BRUNO
Tese: BRUNO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: BRUNOMAXSUEL • 13/11/2013 • Tese • 2.158 Palavras (9 Páginas) • 392 Visualizações
RESUMO
O objetivo deste estudo foi descrever como o cuidador familiar constrói as representações sociais da internação domiciliar na terminalidade, em relação à internação hospitalar. Tratou-se de um estudo qualitativo com 11 cuidadores familiares de doentes terminais, cadastrados no serviço de internação domiciliar de um hospital universitário do sul do Brasil. Para coleta de dados foram utilizadas entrevistas narrativas, analisadas por meio de análise de conteúdo com olhar nas representações sociais. Como a internação domiciliar é recente, os cuidadores a relacionam com a internação hospitalar, para poder assim representá-la. Ela significa acesso mais facilitado a recursos tecnológicos, e também à equipe de referência deste serviço. Além disso, a internação domiciliar representa mais liberdade e autonomia ao paciente, entretanto, para o cuidador, mais privação e responsabilização. A internação hospitalar representa privação para o paciente, e mais liberdade para o cuidador.
Descritores: Serviços hospitalares de assistência domiciliar. Assistência domiciliar. Enfermagem. Hospitalização.
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INTRODUÇÃO
A internação domiciliar emerge como modalidade de cuidado para suprir as necessidades atuais de cuidados permanentes, tanto aos pacientes terminais, quanto aos doentes crônicos, evitando dessa forma as internações hospitalares que expõem esses indivíduos a riscos de infecções, bem como ao distanciamento de seu ambiente familiar. No início do século XXI, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez seu pronunciamento acerca da assistência domiciliar, justificando-se frente à necessidade de cuidados em longo prazo nas doenças crônicas, as quais aumentam em relação à transição demográfica e epidemiológica dos últimos anos.1
A internação domiciliar pode promover o estímulo e a manutenção da autonomia do paciente, pois as tarefas no domicílio podem ser executadas no tempo dele, com o incentivo, apoio e possibilidade de maior desenvolvimento do vínculo entre o cuidador e o doente.2-4 Por outro lado, ela também se apresenta como uma forma de redução dos gastos no cenário hospitalar.5-6
Estudos recentes acerca de internação domiciliar ressaltam os benefícios proporcionados ao paciente, como autonomia e liberdade,2 e como se organizam estes serviços para atender as demandas,3 direcionando, de alguma forma, para a consolidação dessa modalidade de cuidado. Outros estudos trazem os significados que ela tem para o cuidador familiar, como privações, sobrecarga7 e modificações na dinâmica familiar.2,8 Salienta-se que esses estudos não realizaram comparações entre a internação domiciliar e hospitalar, o que pode justificar de certa maneira que os achados sobre o tema sejam mais de benefícios do que de malefícios para os envolvidos, como o cuidador e o paciente, nessa modalidade de cuidado.
Dessa forma, a realização de um estudo identificando as Representações Sociais (RSs) acerca de internação domiciliar na terminalidade de vida, comparando-a com a internação hospitalar, faz-se pertinente, tendo em vista que essas representações vão sendo construídas à medida que os atores, os cuidadores familiares, vão construindo seus significados e interpretações em torno do objeto internação domiciliar, comparando-a com paradigmas anteriores, tais como a hospitalização. Justifica-se, ainda, a especificidade de internação domiciliar na terminalidade de vida, por todo o contexto que o cuidar de um paciente terminal envolve, desde o momento da informação de que ele está fora de possibilidades terapêuticas de cura, bem como na transferência de cuidados anteriormente realizados pela equipe de saúde, para os cuidados que serão realizados por algum familiar. Somando-se a essa nova dinâmica familiar, que modifica papéis, ressalta-se que a sociedade ocidental ainda se encontra em um contexto de cultura de negação da morte e valorização de avanços tecnológicos. Isso também desprepara o ser humano para aceitar sua finitude, bem como para o cuidar no processo de morte e morrer no domicílio.
Assim, este estudo tem por objetivo descrever como o cuidador familiar constrói as RSs da internação domiciliar na terminalidade, em relação à internação hospitalar.
REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
As RSs são construídas a partir das interpretações da realidade. Elas procuram reconhecer como os grupos constroem um mundo estável e previsível, a partir das diferenças, uma vez que há, como ponto de partida, a diversidade dos indivíduos.9 Nessa direção, as representações de um objeto são socialmente elaboradas e compartilhadas, contribuindo para a construção de uma realidade comum, que possibilita a comunicação.10 Elas também podem ser definidas como teorias do senso comum. No entanto, elas não são mais ou menos válidas do que as teorias dos cientistas, pois satisfazem e são plausíveis ao intelecto do mesmo modo que as segundas, embora sejam formadas com outros métodos e respondam a preocupações diferentes.11
Para que as RSs sejam geradas, ou seja, de algo não familiar para familiar, são necessários dois processos: a ancoragem e a objetivação. A ancoragem é um processo que transforma algo estranho e perturbador, que intriga, num sistema particular de categorias, e o compara com um paradigma de uma categoria considerada apropriada. Ancorar é classificar e dar nome a alguma coisa. Na objetivação, une-se a ideia da não familiaridade com a realidade, tornando-se a verdadeira essência da realidade. Em outras palavras, seria pegar algo da memória e comparar com o objeto a ser interpretado.9
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida com os cuidadores familiares, maiores de 18 anos, de pacientes terminais oncológicos vinculados ao Serviço de Internação Domiciliar (SID) de um hospital universitário do sul do Brasil. O período de coleta de dados foi de janeiro a junho de 2010. Foram entrevistados 11 cuidadores familiares, sendo que quatro eram do sexo masculino e sete do sexo feminino. Destas mulheres, cinco eram filhas e duas esposas. Em relação aos homens, dois eram cônjuges, um era irmão e outro
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