Combate Ao Trabalho Infanto Juvenil

O Brasil passou por relevantes mudanças socioeconômicas nas últimas décadas, mas não se livrou de uma das maiores mazelas de sua história: o trabalho infantil. O problema se manifesta no serviço doméstico, agrícola e artístico, na exploração sexual e na prestação de serviços que hoje sustentam a prosperidade da economia brasileira. O trabalho como prática privilegiada capaz de provocar necessidades

de aprendizagem, o que tem a ver com o princípio da relação entre

prática e teoria, com a construção de objetos de capacitação, e com a

idéia de produzir conhecimento sobre a realidade; o trabalho como

construtor de relações sociais e, portanto, espaço também

privilegiado de exercício da cooperação e da democracia; estas

mesmas relações sociais como lugar de desenvolvimento de novas

relações entre as pessoas, de cultivo de valores, de construção de

novos comportamentos pessoais e coletivos em comum, de cultivo

também da mística da participação nas lutas dos trabalhadores e da

formação da consciência de classe

Antes de passar a focalizar as significações e produções5

das crianças sobre

o trabalho, é importante fazer duas considerações: a primeira se relaciona a necessidade

de esclarecer sobre a natureza do trabalho a que se referem as análises. Assim, os

locais e os tipos de trabalho sobre os quais lancei meu olhar são, respectivamente, os

espaços da casa (trabalho doméstico) e da escola (de manutenção e gestão escolar). A

segunda consideração é sobre a intenção desse olhar, que não esteve voltado tanto em

avaliar se o trabalho, em si mesmo, mostra-se bom ou ruim para as crianças. Não

acredito que construir esta simples polaridade poderia contribuir para a reflexão sobre

infância e trabalho. Por isso, quis dar visibilidade às várias relações que se estabelecem

a partir da atividade de trabalhar, que podem justamente ser as pistas que as crianças nos

fornecem para pensar as relações não só dentro do trabalho, mas também fora dele.