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Cleide do Nascimento Carlos

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Por:   •  27/9/2014  •  Tese  •  1.493 Palavras (6 Páginas)  •  193 Visualizações

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De iniciativa da professora Cleide do Nascimento Carlos, professora orientadora da disciplina de Português, da Escola Maria José Santos Ferreira Gomes do município de Sobral - Ceará, aconteceu na tarde de hoje uma webconferência, onde participei propondo aos professores algumas reflexões sobre educação, sala de aula, processo de ensino e aprendizagem, avaliação e relação professor/aluno. O convite partiu da leitura pela professora de uma reflexão, na qual trago uma releitura do livro "Pinóquio as Avessas" de Rubem Alves. O título da obra se dá pelo entendimento de que, diferente de Pinóquio, que precisa ir a escola para virar gente e poder sonhar, em Pinóquio as Avessas, o autor aponta para o perigo que correm nossas crianças ao ingressarem em escolas que não consideram seu potencial e suas capacidades individuais e criativas, antes tentam enquadrá-las num sistema educacional rígido, conservador, anacrônico e sufocante.

Tentamos apresentar um panorama do paradigma tradicional de ensino e o paradigma atual, buscando sustentação na fala do próprio Rubem Alves e do consultor em assuntos educacionais Ken Robinson, ideias que apresentamos no vídeo que se segue a esta postagem.

As ideias presentes neste texto assentam suas bases no livro As Fronteiras da Epistemologia, do professor Luiz Carlos Bombassaro, o qual nos remete às primeiras formulações acerca do tema, mas que ora, partindo de outras leituras e de nossas próprias, nos arriscamos a ampliar, partido principalmente das formulações de Vygotsky, acerca da teoria sócio-histórica.

Consideremos para início dessa exposição o significado da palavra conhecimento. Segundo Cruz (2002), para a filosofia existem dois tipos de conhecimento, o conhecimento vulgar ou conhecimento do senso comum que é o conhecimento do que, e o conhecimento científico, que é o conhecimento do por que.

Para o autor, a diferença entre esses dois tipos de conhecimento não está nos objetos conhecidos, mas no modo de conhecê-los. Reside principalmente no conhecimento das causas, já que o conhecimento vulgar apenas constata a ocorrência dos objetos, enquanto que o conhecimento científico sabe o porquê eles existem.

É comum associarmos conhecimento como um ato da razão, entendendo que é por meio dela que o sujeito cognoscente apreende o real, encadeando ideias e juízos, para chegar a uma conclusão. Era através da razão também, que os gregos buscavam a superação do mito ou do saber comum.

Como conceito de razão podemos dizer que “a razão é a faculdade que calcula, mede, julga, deduz, compara, relaciona e coordena os meios com os fins, ou seja, é a faculdade que possibilita o funcionamento abstrato do mecanismo de pensamento” (HORKHEIMER, 1976, p.11)

Nas palavras do professor Bombassaro, (1992, p.14) “Assim, dizer do homem que ele é racional, marcado originalmente pela racionalidade, é o mesmo que atribuir-lhe a capacidade de poder dar razões, de poder argumentar discursivamente.”

No entanto, como alerta o professor, o conhecimento não se limita a uma atividade intelectual, ele é historicamente situado, uma vez que o processo de construção do conhecimento surge como forma de solucionar determinados problemas, explicar situações e fenômenos.

A capacidade criativa do homem se expande a cada novo desafio encontrado, a começar pela descoberta do fogo, seguindo-se a descoberta da pólvora, as grandes navegações, à revolução da indústria e uma infinidade de outras criações que surgem a partir de uma necessidade particularmente humana.

Nos voltando para a questão da historicidade por um viés mais psicológico, chegamos aos estudos do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky. Para Vygotsky, o homem é essencialmente social e seu desenvolvimento está condicionado às relações que estabelece com o meio.

As concepções deste teórico sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se na ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que o distinguem de outros animais. Assim, o cérebro humano não seria caracterizado como um sistema fechado, fixo e imutável, mas condicionado e moldado ao longo da história.

As postulações de Vygotsky sobre o substrato biológico do funcionamento psicológico evidenciam a forte ligação entre os processos humanos e a inserção do indivíduo num contexto sócio histórico específico. Instrumentos e símbolos construídos socialmente definem quais das inúmeras possibilidades de funcionamento cerebral serão efetivamente concretizadas ao longo do desenvolvimento e mobilizadas na realização de diferentes tarefas. (LA TAILLE, 1992, p.26)

Se pensarmos no processo de desenvolvimento de uma criança, temos o meio como o mais importante elemento deste processo. A qualidade dos estímulos que uma criança recebe é preponderante para o amadurecimento do seu sistema nervoso central, sem os quais, o desenvolvimento das funções psicológicas superiores e a capacidade de formular conceitos estaria seriamente comprometida.

Para Vygostsky, apud. La Taille et all. (1992, p. 24) “a cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem.”

Quando uma mãe adverte uma criança para que não coloque a mão no fogo porque queima e ela obedece, podemos perceber a função de um mediador social histórico na apropriação de um conhecimento. Assim, grande parte da ação do homem no mundo e dos conhecimentos produzidos é mediada pela experiência do outro, pela informação apresentada por outra pessoa. Um indivíduo não precisa viver tudo de primeira mão e isso é essencial para os processos de crescimento histórico, uma vez que de outra forma, cada pessoa teria que estar começando sempre, tudo do zero.

A cultura funciona desta forma, como uma espécie de alargador das potencialidades humanas. Assim, se pelas possibilidades biológicas, por exemplo, o homem anda, mas não voa, pela cultura, essa

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