Bullying
Casos: Bullying. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Amanda_589 • 15/3/2015 • 1.514 Palavras (7 Páginas) • 217 Visualizações
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Observa-se ainda que 28 (41%) dos autores foram orientados no sentido de que atos de bullying são incorretos e que prejudicam outros, pelos pais e em seguida pelos professores, num total de 18 alunos, o que corresponde a 26,4%. Somente 2 estudantes, ou seja, 2,9%, relataram terem sido orientados por médicos (Gráfico 6).
Trezentos e vinte e seis (61%) dos alunos entrevistados sabem da existência de punição para a prática de bullying, não havendo muita diferença entre os tipos de envolvimento (Tabela 1).
Duzentos e cinquenta e seis (48%) alunos foram vítimas de bullying duas ou mais vezes (Tabela 2).
DISCUSSÃO
Este trabalho demonstra que 78,8% dos estudantes apresentam algum tipo de envolvimento com bullying, o que nos deixa em alerta, pois, em 2005, trabalho realizado pela Associação Brasileira de Proteção à Infância e à Adolescência (ABRAPIA) demonstrou que apenas 40,5% admitiam estar envolvidos com atos de bullying10.
Observa-se também que a maioria dos autores é do gênero masculino (82%) e foram os que mais concordaram com atos de bullying (9,36%). Na literatura há vários trabalhos demonstrando que rapazes estão mais envolvidos do que as moças tanto como vítimas quanto como provocadores. Uma pesquisa feita pela ABRAPIA também revelou um ligeiro predomínio de envolvimento do gênero masculino (50,5%)10. No trabalho realizado por Juvonen (2003) foi observado que os meninos tinham duas vezes mais chances que as meninas de serem classificados como autores (10% versus 5%), três vezes mais chances de serem classificados ora como vítimas ora como autores (10% versus 3%) e quase duas vezes mais chance de serem classificados como vítimas14. No colégio estudado, verificou-se que os meninos têm aproximadamente quatro vezes mais chances do que as meninas de serem classificados como autores (10,4% versus 2,2%), houve pequena diferença quando se tratava de ora vítima ora autor, e as meninas foram apontadas como a maioria das vítimas (57%).
No caso de concordância, os meninos têm maior aceitação do bullying que as meninas, lembrando ainda que esta situação fica mais evidente ao se lembrar que existem mais meninas que meninos entrevistados.
O fato de os meninos se envolverem em atos de bullying mais comumente do que as meninas não indica, necessariamente, que eles sejam mais agressivos, mas sim que, por uma questão cultural, têm maior possibilidade de adotar esse tipo de comportamento. Já a dificuldade em se identificar o bullying entre as meninas pode estar relacionada com o uso de formas mais sutis de agressão. Os meninos têm uma atitude facilitadora para a violência, isto ocorre porque eles acreditam que se deixarem de brigar ficarão humilhados diante dos colegas, acham que está certo agredir alguém que golpeou primeiro e que a única forma de deter um agressor é violentá-lo primeiro. Além disso, admitem a falta de controle sobre a agressividade em maior grau do que as meninas, conforme pesquisa realizada no Uruguai15.
Este trabalho demonstrou que 288 alunos (68,4%) tiveram envolvimento com bullying dentro do ambiente escolar (sala e pátio), sendo a sala de aula o local mais relatado. Estes resultados alertam que o local de formação do indivíduo, de um povo, de uma nação e construção da cidadania é o ambiente onde ocorrem mais agressões1.
Diante da nova epidemia de doenças comportamentais, necessita-se criar escolas promotoras de saúde proporcionando educação em saúde de forma abrangente, no sentido de prevenir lesões não intencionais, violências e suicídios1.
Programas antibullying que atuam somente dentro da sala de aula pouco reduzem as agressões, ao contrário de intervenções que incluam várias disciplinas e componentes complementares direcionados aos diversos níveis de organização escolar, envolvendo professores, alunos, grupos, administração, família e profissionais de saúde16.
Verificou-se neste trabalho que menos de 34 alunos (16%), entre 213 vítimas de bullying, pediram ajuda aos professores. Dados de literatura mostram que os adultos aconselham as meninas a uma solução pacífica dos conflitos e lhes recomendam não agredir, porém não conseguem intervir com tanta eficácia com os meninos4.
Os professores desempenham papel fundamental na prevenção e intervenção em casos de intimidação na escola, mas recebem pouca ou nenhuma ajuda ou mesmo formação sobre como lidar eficazmente com a violência escolar. Eles carecem de informações e estão relutantes em intervir quando testemunham bullying. Embora tenham a vantagem de compreender o contexto social, não sabem a melhor forma de intervir. Em ambientes escolares, o bullying é visto como problema de juventude e não como problemas que requerem respostas coletivas14.
Notou-se nesta pesquisa que as vítimas pediram mais auxílios aos colegas e houve também redução maior por parte dos agressores quando esses auxiliaram, dado este compatível com a literatura16.
Quando testemunhas interferem e tentam cessar o bullying, essas ações são efetivas na maioria dos casos. Portanto, é importante incentivar o uso desse poder advindo do grupo, fazendo com que os autores se sintam sem o apoio social16.
Quando as vítimas buscaram auxílio na família (segunda maior busca), notou-se que 60,71% (34 casos) afirmaram não ter diminuído a taxa de agressão. Porém em relação aos autores foi observado que os pais foram os que mais orientaram os seus filhos no sentido de que esta é uma atitude incorreta.
Nota-se também neste trabalho que apenas 2 alunos dos 68 autores receberam orientação de médicos, e foi depois de terem sido orientados por pais, professores e colegas, o que equivale a menos de 3%.
Talvez a falta de relação entre médicos e alunos, por avaliarem os alunos fora da escola, é um problema que dificulta intervenções por parte daqueles. Um dos desafios é tentar construir e manter os laços entre os médicos e funcionários da escola.
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