Cultura Brasileira
Monografias: Cultura Brasileira. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 17/4/2014 • 1.653 Palavras (7 Páginas) • 315 Visualizações
A população baiana surgiu da mistura de três grupos humanos: o índio
que já habitava o território milhares de anos antes da chegada dos
Portugueses, o africano que foi trazido contra vontade da África e os
Portugueses que vieram para colonizar e explorar as novas terras.
Estes grupos não se mantiveram física ou culturalmente separados e
após um curto espaço de tempo, a sociedade em formação já possuía
tipos caracteristicamente brasileiros resultantes da mistura dos grupos
iniciais. O mulato (negro e branco), o cafuzo (negro e índio) e o caboclo
(branco e índio) e o resultado de sua mistura, tornaram-se cada vez
mais numerosos numa população dominada pelos preconceituosos
brancos Portugueses que detinham o poder financeiro e político da colônia.
Cada grupo contribuiu de uma maneira para a modelagem da
sociedade em formação dando-lhe características próprias em aspectos
físicos e culturais.
Índios:
Segundo Ribeiro (1997), ao chegar à Bahia, o primeiro grupo indígena
com o qual os europeus tiveram contato foi o tupiniquim, da família
tupinambá, tronco tupi-guarani que já habitava, quase totalmente o
litoral de todo o território baiano. Segundo Soares apud Celene
Fonseca, o litoral baiano foi denominado pelos Tapuias desalojados
pelos Tupinambás. Estes chegaram a costa por volta de 100-1200 d.C.,
ou seja, 300 a 500 anos antes dos Portugueses. Alencar et all afirma
que pesquisas permitem dizer que desde 8000 a.C. grupos humanos
habitam a região que é hoje o Brasil, vindos da Ásia ou Europa. No
entanto, pouco se conhece sobre a vida dos habitantes anteriores à
chegada dos Europeus, por isso toda a história do Brasil foi criada pelos
colonizadores e tem uma visão eurocêntrica da vida. Mesmo a
denominação ÍNDIO dada aos povos que habitavam as terras do Brasil
é equivocado e decorre da errada idéia dos espanhóis que,
anteriormente, pensavam ter chegado à Índia, ao chegar à América Central.
Além do litoral, também outros grupos indígenas foram logo conhecidos
pelos europeus. aimorés e patachós habitavam as terras próximas ao
Espírito Santo e Minas Gerais. Entre o Rio Prado e o Rio de Contas
estavam os camacãs, nagoiós, gongoiós e crancaiós. Os famosos
maracás ocupavam o vale do Rio Paraguaçu e Serra Sincorá. O
Nordeste do estado era ocupado pelos cariris. No Rio São Francisco
encontravam-se os anaiós e caiapós. Por fim, chicriabás e acroás
habitavam a fronteira da Bahia com Goiás.
Dentre as mais diversas contribuições dos povos indígenas para a
formação do novo povo brasileiro está o habito de tomar banho todos
os dias, o uso da mandioca na culinária, a diversificação das bebidas
destiladas, o uso de utensílios de barro e a prática da queimada
(coivara) hoje prejudicial à conservação do solo quando praticada em
extensas faixas de terra. Os índios foram de fundamental importância
para o reconhecimento das terras e das riquezas do Brasil fazendo todo
tipo de trabalhos para os portugueses como mostrar fontes de madeira
ou de metais preciosos até carregar toda espécie de produtos até os
navios. Além disso, foram fundamentais na construção e manutenção
da cidade do Salvador sempre com a intermediação de Caramuru,
europeu com o qual tinham grande aproximação. Com a crescente
escravização dos índios em nome da Coroa e da propagação
do cristianismo, os grupos antes simpáticos aos europeus, passaram a se
impor ao trabalho tornando difícil o controle e uso dos povos nativos,
também chamados negros pelos europeus.
Negros:
A chegada dos primeiros negros à Bahia deu-se próximo aos anos de
1549 e 1550, substituindo o trabalho forçado de índios escravizados,
inicialmente nos engenhos e plantações e posteriormente até nas casas
grandes, baseando toda a economia do estado. Na verdade, não foi por
falta de mão-de-obra que a escravização alcançou as colônias
portuguesas, mas por exigência do capitalismo comercial europeu que
via no negro cara e lucrativa mercadoria. As colônias como o Brasil
eram obrigadas a comprar escravos das metrópoles européias que
ganhavam muito dinheiro com o tráfico de escravos negros vindos de
toda a África. Para a Bahia foram vendidos africanos das diversas
áreas e nações desde o atual Senegal à atual Angola, na costa
ocidental, à costa oriental da atual Moçambique à atual Etiópia,
passando pelos povos do Congo, Niger e Benin. Pela língua foram
identificadas as nações yoruba, ewês, fulás, tapas, ardas, calabares e
aussás que falavam árabe e talvez fossem religiosos do Corão.
Segundo Luis Viana Filho apud Tavares existiu uma sucessão no de
povos ou nações trazidos para a Bahia o que permitiu a organização
dos seguintes ciclos: I-Ciclo da Guiné (XVI); II-Ciclo de Angola (XVII);
III-Ciclo da Costa da Mina (XVII); IV-Última fase - da ilegalidade
(XIX).Oficialmente o último desembarque de escravos africanos para a
Bahia ocorreu em 1852, na Pontilha, Ilha de Itaparica.
As incontáveis importantes contribuições dos negros para a formação
do povo brasileiro e dos seus costumes estão fortemente presentes no
dia-a-dia da população ao longo destes 500 anos. A religiosidade
africana misturada à religião católica formou, no estado da Bahia, a
mais brasileira das formas de reverenciar deuses e santos. O famoso
sincretismo religioso é uma das características do estado que teve sua
origem nas senzalas quando em vez de aceitar as determinações
católicas para a fé, os negros as adaptaram às suas próprias crenças.
A culinária baiana é quase que totalmente dominada pelos temperos
africanos, ainda que tenham os europeus portugueses rejeitado por
algum tempo o sabor forte dos condimentos. Os pratos típicos do
estado apresentam sempre ingredientes como azeite de dendê,
camarão seco, amendoim e outros. As danças e músicas, a forma de
comemorar, de vestir e outras mais especificamente baianas tem
grande influencia dos rituais religiosos e lutas negras lentamente
assimiladas pela população em geral desde o momento em que foram
trazidos para o Brasil.
Assim como os índios, os negros resistiram e lutaram muito contra a
escravidão à qual eram submetidos no Brasil. A mais notável e
organizada forma de luta foi, sem dúvida a formação dos Quilombos,
que se constituíam em pequenas e organizadas cidades auto-suficientes
na maioria dos aspectos, fundadas pelos negros que conseguiam fugir
das senzalas, dos engenhos e plantações em todo o estado. Exemplos
importantes são os quilombos do Rio Vermelho conhecido no início do
século XVII , Cabula de 1807 e Buraco do Tatu formado em 1744, os três
na área ocupada hoje por Salvador atacados diversas vezes.
Também no interior do estado formaram-se diversos quilombos como
os de Muritiba e Maragogipe descobertos em 1713, os de Nazaré e
Santo Amaro encontrados em 1801 e muitos outros os quais podem ser
melhor conhecidos através do trabalho de Pedreira (1973). Embora
mais conhecidos, os quilombos não foram a única forma de resistência
dos negros africanos no Brasil e, mais especificamente na Bahia. Os
registros históricos falam de várias manifestações principalmente no
século XIX como a revolta dos Aussás em 1807, dos escravos em
Itapuã e outras armações em 1813, insurreição da Vila de São Mateus
em 1822, todas severamente reprimidas, mas que demonstraram a
insatisfação e a revolta dos negros escravos que lutavam contra a
situação de injustiça em que viviam.
Europeus:
O Português foi, sem dúvida, o europeu que mais contribuiu para a
formação do povo baiano. Segundo Carlos Ott apud Tavares a origem
dos portugueses habitantes da Bahia no século XVI é, em ordem
crescente de quantidade: Entre-Douro-e-Moinho, Trás-os-Montes,
Beira, Estremadura, Alentejo, Algarve, Ilhas, na maioria homens do
campo e de artes manuais. Além dos Portugueses, os Franceses, os
Holandeses e por fim Ingleses influenciaram de alguma forma a
população em formação, já que todos mantiveram estreito contato com
o povo brasileiro que nascia da miscigenação entre os chamados três
grupos humanos: branco, índio e negro. Estes últimos, diferentes dos
Portugueses passavam pela Bahia em viagem comerciais,
principalmente de contrabando de escravos e matérias-primas como o
pau-brasil.
Dentre os mais conhecidos Portugueses que contribuíram para o
desbravamento e exploração das terras baianas está Diogo Álvares, o
Caramuru. Segundo alguns autores, Diogo Álvares saiu do Norte de
Portugal e foi náufrago de uma embarcação francesa para a qual
trabalhava, nas proximidades do Largo da Mariquita, Rio Vermelho, por
volta de 1509 ou 1511. Recebeu este nome, diz a lenda, por ter saído
entre as pedras, coberto de limo na frente de um grupo de índios que
notou semelhanças entre o Português e o peixe. Diz ainda a lenda que,
graças a um tiro dado para o alto, Caramuru escapou de ser devorado
pelos Tupinambás e conquistou seu respeito e aceitação
Caramuru foi o primeiro europeu a conviver com os índios aprendendo
sua língua e seus hábitos, por isso, foi importante ponte entre os índios
e os colonizadores servindo mesmo como intérprete e pacificador.
Convenceu os índios a ajudar na construção das vilas como a Ponta do
Pedrão (hoje Forte e Farol da Barra) onde viveu e uniu-se a algumas
índias incluindo a Catarina Paraguaçu, com quem se casou e teve filhos
legítimos e onde se instalaram outros europeus como o próprio Tomé
de Souza, antes da construção de Salvador. A construção da Cidade de
Salvador foi viabilizada pela ajuda dos mesmos índios que conseguiram
material para a construção, carregaram-no até o local escolhido e
edificaram a cidade.
Por defender interesses dos índios ou próprios contra a exploração dos
colonizadores ou, como afirmam alguns autores por sua ligação com os
Franceses, Caramuru desentendeu-se seriamente com os
representantes de Portugal e morreu em 1557 sem ter sido
reconhecido pelo governo português como fundamental elemento para
a colonização do Brasil.
Dos Portugueses os baianos, como todos os brasileiros, herdaram a
forma de sociedade patriarcal. O Português criou, segundo Tavares
(1987) a Bahia agrária, mercantil e escravocrata voltada para as
necessidades do capitalismo comercial que dominava o mundo dito
civilizado. As cidades herdaram a arquitetura da moda em Portugal
dando ares europeus à cidade de Salvador. Também a música, a
religião Católica, a estrutura familiar com base no casamento, a prática
da monocultura e outras características mais.
fonte: historiabahia.blogspot.com.br
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