Ceiencias E Tecnologia
Monografias: Ceiencias E Tecnologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Flavia12345 • 8/3/2015 • 1.926 Palavras (8 Páginas) • 192 Visualizações
UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE BAIXO CUSTO
Resumo
Até alguns anos atrás, os sistemas anaeróbicos de tratamento de efluentes eram
considerados como "caixas pretas", cheios de segredos e truques, que apenas poucas
pessoas e companhias poderiam projetar e operar. As companhias que detinham esta
tecnologia colocavam barreiras para proteger seus processos, criando uma falsa
imagem de ser este um assunto muito complicado.
Hoje em dia as coisas mudaram. Os processos anaeróbicos são simples, confiáveis e
acessíveis, e podem ser projetados, instalados e operados com criatividade, com a
utilização de materiais e mão de obra locais, de baixo custo. Ainda existem alguns
segredos, sem dúvida, porém são simples de compreender, e referem-se ao prétratamento
dos efluentes a montante do reator, ao projeto do reator em si e à operação
do sistema.
Introdução
Em 1987 a Acqua Engenharia foi "forçada" a projetar seu primeiro reator anaeróbico,
um reator UASB de 760 m³ (UASB significa Upflow Anaerobic Sludge Blanket, ou
Reator Anaeróbico de Fluxo Ascendente em Manto de Lodo, a mais popular
concepção de reatores anaeróbicos do mundo, denominada no Brasil de RAFA -
Reator Anaeróbico de Fluxo Ascendente); a velha fábrica de papel reciclado não
dispunha de área para implantação de um sistema aeróbico de tratamento, e, mesmo
que tivesse, a potência de aeração necessária seria da ordem de 240 CV, o que
inviabilizaria o processo; as autoridades ambientais locais não forneceram prazo para
estudos em planta piloto do processo anaeróbico. Então, lá estava ele - com alguma
revisão e pesquisa na literatura e uma boa dose de bom senso - nascia um reator
anaeróbico.
Este reator ainda opera perfeitamente a 100 m³/h, o lodo anaeróbico é bastante
granulado, e as eficiências de remoção de DQO (Demanda Química de Oxigênio) e de
DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio são elevadas (88 % e 96 % respectivamente).
Desde então, a Acqua Engenharia tem projetado e operado diversas outras plantas,
descobrindo que reatores anaeróbicos não são o "bicho-de-sete-cabeças" que
algumas companhias tentaram criar.
Neste artigo serão apresentados alguns dos "segredos e truques" do projeto e da
operação dos reatores anaeróbicos.
Geração de Efluentes
Na realidade, o sucesso de um sistema anaeróbico de tratamento de efluentes
começa com a compreensão de como as águas residuárias são produzidas no
processo industrial e atingem a ETE (Estação de Tratamento de Efluentes).
Especialmente em fábricas de bebidas devem ser considerados os seguintes pontos
no projeto e operação dos sistemas de tratamento:
• as águas residuárias da preparação em batelada de xarope devem ser
segregadas dos demais despejos, para separação adequada de sólidos
(carvão ativado e terra diatomácea), e então dosadas continuamente no fluxo
principal de efluentes.
• efluentes da limpeza CIP (Cleaning in Place) devem ser coletados e estocados
para dosagem contínua nos demais efluentes.
• Descartes de águas residuárias da recuperação de NaOH também devem ser
estocadas e dosadas.
• atenção especial deverá ser dada aos produtos químicos auxiliares utilizados
no processo, tais como lubrificantes de esteira, e produtos de limpeza de pisos
e desinfetantes; alguns compostos podem ser tóxicos às bactérias anaeróbicas
e devem ser substituídos por outros que sejam biodegradáveis e não-tóxicos.
Projeto do Sistema de Tratamento
A primeira coisa a ser compreendida no projeto e na especificação de reatores
anaeróbicos é que os mesmos são apenas parte do sistema completo de tratamento
de efluentes. Esta parte apenas removerá a poluição orgânica dos efluentes, e será
altamente dependente da confiabilidade dos processos preliminares de pré-tratamento
e tratamento primário, ou seja, de como a água residuária será "preparada" para
alimentar o reator anaeróbico:
• deverão ser removidos sólidos em suspensão e areia.
• a utilização de um tanque de equalização de fluxo e composição (6 - 8 horas
de tempo de retenção) a montante do reator anaeróbico é fundamental para a
operação adequada; na realidade, além da equalização propriamente dita,
varias reações bioquímicas ocorrem neste tanque, provocando a acidificação
bioquímica do efluente (compostos orgânicos complexos são "quebrados" em
cadeias carbônicas menores, formando ácidos orgânicos, os quais são
subseqüentemente transformados
...