos digitais, TV, recordatório, Sistema de Posicionamento Global (GPS), dentre outros. Essa convergência de tecnologias em um único dispositivo faz dos aparelhos móveis um verdadeiro canivete suíço, com forte proeminência no mercado tecnológico contemporâneo.

Vale destacar que as principais empresas que produzem DMD, atualmente, são: BlackBerry, Apple, Nokia, Samsung, Sony-Ericsson, Microsoft, Motorola, HTC, Dell, dentre outras. De modo geral, os sistemas operacionais utilizados são Android, iOS, Symbian OS, Windows Phone, etc.

Os DMD são verdadeiros dispositivos híbridos de conexão multiredes (LEMOS, 2005), com capacidade de se conectar  à internet, tanto por meio de redes de telefonia (3G ou 4G), como por conexão em rede sem fio (Wi-fi, Wi-max e Bluetooth); realizar e recepcionar chamada de voz; elaborar, enviar e receber mensagens de texto (SMS) ou mensagem multimídia (MMS); acessar e-mail e redes sociais; criar documentos de texto, planilhas de dados, e apresentações em slide; baixar arquivos e aplicativos (apps); conectar a redes de satélites por meio do Sistema de Posicionamento Global (GPS); visualizar imagem e vídeos 3D, personalizar conteúdos, dentre outras coisas. Assim, os DMD além de possibilitar o consumo, ampliam a capacidade de produção e distribuição de informações, reconfigurando as práticas sociais.

 A criação dos telefones móveis não é algo recente, apesar da crescente popularização nos últimos anos no Brasil. De acordo com Basterretche (2007), sua gênese ocorreu no início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) quando era necessário um meio de comunicação capaz de estabelecer o contato à distância entre os militares. De acordo com Dias et al (2002) o telefone celular chegou a rincões do Brasil, algumas vezes, antes mesmo que as populações locais dispusessem de água encanada ou saneamento básico. A partir da década de 50 e 60, essa tecnologia foi aproveitada para a criação de vários equipamentos de rádiocomunicação a distância, como os walkie-talkies.

Esse período marca o começo da evolução dos dispositivos móveis que se conhece atualmente. Em 1973, surge a primeira geração (1G) de dispositivos móveis que funcionavam de maneira analógica, utilizando-se apenas a transmissão de voz. A segunda geração (2G) é iniciada com a mudança da telefonia analógica para a digital, que permitiu a melhoria das chamadas e a integração de outros serviços adicionais ao de voz, como a mensagem curta. Os primeiros celulares, com tela LCD a cor surgiram em 2001 e revolucionaram o setor da telefonia móvel, pois abriram espaço para inúmeras possibilidades de adaptação de novas funções, tais como câmera fotográfica digital, gravador de vídeo, mensagem de vídeo instantânea, jogos 3D, MP3, videoconferência, suporte para internet, etc.

Todos esses novos serviços integrados deram lugar à denominada terceira geração (3G), que possibilitou o aumento da velocidade de transmissão melhorada, menos interferência, cobertura em âmbito mundial, comunicação sem interrupção mesmo em movimento, sistema de comunicação inalâmbrico (Wap, Bluetooth, etc) que permite a transmissão de dados com qualquer tipo de dispositivo.

Importante mencionar que a cultura acaba influenciando bastante a maneira como os DMD serão integrados na sociedade. Justamente por esse motivo, as interações com os DMD caminham por direções diferenciadas em diversos países, levando em consideração os aspectos socioculturais como gênero, idade, condições financeiras, raça, localização geográfica, etc.

Santaella (2010) destaca que as tecnologias móveis possuem um extenso campo de operações ambivalentes que merecem atenção. Num extremo, podem ser utilizadas para a vigilância ubíqua, o rastreamento e o controle governamental. Num outro extremo, pode ser usada para praticar a liberdade participativa, o entretenimento, etc. Os dados registrados pelos DMD podem ser rastreados, comparados, analisados e mapeados de modo cada vez mais rápido e preciso por empresas privadas e agências estatais. Por outro lado, tais dispositivos também potencializam a vigilância por indivíduo comum, haja vista que a disseminação de câmeras nos dispositivos móveis permite o registro de acontecimentos in locus ou até de momentos de privacidade.

Do ponto de vista de Santaella (2013), trata-se de metadispositivos que resultam da junção da computação móvel, que possibilita a movimentação física humana junto com serviços computacionais; da computação pervasiva, que propicia o computador estar no ambiente de forma invisível para o usuário; e da computação ubíqua, que viabiliza a comunicação a qualquer hora e em qualquer lugar.

                Assim, os DMD tornaram-se um “teletudo” miniaturizado com potencial e características equivalentes a um computador desktop, por meio dos quais pode-se falar, ver TV, pagar contas, interagir com outras pessoas por SMS, tirar fotos, ouvir música, pagar o estacionamento, comprar tickets para o cinema, entrar em uma festa e até organizar mobilizações políticas e/ou hedonistas (caso das smart e flash mobs) (LEMOS, 2005, p. 6). Tudo isso é possível devido à mobilidade, à ubiquidade, à portabilidade, à interatividade e à conectividade que esses dispositivos propiciam ao usuário, simultaneamente.

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