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BENCHMARKING: PRAINHA DO CANTO VERDE RESENHA

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Por:   •  22/4/2014  •  1.155 Palavras (5 Páginas)  •  512 Visualizações

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BENCHMARKING: PRAINHA DO CANTO VERDE

RESENHA

O texto foge aos clichês que geralmente apresentam os novos lugares de interesse turístico focando apenas os seus aspectos bucólicos e paradisíacos, tão diferentes da agitação cotidiana das cidades, esquecendo-se de que naquelas comunidades existem pessoas, com anseios e problemas a serem resolvidos. Procuraram-se valorizar a comunidade, a sua história e sua luta pela sobrevivência.

Atualmente a comunidade de Prainha do Canto Verde, município de Beberibe – CE, conta com 1100 moradores, sobrevivendo da pesca e da atividade turística. O índice de mortalidade infantil é zero, e praticamente não há analfabetismo entre os mais jovens. Entretanto, esse cenário não foi sempre assim. A partir do final dos anos de 1970, a comunidade enfrentou problemas fundiários, contra “grileiros” tentando se apropriar indevidamente de suas terras. Deu-se início a um longo processo judicial, ainda sem solução definitiva. A comunidade sofreu violência por parte dos invasores, ataques noturnos com o intuito de destruir construções e assustar a população.

Essas questões, contudo, serviram para unir a comunidade, e conseguiram expulsar os grileiros, estabelecendo-se de maneira bem mais fortalecida.

Paralelamente aos problemas fundiários, a Prainha enfrentou a questão da pesca. Problema que ainda ocorre em praticamente todas as regiões pesqueiras. A maior parte do pescado ainda é obtido artesanalmente, pelas jangadas, onde os trabalhadores não possuem vínculo empregatício, e, portanto, nenhum direito trabalhista ou previdenciário. Apenas dividem o resultado da pesca de cada viagem. Os preços pagos pelos atravessadores são muito baixos, os pescadores são lesados nos cálculos de peso do pescado, já que muitos têm baixa ou nenhuma escolaridade. Sem falar que o trabalho árduo provoca doenças sérias, tais como câncer de pele e problemas de coluna.

Todas essas questões ainda eram pioradas pela falta de políticas públicas que atendessem a essa população. No intuito de modificar esse quadro, foram criados vários movimentos em busca dessas políticas, que culminaram com a criação do Curso de Formação para Lideranças do Litoral Cearense.

Esse curso, criado em 1999, objetivou constituir nas comunidades litorâneas, um movimento social e político autônomo e atuante na perspectiva do desenvolvimento sustentável, que despertasse a consciência critica do cidadão para que esse refletisse sobre a sua realidade e buscasse modificá-la, efetivamente. O público alvo desse treinamento foram jovens, pescadores, lideres comunitários e professores.

No que se refere ao turismo, ainda durante a mobilização em direito à posse da terra, contra a grilagem, abriu-se discussão para um projeto de turismo que fosse adequado. Perguntou-se aos moradores nativos de comunidades com algum desenvolvimento turístico, como viam as coisas negativas e positivas do turismo, se o mesmo contribuiu ou não para elevar o nível de renda e oportunidades de ocupação e emprego, se contribuiu positivamente para a inclusão social, como tinha afetado a questão da criminalidade, das drogas.

Detectou-se em algumas comunidades, como efeitos do turismo de massa, a exclusão econômica e social dos nativos, que foram gradualmente vendendo suas terras ate chegarem à situação atual, onde estrangeiros e forasteiros são donos da maioria das pousadas e barracas, e os nativos lhes servem de caseiros e garçons.

Foi fundamental para a comunidade de Prainha do Canto Verde, inicialmente ter a oportunidade de dizer que “este turismo nós não queremos”, para depois expressar, de maneira amadurecida, após ampla discussão, “qual o turismo que queremos.”

Dessas discussões surgiram um projeto de turismo socialmente responsável, desenvolvido e organizado pela própria comunidade, e que deu muito certo.

A pesca continuou a ser a atividade principal, e o turismo, uma atividade complementar. Desde as primeiras discussões sobre de qual modo o turismo deveria ser desenvolvido isso foi ressaltado.

As atividades locais relativas ao turismo são todas exercidas pelos moradores. O turismo é organizado na forma de uma cooperativa e quem trabalha nestas atividades deve ser cadastrado como prestador de serviço turístico na COOPECANTUR (Cooperativa de Turismo e Artesanato), pagando uma taxa anual de acordo com o tipo de serviço.

Todos os cooperados e demais membros do Conselho de Turismo participam de vários cursos de capacitação com prioridade para associativismo, cooperativismo, cálculo de custos e qualidade no atendimento ao visitante, bem como de seminários para melhorar a convivência.

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