Anemias Fanconi , Ferropriva E Talassemia
Artigos Científicos: Anemias Fanconi , Ferropriva E Talassemia. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Barbs • 20/6/2014 • 5.253 Palavras (22 Páginas) • 668 Visualizações
ANEMIA FERROPRIVA
A anemia ferropriva representa a deficiência nutricional de maior ocorrência em todo o mundo. Porém, apesar de sua significante prevalência em países desenvolvidos, atinge, essencialmente, expressivos contingentes da população dos países em desenvolvimento. Nestes países, metade dos pré- escolares são anêmicos, comparados a 7% nos países desenvolvidos.
No Brasil, a proporção de anemia em crianças menores de 2 anos situa-se entre 50 a 83,5% 18. Estudos apontam elevada prevalência de anemia principalmente em crianças menores de 5 anos, sendo a faixa etária de 6 a 23 meses a de maior risco para o desenvolvimento desta doença. Diferenças na definição e no diagnóstico de anemia, assim como na metodologia adotada nos vários trabalhos científicos, devem ser criteriosamente consideradas para a comparação de resultados.
MANIFESTAÇÕES CLINICAS
A anemia ferropriva, do mesmo modo que as demais anemias, não é uma doença, mas um sinal de doença. Aspectos clínicos podem incluir manifestações do processo de doença subjacente, assim como do estado de deficiência. O início da anemia ferropriva é quase invariavelmente insidioso, sendo gradual a progressão dos sintomas.
A anemia por deficiência de ferro ou, em muitos casos, apenas a deficiência do mineral podem ocasionar fadiga, prejuízo no crescimento e no desempenho muscular, sendo que o tempo total de exercício, a carga máxima de trabalho, a taxa cardíaca e os níveis de lactato sérico, após exercício, são todos afetados adversamente em proporção ao grau de anemia, acarretando prejuízos no desenvolvimento neurológico e desempenho escolar, além de distúrbios comportamentais como irritabilidade, pouca atenção, falta de interesse ao seu redor e dificuldade no aprendizado, prejuízo na capacidade de manter a temperatura corporal na exposição ao frio, alterações no crânio, em crianças com anemia ferropriva de longa duração, como espaços diplóicos aumentados, tábuas externas afinadas, além de anormalidades nos ossos longos.
De acordo com estudos, existe uma associação negativa entre anemia e a duração da gestação e o baixo peso ao nascer. Além de que a deficiência de ferro e a anemia ferropriva podem prejudicar o desenvolvimento comportamental e cognitivo de crianças .Entretanto, alguns autores não reconhecem a existência de evidências claras. Existem indicações consideráveis que a anemia está associada a um grande número de desvantagens socioeconômicas e biomédicas, tais como baixo status socioeconômico, falta de cuidados, atenção e estímulo em casa, baixa escolaridade materna, ausência paterna, baixo peso ao nascer, desnutrição, entre outros, que podem, por si só, prejudicar o desenvolvimento infantil.
As evidências apresentadas por Haas & Brownlie (2001) , após revisarem 29 artigos, são muito claras quanto à substancial redução da capacidade de trabalho aeróbico na anemia, por deficiência de ferro, grave e moderada. Isto pode significar graves consequências econômicas, principalmente para países em desenvolvimento, que apresentam uma expressiva proporção de sua produção econômica baseada em mão-de-obra e trabalho físico.
Alguns estudos dos efeitos da deficiência de ferro sobre a imunidade sugerem que indivíduos deficientes em ferro são mais propensos à infecção e mostram que a suplementação com ferro resulta na menor ocorrência de infecções respiratórias e gastrintestinais em crianças. Embora faltem informações clínicas definitivas, uma vez que alguns estudos apresentam falhas de delineamento, um ponto está claro: a falta de ferro pode resultar no defeito na imunidade mediada por célula, devido à diminuição de células T circulantes e no prejuízo da morte bacteriana pelos neutrófilos.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A carência de ferro ocorre no organismo de maneira gradual e progressiva. Neste sentido, diversos parâmetros hematológicos e bioquímicos que refletem os três estágios da deficiência podem ser usados, isoladamente ou associados, no diagnóstico do estado nutricional de ferro em indivíduos ou populações. O diagnóstico do primeiro estágio da deficiência de ferro, caracterizado pela diminuição dos estoques de ferro no organismo, é realizado por meio de dosagem de ferritina sérica. A dosagem da hemossiderina na medula óssea pode também ser adotada como indicativo de depleção. Entretanto, por ser um método invasivo, não é recomendado para triagem.
O segundo estágio da deficiência de ferro corresponde à diminuição do ferro de transporte. Este estágio caracteriza-se pela diminuição do ferro sérico e um aumento da capacidade de ligação do ferro, sendo que tais mudanças resultam na diminuição da saturação da transferrina . O ferro sérico corresponde a um parâmetro bastante utilizado, apesar de muito instável, pois pode estar alterado na presença de processos infecciosos, podendo diminuir em poucas horas após o desencadeamento da infecção. A capacidade total de ligação do ferro (CTLF), utilizada para avaliar o ferro circulante, aumenta na deficiência deste mineral, mas diminui na inflamação. Porém, deve ser avaliada criteriosamente, pois pode apresentar-se normal quando ambas coexistem, deficiência de ferro e inflamação. A saturação da transferrina, que corresponde à relação entre o ferro sérico e a CTLF, costuma ser utilizada, pois o ferro sérico e a CTLF isolados apresentam baixa especificidade e sensibilidade. Entretanto, este índice também se altera na presença de infecção. Contudo, representa um importante valor no diagnóstico diferencial da talassemia e da anemia ferropriva, uma vez que está invariavelmente elevado na talassemia. Outro parâmetro para avaliação de ferro disponível aos tecidos é a protoporfirina eritrocitária livre (PEL). Recentemente, a utilização da medida de receptores de transferrina tem sido proposta como parâmetro de detecção de deficiência de ferro.
O terceiro estágio ocorre quando a quantidade de ferro está suficientemente restrita para a produção de hemoglobina, apresentando células hipocrômicas e microcíticas. O volume corpuscular médio (VCM), que avalia o tamanho médio dos eritrócitos; a amplitude de variação do tamanho dos eritrócitos ou red distribution width (RDW), que avalia a variabilidade no tamanho dos eritrócitos; a hemoglobina corpuscular média (HCM) e a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), que avaliam a concentração de hemoglobina no eritrócito, correspondem aos índices hematimétricos mais utilizados neste estágio, além da hemoglobina, que corresponde ao parâmetro universalmente utilizado para diagnosticar anemia. Entretanto,
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