Criatividade
Monografias: Criatividade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: joao35 • 15/3/2015 • 1.127 Palavras (5 Páginas) • 394 Visualizações
Criatividade e Processos de Criação
OSTROWER, Fayga. Editora Vozes. RJ. 187p. 1977.
SINOPSE
(...)"O tema deste livro é a criatividade. O
enfoque, o ser humano criativo". Fayga Ostrower não
encara a criatividade como propriedade exclusiva de
alguns raríssimos eleitos, mas como potencial próprio da
condição de ser humano. A criatividade não é tratada
como objeto isolado, a ser estudado como se fora
compartimento estanque. Fugindo a qualquer
esquematização e simplificação, a autora a trata
enquanto elemento dentro do mais vasto contexto, sem
deixar, em nenhum momento do desenvolvimento de
sua análise, de situá-la em relação à problemática social,
econômica, política e cultural, que, sem dúvida,
obstaculiza o livre fluir da criatividade humana. É desse
modo que o livro de Fayga Ostrower acaba por se
transformar numa denúncia extraordinariamente lúcida
de tudo o que no mundo de hoje contribui, não para
construir o homem a partir do que ele traz gravado em si
de mais irreversível e essencial - a sua, repita-se,
liberdade -, mas para, ao contrário, aliená-lo dela. (...)
Pedro Paulo de Sena Madureira
INTRODUÇÃO
O tema deste livro é a criatividade. O enfoque, o ser humano criativo.
Consideramos a criatividade um potencial inerente ao homem, e a realização desse
potencial uma de suas necessidades.
As potencialidades e os processos criativos não se restringem, porém, à arte. Em nossa
época, as artes são vistas como área privilegiada do fazer humano, onde ao indivíduo parece
facultada uma liberdade de ação em amplitude emocional e intelectual inexistente nos outros
campos de atividade humana. Não nos parece correta essa visão de criatividade. O criar só
pode ser visto num sentido global, como um agir integrado em um viver humano. De fato,
criar e viver se interligam.
A natureza criativa do homem se elabora no contexto cultural. Todo indivíduo se
desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades e valorações culturais se moldam
os próprios valores de vida. No indivíduo confrontam-se, por assim dizer, dois pólos de uma
mesma relação: a sua criatividade que representa as potencialidades de um ser único, e sua
criação que será a realização dessas potencialidades já dentro do quadro de determinada
cultura. Assim, uma das idéias básicas do presente livro é considerar os processos criativos na
interligação dos dois níveis de existência humana: o nível individual e o nível cultural.
Outra idéia é a de que criar corresponde a um formar, um dar forma a alguma coisa.
Sejam quais forem os modos e os meios, ao se criar algo, sempre se o ordena e se o
configura. Em qualquer tipo de realização são envolvidos princípios de forma, no sentido amplo
em que aqui é compreendida a forma, isto é, como uma estruturação, não restrita à imagem
visual. Partindo dessa concepção, achamos importante fundamentar a idéia dos processos
criativos utilizando noções teóricas sobre a estrutura da forma. Veremos, também, que no
próprio modo de se estabelecerem certas relações mediante as quais vai surgir para nós o
sentido da forma, dos limites e do equilíbrio, o fator cultural valorativo atua sobre as
configurações individuais e já preestabelece certos significados. (...)
Fayga Ostrower
Rio de Janeiro, setembro de 1976.
Capítulo 1
I – POTENCIAL
Criar é, basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que
seja o campo de atividade, trata-se, nesse "novo", de novas coerências que se estabelecem
para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos
novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta, por sua vez, a
de relacionar, ordenar, configurar, significar.
Desde as primeiras culturas, o ser humano surge dotado de um dom singular: mais do
que "homo faber", ser fazedor, o homem é um ser informador. Ele é capaz de estabelecer
relacionamentos entre os múltiplos eventos que ocorrem ao redor e dentro dele. Relacionando
os eventos, ele se configura em sua experiência de viver e lhes dá um significado. Nas
perguntas que o homem faz ou nas soluções que encontra, ao agir, ao imaginar, ao sonhar,
sempre o homem relaciona e forma.
Nós nos movemos entre formas. Um ato tão corriqueiro como atravessar a rua - é
impregnado de formas. Observar as pessoas e as casas, notar a claridade do dia, o calor,
reflexos, cores, sons, cheiros, lembrar-se do que se relacionava fazer, de compromissos
...