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Por:   •  6/5/2013  •  5.332 Palavras (22 Páginas)  •  679 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

A empresa familiar é uma das mais antigas formas de negócio surgidas ao longo da

evolução da humanidade (LEA, 1991). Porém, somente a partir da década de 1960 surgiu um

número expressivo de estudos científicos sobre as empresas familiares. Ultimamente, o tema

tem sido muito discutido tanto na esfera acadêmica quanto no meio empresarial (LEONE,

1992).

Gersick et al . (1997) afirmam que as empresas familiares representam 80% de todas

as empresas do mundo. No Brasil, em particular, essas empresas geram mais de 1,6 milhão de

empregos diretos (ROCHA, 2002). Além disso, as micros e pequenas empresas brasileiras são responsáveis por mais de 60% dos empregos formais de acordo com SEBRAE 1, portanto, elas

desempenham um papel extremamente significativo para a economia nacional .

Apesar da importante participação econômica e da crescente abrangência, pode-se

verificar que a empresa familiar apresenta uma série de problemas intrínsecos à sua natureza,

os quais, em última análise, refletem-se em um ciclo de vida inferior aos de outros tipos de

organização (VIDIGAL, 1996).

Em linhas gerais, a empresa familiar distingue-se das demais não por diferenças em

suas estruturas organizacionais, mas sim por ter embutido em seu próprio escopo uma área na

qual se confundem três dimensões distintas: a empresa, a família e a propriedade.

O antagonismo entre as duas instituições (família e empresa) é colocado à prova

quando o papel do profissional técnico, racional e objetivo confunde-se com o papel familiar,

afetivo, subjetivo, decorrente do entrelaçamento da história de vida pessoal. A instituição

família demonstra aspectos de intensa afetividade que marcam as relações entre os membros,

além da indissolubilidade do vínculo existente.

Outro ponto importante para se compreender a dinâmica de uma empresa familiar no

Brasil é o estudo de sua história fortemente influenciada pelos traços culturais dos imigrantes.

Segundo Gorgati (2000), a empresa familiar nasceu com as capitanias hereditárias, onde se

vivia em um ambiente protecionista e cartorial criado pela Coroa portuguesa. Esse momento

histórico imprimiu o estilo da empresa familiar brasileira que persiste até hoje.

1 Estudos e pesquisas do Sebrae. Disponível em: www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-pesquisas/estudos- e-pesquisas/boletim-estatistico-das-mpe . Acesso em 30 nov. 2007.

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A onda de imigração européia do século XIX e metade do século XX foi responsável

por um ciclo econômico importante do Brasil e por trás desse ciclo econômico encontrava-se

um empreendedor que abandonava seu conforto conhecido em busca de terras desconhecidas.

Assim, a ascensão social conseguida através do trabalho árduo, da luta contra dificuldades,

gerou um apego sentimental ao patrimônio, o que produziu grande aversão à divisibilidade da

propriedade.

Esse apego à propriedade predomina ainda hoje em grande parte das empresas

familiares brasileiras, reforçando o modelo de gestão patriarcal, com poder absoluto,

inquestionável, indivisível e insubstituível. A passagem para um modelo de gestão mais

descentralizado, com delegação de poder, responsabilidade e, sobretudo, monitoramento

eficiente e planejamento, é a chave para um crescimento equilibrado e promissor, se

constituindo um dos grandes desafios à empresa familiar brasileira (GORGATI, 2000). O

autor complementa (p.21):

Em conjunto, sentimentalismo, protecionismo e paternalismo caracterizam fortemente a gestão de inúmeras empresas familiares brasileiras, sejam elas grandes ou pequenas. Constituem parte significativa das fraquezas de nossos empreendimentos que devem ser combatidas por reformas que busquem melhor competitividade e adequação ao contexto contemporâneo.

Pensando nos conflitos existentes na empresa familiar é que se buscou apresentar o

estudo das três dimensões (família, propriedade e gestão), que teve como conseqüência a

formulação teórica do conceito de desenvolvimento tridimensional da empresa familiar.

Embora esse conceito esteja presente em diversos estudos (BERNHOEFT, 1989, COHN,

1991, LODI, 1989), sua formalização aparece em GERSICK et al . (1997) que de forma

abrangente fornece ferramentas de compreensão dos mecanismos de funcionamento de uma

família empresária.

Esses autores apresentaram o modelo de três círculos e o ciclo de vida das empresas

como ferramenta de compreensão da fonte de conflitos interpessoais, dilemas de papéis,

prioridades e limites em empresas familiares.

Observando essa problemática referente aos conflitos familiares, sua origem e os

números que apresentam esse alto grau de mortalidade dessas empresas, buscou-se analisar

uma tecnologia que pudesse administrar essas tensões de forma a favorecer a longevidade

desse tipo de empresa.

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