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Aula-tema: O Sentido Biológico E ético Da Dor. A Dor Como Evento Incapacitante. A Dor Usada Como Instrumento Nas Relações Fisioterapeuta-paciente E Pacientesociedade.

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Por:   •  1/6/2014  •  844 Palavras (4 Páginas)  •  630 Visualizações

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Introdução

O termo "distanásia" é pouco conhecido e utilizado na área da saúde. Ao contrário do que ocorre com seu antônimo

"eutanásia", freqüentemente discutido e estampado nas manchetes de noticiários e jornais, apesar de sem dúvida,

ser opção bem menos praticada do que a "distanásia" em nossas instituições de saúde, notadamente nas unidades

de terapia intensiva, as modernas catedrais do sofrimento humano. Isso tudo é no mínimo curioso e nos exige uma

reflexão aprofundada que atinja as razões subjacentes, que vá além do simplismo ético de querer compreender e

resolver questões tão difíceis e polêmicas quanto esta da distanásia, na base do reducionismo ético de ser a favor

ou contra.

O que entender por distanásia? O Dicionário Aurélio traz a seguinte conceituação: "Morte lenta, ansiosa e com

muito sofrimento ". Trata-se, assim, de um neologismo, uma palavra nova, de origem grega. O prefixo grego dis

tem o significado de "afastamento", portanto a distanásia significa prolongamento exagerado da morte de um

paciente. O termo também pode ser empregado como sinônimo de tratamento inútil. Trata-se da atitude médica

que, visando salvar a vida do paciente terminal, submete-o a grande sofrimento. Nesta conduta não se prolonga a

vida propriamente dita, mas o processo de morrer. No mundo europeu fala-se de "obstinação terapêutica", nos

Estados Unidos de "futilidade médica" (medical futility). Em termos mais populares a questão seria colocada da

seguinte forma: até que ponto se deve prolongar o processo do morrer quando não há mais esperança de reverter

o quadro? Manter a pessoa "mortaviva" interessa a quem?

A opinião pública mundial já discutiu amplamente os casos de pacientes famosos que foram mantidos "vivos" além

dos limites naturais, tais como Truman, Franco, Tito, Hirohito e, no Brasil, Tancredo Neves, classificando estas

situações como distanásicas.

Na busca de precisão conceitual, existem muitos bioeticistas, entre os quais Gafo (Espanha), que utilizam o termo

ortotanásia para falar da "morte no seu tempo certo". Como o prefixo grego orto significa "correto", ortotanásia tem

o sentido de morte no seu tempo", sem abreviação nem prolongamentos desproporcionados do processo de

morrer. A ortotanásia, diferentemente da eutanásia, é sensível ao processo de humanização da morte e alivio das

dores e não incorre em prolongamentos abusivos com a aplicação de meios desproporcionados que imporiam

sofrimentos adicionais (1).

A expressão "obstinação terapêutica" (l'acharnement thérapeutique) foi introduzida na linguagem médica francesa

por Jean-Robert Debray, no início dos anos 50, e foi definida como sendo "o comportamento médico que consiste

em utilizar processos terapêuticos cujo efeito é mais nocivo do que os efeitos do mal a curar, ou inútil, porque a

cura é impossível e o benefício esperado, é menor que os inconvenientes previsíveis"(2).

Num artigo publicado no Washington Post, em maio de 1991, intitulado "Escolhendo morte ou mamba em UTI", o

Dr. John Hansen conta uma interessante história, cujo conteúdo foi comentado pelo Dr. César Zilling, numa matéria

intitulada "A sina dos pacientes NTBR", publicada no jornal do Conselho Federal de Medicina (3), que

resumidamente apresentamos a seguir.

Três missionários foram aprisionados por uma tribo de canibais, cujo chefe lhes ofereceu escolherem entre morte

ou mamba (mamba é uma serpente africana peçonhenta. Sua picada inflige grande sofrimento antes da morte

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