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Bilingualismo para os surdos

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Por:   •  22/11/2013  •  Seminário  •  3.051 Palavras (13 Páginas)  •  601 Visualizações

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O bilinguismo para deficientes auditivos

O bilinguismo pressupõe o ensino de duas línguas para a criança. A primeira é a língua de sinais, que dará a base para a aprendizagem de uma segunda língua, que poderá ser a escrita ou a oral. O princípio fundamental do bilingüismo é oferecer à criança um ambiente lingüístico no qual seus interlocutores se comuniquem com ela de uma forma natural, da mesma forma que se faz com a criança ouvinte através da língua oral (Moura, Lodi, Harrinson, 1997).

Considerando que: A língua é um instrumento de vital importância para o desenvolvimento de certos processos cognitivos da criança e que há um tempo cronológico e psicológico ideal para que isto aconteça; A língua de sinais é uma língua como qualquer

outra e não apenas gestos combinados; A língua de sinais é adquirida naturalmente pela criança surda; Uma postura que envolva o bilingüismo prioriza, evidentemente, o fato de que uma língua precisa ser de domínio do indivíduo para contribuir significativamente para seu desenvolvimento cognitivo e sua necessidade de comunicação com o meio. Assim, no bilinguismo, o indivíduo terá a língua de sinais como sua língua natural e, paralelamente, será exposto a um processo de aprendizagem da língua portuguesa (Fernandes, 1995).

Ser bilíngue não é só conhecer palavras, estruturas de frases, enfim, a gramática das duas línguas, mas também conhecer, profundamente, as significações sociais e culturais das comunidades linguísticas de que se faz parte.

O bilinguismo só é possível associado, portanto, ao biculturalismo, isto é, à identificação e à convivência, de fato, com os grupos linguísticos com que se mantém contato. Neste método, o trabalho não está centrado no fonoaudiólogo, mas na forma educacional. Certamente, durante o desenvolvimento das habilidades auditivas e orais, o fonoaudiólogo deverá estar mais presente, mas durante o aprendizado da língua de sinais, com toda a sua estrutura gramatical, os fatores educacionais, sociais e culturais são mais relevantes.

O Bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua materna à língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como Segunda língua, a língua oficial de seu país, os autores ligados ao Bilinguismo percebem o surdo de forma bastante diferente dos autores oralistas e da Comunicação Total. Para os bilinguistas, o surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir sua surdez.

No Brasil, a educação dos surdos teve início durante o Segundo Império, com a chegada do educador francês Hernest Huet. Em 1857, foi fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), que inicialmente utilizava a língua dos sinais, mas que em 1911 passou a adotar o oralismo puro.

Na década de 70, com a visita de Ivete Vasconcelos, educadora de surdos da Universidade Gallaudet, chegou ao Brasil a filosofia da Comunicação Total e, na década seguinte, a partir das pesquisas da professora linguista Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais e da Professora Eulália Fernandes sobre a educação dos surdos, o Bilinguismo passou a ser difundido. Atualmente, estas três filosofias educacionais ainda persistem paralelamente no Brasil.

Agora podemos começar a discutir um pouco sobre a alfabetização dos deficientes auditivos. Quando paramos para pensar em como alfabetizar uma criança com tal deficiência nos assustamos, segundo Honora " em nada se diferencia da alfabetização de um aluno ouvinte, visto que o aluno com deficiência auditiva se utilizará de pistas auditivas e articulatórias para a construção da escrita". (HONORA, 2008. p. 62).

A alfabetização do surdo prevê que sejam utilizados alguns recursos como: desenho, produção coletiva, produção gestual e facial, mas isso não se difere da alfabetização dos outros alunos, pois temos que utilizar de tais recursos no inicio da alfabetização, como diz Lucena a Alfabetização, quando direcionada aos surdos, assume um caráter fundamental, " pois não se limita só à Alfabetização, mas a um trabalho conjunto de aquisição de conhecimento e desenvolvimento de linguagem" (LUCENA, 1987: 12). No entanto, o que não podemos esquecer o deficiente auditivo possui duas línguas: a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a língua materna do país, que no nosso caso é a Língua Portuguesa, sendo a primeira a Língua1 e a segunda Língua2. "O deficiente auditivo apesar de contar com expressões faciais e movimentos corporais, não possui uma das fontes de informação mais rica da língua oral: monitorar sua própria fala e elabora sutilezas através da entonação, volume de voz, hesitação, etc". (ROCHA; COUTINHO. p 79-80).

Pensando em uma educação em duas línguas podemos concluir que o deficiente auditivo possui uma educação bilíngue, de acordo com Sánchez (1991, apud SLOMSKI, 2011, p. 65), uma educação bilíngue, deverá contemplar os seguintes objetivos: Criar condições que garantam o desenvolvimento normal da linguagem das crianças surdas e que facilitem seu ótimo desenvolvimento emocional, afetivo, cognitivo e social; Criar condições que permitam a aquisição eficaz de conhecimentos e o máximo de aproveitamento dos conteúdos curriculares em todos os níveis por parte das crianças surdas, mediante a utilização da Língua de Sinais; Facilitar o processo da aquisição da língua escrita por parte as crianças e adultos surdos, e sua utilização coletiva em sua comunidade; Promover a comunidade de surdos em seus aspectos educativos, culturais, laborais, socioeconômicos e organizacionais, bem como projetar sua imagem à macrocomunidade ouvinte; Propiciar a participação direta e efetiva da comunidade de surdos nos sistema educativo especial; Promover intercâmbios, conhecimento e cooperação entre surdos e ouvintes em todos os âmbitos da vida e da sociedade; Facilitar a aprendizagem da língua oral como segunda língua. (SLOMSKI. 2010. p. 65)

Vygotsky (1984) assinalou que o gesto precede a palavra; é a primeira linguagem do ser humano. O mesmo também diz que toda a aprendizagem deve ter significado, sentido para a criança e precisa surgir de uma necessidade interior para ser, posteriormente, necessária e relevante para ela. A criança surda mesmo não tendo o conhecimento de LIBRAS comunica-se por meio de gestos, que acaba sendo uma forma de comunicação na ausência da fala. O teórico Tervoort (1961) chama essa linguagem de "simbolismo esotérico", ou seja, um sistema lingüístico restrito, que serve para comunicação na ausência de uma língua comum entre seus familiares.

Por volta dos

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