AD1 2014 História Da Matemática - UNISUL

OBRA CONSULTADA:

TÍTULO: Cálculo, volume 1

EDIÇÃO: 12ª edição

AUTOR: George B. Thomas

ANO: 2013

EDITORA: Person

CAPÍULO ANALISADO: 2. Limites e Continuidade.

ANÁLISE DA OBRA:

Na década de 1980, durante um Workshop sobre a História da Educação Matemática ocorrido em Toronto (Canadá) houve um marco referencial do reavivamento de interesses em tornos das questões históricas relativas à Matemática, seu ensino e à sua aprendizagem. No Brasil, o movimento tem se intensificado a partir do III Seminário Nacional de História da Matemática promovido pela Sociedade Brasileira de História da Matemática (SBHMat) em 1999 na cidade de Vitória (ES). (MIGUEL; MIORIM, 2013)

Dentro desse contexto notamos que abordagem da história da matemática nos livros didáticos vem sofrendo modificações ao longo de décadas. Em 1931, o então ministro da educação e saúde, Francisco Campos, instituíra a história da Matemática como recurso pedagógico no ensino secundário através do movimento Escola Nova. As obras passavam a conter textos históricos nos finais de capítulos, no fechamento do conteúdo trabalhado, nas notas de rodapés, em citações e curiosidade da matemática egípcia e grega, como também a apresentação da vida e obra de grandes matemáticos. (SANTOS, 2013)

Muito embora essa tenha sido a prática prévia, os parâmetros curriculares nacionais no ensino da matemática, definidos pela Secretaria de Educação Fundamental em 1998, estabelece um recente direcionamento que diz:

[...] não deve ser entendida simplesmente que o professor deva situar no tempo e no espaço cada item do programa de Matemática ou contar sempre em suas aulas trechos da história da Matemática, mas que a encare como um recurso didático com muitas possibilidades para desenvolver diversos conceitos, sem reduzi-la a fatos, datas e nomes a serem memorizados (BRASIL, 1998).

Acredito que essa perspectiva deva ser também ampliada ao Ensino Superior em Matemática, nos cursos de Bacharelado e Licenciatura, haja visto serem esses os espaços responsáveis pela formação dos professores que lecionarão a disciplina em cursos do ensino fundamental, médio e superior.

Com essas informações em mente conduzimos a análise do capítulo 2, intitulado Limites e Continuidade, do livro Cálculo, volume 1 do autor George B. Thomas. Nota-se que na obra é feita a aplicação histórica da matemática para abrir o tema do capítulo, onde se lê: “Os matemáticos do século XVII tinham um profundo interesse nos estudos do movimento com relação a objetos na Terra ou próximos a ela e nos estudos dos movimentos de planetas e estrelas [...]”; como também para ilustrar o subitem Velocidade média e instantânea, onde lemos: “No final do século XVI, Galileu descobriu que um objeto sólido que entra em quadra a partir do repouso (que não está em movimento) próximo à superfície da Terra e é deixado cair livremente cairá uma distância proporcional ao quadrado do tempo em que estiver caindo. Esse tipo de movimento é chamado de queda livre.”; e através de nota de citação na lateral da página que encaminha o leitor para uma biografia história de Galileu Galilei na página digital da Editora.

Portanto, o autor apenas nos expõe a informação e citação histórica do tema, como foi salientado nos trechos supracitados, sem apresentar o conteúdo com suas conjecturas, tentativas, erros e acertos, impedindo, dessa forma, que o leitor trace os caminhos que culminaram na produção daquele conhecimento.

Parece, enfim, que a postura desse autor se assemelha àqueles da Escola Nova, onde os textos históricos eram apenas citados no interior da obra com o anseio de que o aluno, a partir disso e por si só, buscasse os conhecimentos matemáticos e, a partir daí, despertasse o interesse espontâneo pela disciplina.

Essa visão parece compartilhada por alguns colegas do fórum: A história da Matemática nos livros didáticos hospedado no ambiente virtual da disciplina: História da Matemática (EVA/UNISUL),