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Comunicação

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Por:   •  21/9/2014  •  Seminário  •  1.080 Palavras (5 Páginas)  •  135 Visualizações

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Texto 1:

COMUNICAÇÃO

(Luis Fernando Veríssimo)

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?

- Posso ajudá-lo, cavalheiro?

- Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...

- Pois não?

- Um... como é mesmo o nome?

- Sim?

- Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.

- Sim senhor.

- O senhor vai dar risada quando souber.

- Sim senhor.

- Olha, é pontuda, certo?

- O quê, cavalheiro?

- Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que está e mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?

- Infelizmente, cavalheiro...

- Ora, você sabe do que eu estou falando.

- Estou me esforçando, mas...

- Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?

- Se o senhor diz, cavalheiro.

- Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.

- Sim senhor. Pontudo numa ponta.

- Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?

- Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?"

- Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho."

- Sinto muito.

- Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando.

- Eu não estou pensando nada, cavalheiro.

- Chame o gerente.

- Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?

- É de, sei lá. De metal.

- Muito bem. De metal. Ela se move?

- Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.

- Tem mais de uma peça? Já vem montado?

- É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.

- Francamente...

- Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.

- Ah, tem clique. É elétrico.

- Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.

- Já sei!

- Ótimo!

- O senhor quer uma antena externa de televisão.

- Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo ...

- Tentemos por outro lado. Para o que serve?

- Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.

- Certo. Esses instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e...

- Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!

- Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!

- É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?

(Fonte: VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.)

Texto 2

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