Atividade Microbiana No Rumem
Trabalho Escolar: Atividade Microbiana No Rumem. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 19/7/2014 • 1.714 Palavras (7 Páginas) • 1.616 Visualizações
1 – INTRODUÇÃO
Os ruminantes são mamíferos herbívoros que possuem vários compartimentos gástricos,
por isso também denominados de poligástricos, que ao contrário dos monogástricos que
possuem um só compartimento gástrico, o estômago, os ruminantes possuem quatro,
o rúmen, retículo, omaso e abomaso. Tendo eles a capacidade de aproveitar os nutrientes na
digestão microbiana, No rúmen e no ceco, o desenvolvimento desta microflora e microfauna
permitem o aproveitamento eficiente de vários nutrientes, principalmente para produção de
energia, essencial na manutenção corporal e produção do bovino.
Para alimentar corretamente o gado, na verdade precisamos alimentar os micróbios
ruminais. Eles necessitam da mistura adequada de fibras, energia, nitrogênio e água. O tamanho
das partículas também é importante, pois fibras longas são essenciais para a formação de um
tapete ruminal funcional. Este tapete ruminal ajuda a reter os ingredientes mais finos no rúmen
por tempo suficiente para serem totalmente fermentados e estimula a ruminação, que ajuda a
quebrar as fibras mais longas e aumenta a produção de saliva, que tampona o rúmen, evitando a
queda de pH e mantendo a população microbiana saudável.
2 – AMBIENTES MICROBIOLÓGICOS DO RÚMEM
O ambiente do rúmen favorece o desenvolvimento contínuo da população microbiana,
atuando como câmera de fermentação, devido aos seguintes fatores: temperatura ideal média de
39ºC; anaerobiose; pH tampão médio de 6,8; presença de bactérias, protozoários e fungos;
suplemento de nutriente e contínua remoção de digesta e dos produtos de fermentação; matéria
seca entre 10 a 15% e pressão osmótica constante (LANA, 2005).
O sinergismo e antagonismo de diferentes grupos de microrganismos e também de
gêneros de um mesmo grupo são diversos e complicados. Os resultados destas relações no
rúmen que é responsável pela bioconversão dos alimentos na forma que é utilizada pelo animal.
A qualidade e quantidade dos produtos da fermentação são dependentes do tipo e atividade dos
microrganismos no rúmen
A enorme diversidade de organismos ruminais pode ser devida à complexidade do
substrato. Sobrevivem e predominam as espécies que possuam em seu material genético as
informações para a síntese de enzimas que compõe as vias metabólicas mais eficientes no
aproveitamento da energia contida no substrato (HUNGATE, 1966).
3 – BACTÉRIAS RUMINAIS
As bactérias ruminais são anaeróbicas de maneira geral, mas com sensibilidade variável
ao oxigênio. Quando os bovinos ingerem a forragem, o oxigênio penetra no rúmen. Isto é
inevitável, mas a suplementação da cultura adequada de leveduras vivas pode ajudar a manter a
anaerobiose, pois consomem oxigênio no rúmen. Além disso, as leveduras também consomem
açúcares, retardando o crescimento de bactérias produtoras de lactato, ajudando a estabilizar o
pH ruminal.
As bactérias ruminais tem outra tarefa importante além de degradar a fibra. Elas acabam
sendo levadas juntamente com o bolo alimentar até o abomaso, onde são digeridas e atuam
como principal fonte de proteína para o animal. Assim, é fundamental que haja uma fonte
consistente e disponível de nitrogênio para o crescimento bacteriano. Um excesso de nitrogênio
pode resultar em quantidades tóxicas de amônia, afetando o animal. Tudo deve estar equilibrado
na dieta para manter a comunidade microbiana estável e saudável.
Bactérias como a R. albus e a R. flavefaciens, que degradam celulose, produzem uma
proteína solúvel que inibe a degradação da celulose por fungos anaeróbios do rúmen enquanto
outras inibem o crescimento de algumas estirpes de fungos. Ao contrário, sabe-se que alguns
microorganismos metanogênicos estimulam a degradação da celulose, por fungos
3.1 - BACTÉRIAS AMINOLÍTICAS
Bactérias Amilolíticas são as responsáveis pela degradação do amido (que se dá pela
enzima amilase), que é fermentado por espécies do gênero Bacteroides, dentre estas,
Bacteroides amylophilus que utiliza amido, mas é incapaz de utilizar glicose ou outros
monossacarídeos. Já Streptococus bovis e Selenomonas ruminantium fermentam amido e
açúcares solúveis produzindo acetato, quando estes carboidratos são abundantes mudam para
acetato, formato e etanol ou acetato e propionato, quando a concentração de substrato
prontamente fermentável decresce. Esta última rota metabólica maximiza a produção de ATP
(RUSSELL, 1988).
3.2 -BACTÉRIAS PROTEOLÍTICAS
Muitas das bactérias Proteolíticas presentes no rúmen são capazes de degradar proteína.
Existem, no entanto, bactérias essencialmente proteolíticas, que utilizam aminoácidos como
fonte de energia primária (Bacteroides amylophilus e Bacteroides ruminicola). A proteína
contida no alimento do animal pode ser degradada pelos microorganismos de rúmen, com
liberação de amônia e ácidos graxos voláteis. A excessiva degradação protéica no rúmen causa
redução na retenção de N pelo hospedeiro (TEIXEIRA, 1991; SOEST, 1982).
3.3 BACTÉRIAS METANOGÊNICAS
As Bactérias Metanogênicas (anaeróbias estritas) são organismos capazes de produzir
metano. Estas bactérias são especialmente importantes para o ecossistema ruminal, pois tem um
papel importante na regulação de fermentação pela remoção das moléculas de H2 (TEIXEIRA,
1991). Praticamente todo o metano é produzido pelas reações de redução de CO2 acoplada ao
fornecimento de elétrons pelo H2. O gênero Methanobacterium desempenha importante papel
no equilíbrio químico no ecossistema ruminal ao utilizar o H2 presente no meio, contribuindo
para a regeneração de co-fatores, como NAD+ e NADP+ (ARCURI, 1992).
4 - PROTOZOÁRIOS DO RÚMEN
Normalmente, os protozoários encontrados no rúmen são da classe dos Ciliados,
dividindo-se nas subclasses Holotricha e Pirotricha. DEHORITY; TIRABASSO (1986)
sugerem que a subclasse Holotrica é capaz de se fixar à parede do retículo e imigrar em direção
ao rúmen logo após a alimentação do hospedeiro, possivelmente em função do aparecimento de
açúcares solúveis. Através deste mecanismo, os holotrica são seletivamente retidos no rúmen, o
que permite a estes organismos sobreviver neste ambiente, uma vez que têm um tempo de
geração muito longo (LENG; NOLAN, 1984).
A predação por grandes populações de protozoários reduz a biomassa bacteriana livre
no líquido ruminal; aumenta a reciclagem intra-ruminal e a perda de N pelo hospedeiro e reduz
o fluxo de proteína microbiana para o intestino delgado do hospedeiro, tanto pela menor
população bacteriana quanto pela retenção dos protozoários no rúmen (LENG e NOLAN,
1984). A defaunação - que nutricionalmente é definida como a eliminação dos protozoários do
rúmen – pode trazer alguns benefícios. Em alguns programas de alimentação, como em dietas
com alta energia e ricas em nitrogênio não protéico a ausência dos protozoários resulta numa
melhoria da performance do animal. Mas contrapondo a presença de protozoários no rúmen
parece ser um fator fundamental para o processo fermentativo, pois através da ingestão de
partículas alimentares e pelo armazenamento de amido, eles podem controlar o nível de
substrato disponível, uniformizando a fermentação entre os intervalos de alimentação. Os
protozoários podem servir também como uma fonte contínua de nitrogênio para as bactérias
após sua morte e degradação, pois grande parte da proteína do protozoário foi formada a partir
da proteína das bactérias (TEIXEIRA, 1991).
5 - FUNGOS DO RÚMEN
Os fungos anaeróbios são integrantes da microbiota ruminal de animais alimentados
com dietas fibrosas. O crescimento dos fungos é estimulado por aminoácidos, AGV, baixas
concentrações de ácidos graxos de cadeia longa e por várias vitaminas. Estudos mostram que a
germinação dos zoósporos dos fungos foi estimulada por ácido acético e por carboidratos
fermentáveis.
O estabelecimento dos fungos ocorre quando os animais jovens entram em contato com
animais adultos. A transferência ocorre através da saliva, do ar, de alimentos contaminados, do
esterco do curral, do contato bucal com as tetas das vacas, com o solo e pastagem. Com todas
estas formas de contágio a colonização precoce é possível, pois tais fungos podem utilizar
lactose como fonte de carbono, além disso, a ingestão e sobrevivência de poucas células de uma
espécie são suficientes para a colonização do ambiente ruminal, pois a zoosporulação é uma
eficiente forma de reprodução
6 – DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS
O processo digestivo dos nutrientes no rúmen se faz principalmente pela ação dos
microorganismos no substrato para utilização na sua sobrevivência e multiplicação como fonte
de energia ou como fonte de nitrogênio no caso de compostos nitrogenados. Isso ocorre pelo
processo chamado de fermentação realizado por micróbios que vivem na ausência de oxigênio
em local apropriado, como é o rúmen-retículo, também chamado de "câmara de fermentação".
No animal adulto essa câmara pode abrigar em média de 60 a 80 litros de material com intensa
atividade microbiana.
6.1 – DIGESTÃO DE PROTEÍNAS
Os microrganismos existentes no rúmen possuem intensa atividade proteolítica. As
proteínas são digeridas em peptídeos (moléculas menores), aminoácidos livres e amônia e a
extensão dessa digestão difere grandemente de acordo com a solubilidade da proteína presente
na dieta. A atividade de desaminação (separação do nitrogênio dos aminoácidos) pelas bactérias
do rúmen ocorre pelo processo fermentativo com produção de amônia, dióxido de carbono e
ácidos graxos voláteis de cadeia curta e não varia muito com o conteúdo de proteína da dieta. As
bactérias utilizam a amônia disponível no conteúdo ruminai como principal fonte de nitrogênio
para a síntese de proteína microbiana. Algumas espécies de bactérias utilizam diretamente os
peptídeos e aminoácidos formados no rúmen. Mas, amônia é o principal constituinte de
nitrogênio solúvel presente no fluido ruminai.
6.2 – DIGESTÃO DE GORDURA
As gorduras, ou lipídeos da dieta, formados pêlos triglicerídeos são hidrolisados no
rúmen a glicerol e ácidos graxos pêlos microrganismos. O glicerol é fermentado principalmente
a ácido propiônico, embora em estágios transitórios, ácidos succínico e lático também têm sido
detectados. O fenômeno mais importante que acontece com os ácidos graxos derivados dos
triglicerídeos é a biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados. Quando ácidos graxos
insaturados C 18 (oléico, linolêico e línolênico contendo uma, duas e três duplas ligações,
respectivamente) são colocados no rúmen, grande quantidade é convertida em ácido graxo
saturado C 18 (esteárico).Os ruminantes não toleram altos níveis de gordura na dieta, tanto que
a grande maioria das plantas, que são as principais fontes da alimentação desses animais, é
pobre em lipídeos apresentando teor médio ao redor de 4% na matéria seca. A suplementação da
dieta com lipídeos pode promover efeitos negativos sobre a nutrição do animal com diminuição
da ingestão alimentar e da digestibilidade dos nutrientes, devido a modificações na digestão e
hidrogenação dos ácidos graxos no rúmen ou promover efeitos positivos com a redução da
produção de metano com conseqüente melhoria na eficiência de utilização da energia pelo
animal e na redução da liberação do gás metano ao meio ambiente.
7 – CONCLUSÃO
O entendimento da atividade dos microorganismo no rumem e de suma importância
para a melhor compreensão da digestão de nutrientes, pois bem o tempo de retenção do alimento
no interior do rumem garante a ação dos microorganismo assim a obtenção de nutrientes ficará
mais eficiente, compreendendo como é a atuação dos mesmo ficara mais fácil a indicação da
nutrição onde a o aumento da produção e diminuindo custos, como por exemplo se reduzirmos a
participação de volumoso e aumentarmos a concentração de grãos na dieta do ruminante,
reduzimos a população de bactérias celulolíticas com isso a o aumento da degradação e
mudando assim a produção de AGV’s, ocorrendo o controle de gordura no leite.
B
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LANA, R.P. Nutrição e alimentação animal. 1 ed. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa.
2005, 343p
HUNGATE, R.E. The Rumen And Its Microbs. New York: Academic Press, 533p. 1966
RUSSEL, J.B. Ecology of rumen microorganisms: energy use. In: DOBSON, A .;DOBSON, M.
Aspect of digestive physiology in ruminants. Ithaca: Comstock Publ. Assoc., p. 74 -98. 1988.
TEIXEIRA, JÚLIO CÉSAR. Nutrição dos Ruminante, Lavras, MG: ESAL/ FAEPE, 1991.
LENG, R. A.; NOLAN, J.V. Nitrogen metabolism in the rumen. J ournal of Dairy science,
Champaign, V.67, p.1072, 1984.
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