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ATRÁS DAS NOÇÕES DE MEIO AMBIENTE E DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: QUESTIONANDO ALGUMAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Por:   •  13/9/2016  •  Resenha  •  3.862 Palavras (16 Páginas)  •  658 Visualizações

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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Pato Branco

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional

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Disciplina: Sociedade e Natureza

Prof. Dr. Hieda Maria Pagliosa Corona

Nov. 2013

KELI STARCK

ATRÁS DAS NOÇÕES DE MEIO AMBIENTE E DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: QUESTIONANDO ALGUMAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

RAYNAUT, C. Atrás das noções de meio ambiente e desenvolvimento sustentável: questionando representações sociais. Conferência ministrada no Curso de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento/UFPR, março 2006, mimeo.

Sobre o autor Claude Raynaut

Doutor em Antropologia, doutor Honoris Causa da UFPR, professor da Universidade de Bordeaux II, pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique – França e professor convidado do Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR.

Ficha de leitura

  • Século 19: exploração dos recursos do nosso globo foi marcada:
  • Pela convicção de seu caráter inesgotável e,
  • Por uma fé sem falha nos progressos da ciência e da técnica.

Nesta época, o levantamento dos recursos existentes demonstrou que se poderia aumentar progressivamente a produção e garantir o bem estar, a saúde e a satisfação de desejos.

Europeus: tinham a visão de um progresso se limites, mas logo perceberam que os recursos disponíveis em seus países eram insuficientes para a demanda, assim iniciaram a conquista de novos espaços, a colonização e a dominação de novos povos para fornecer-lhe matérias primas e fontes de energia para sua indústria.

Movimento de conquista territorial e de crescimento econômico e industrial apelava para alguns princípios morais para dar legitimidade a seus empreendimentos:

  • Já que os recursos dos territórios conquistados estavam muito pouco explorados pelos povos que moravam lá, considerou-se legitima a “valorização” do que estava considerado então como um “patrimônio comum” livremente explorável por aqueles que tinham a capacidade de utilizá-lo.
  • Por não valorizarem as riquezas no seu entorno, os que moravam naqueles territórios evidenciavam seu “atraso” mental, cultural e social. Era então legitimo que fossem submetidos à dominação dos povos mais “avançados”.
  • Colonizadores pretendiam colocar os povos dominados sobre o caminho do progresso, permitindo-lhes receberem a influência civilizadora dos seus donos, bem como beneficiarem os efeitos imediatos da valorização dos recursos que eles não sabiam explorar.

Movimento de expansão:

  • Séculos 15 e 16: primeiras conquistas que possibilitaram os avanços das técnicas de navegação.
  • Afetaram os novos territórios do continente americano.
  • Acelerou-se e ampliou-se durante os séculos seguintes (graças a inumeráveis explorações marítimas).
  • Conquistas territoriais da Inglaterra, da França, da Holanda ameaçaram à supremacia inicial da Espanha e do Portugal:
  • Durante o século 19, França e Inglaterra chegaram a dominar, direita ou indiretamente, a maior parte de África e de Ásia.

Matérias primas oriundas do mundo inteiro abasteciam as indústrias europeias e norte-americanas.

  • Povos colonizados: constituíam um mercado potencial de consumidores para os produtos manufaturados e sua demanda de mercadoria contribuía ao amparo do dinamismo da produção industrial dos países dominantes.
  • Movimento histórico de dominação de um “centro” de tamanho reduzido sobre uma ampla periferia iniciou-se alguns séculos atrás, a partir do século 19, tornando-se um dos principais fatores do crescimento da produção nos países industriais.

Relações de nossas sociedades contemporâneas com os recursos “naturais”:

  • A expansão territorial se ampliou ate abranger o mundo inteiro
  • Principal consequência: dar às economias industriais acesso a novas e amplas fontes de abastecimento em matérias primas e energia.
  • Ideia de um estoque inesgotável de recursos para o crescimento sem limites da produção, do consumo e para o melhoramento contínuo das condições de vida nos países dominantes.

A partir dos meados do século 20, rupturas evidenciaram a fraqueza deste postulado:

  • Segunda guerra mundial:
  • Provocou profundos transtornos sociais e políticos;
  • Enfraquecimento da Europa devido aos combates, as destruições do conflito e a instauração da chamada “guerra fria”.
  • Povos colonizados começaram a organizar-se para se libertarem-se dos países que os tinham submetido durante um século.
  • Entre o final dos anos quarenta e o início dos anos sessenta – a grande maioria deles ganhou sua independência (salvo as colônias portuguesas de África).
  • Na realidade, a relações de dominação mantiveram-se muitas vezes com outras formas: as do neo-imperialismo político e econômico.
  • Para os países dominantes, o acesso às matérias primas tornou-se menos garantido.
  • Países produtores de matérias primas conseguiram a coordenar suas políticas para apresentarem uma frente unida diante de seus clientes dos países industriais.
  • Exemplo: Organização dos Países Exportadores de Petróleo, nos meados dos anos setenta quando da chamada “Crise do Petróleo”.
  • Falta de segurança no abastecimento do aparelho industrial e econômico dos países dominantes constituía uma situação nova em relação com o passado.
  • Acreditaram que os recursos naturais eram abundantes, de modo que, não era necessário revisar o modelo econômico baseado sobre a hipótese de um crescimento contínuo.
  • Melhor conhecimento das possibilidades de mineração + melhoramento espetacular da produtividade = sustentavam a fé na possibilidade de um crescimento sem limites.
  • Países mais pobres e os socialistas: tinham como objetivo alcançar mais rapidamente possível o nível de vida dos países capitalistas ricos.
  • Corrente crítica:
  • Mudança radical das representações sociais relativas à disponibilidade dos recursos.
  • Críticas marxistas do modelo capitalista apontavam para a repartição das riquezas e o controle dos instrumentos de produção, desenvolvia-se uma reflexão sobre os limites do objetivo de crescimento quantitativo da produção como meio para melhorar as condições da existência humana. A ideia começava a expressar-se que o: “sempre mais”, não conduzia necessariamente a um “sempre melhor”.

Pouco a pouco, tornou-se mais e mais evidente que um modelo econômico baseado num princípio de crescimento constante da produção começava a alcançar seus limites de validez.

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