Desigualdade de gênero, raça e etnia
Tese: Desigualdade de gênero, raça e etnia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 19951125 • 10/5/2014 • Tese • 930 Palavras (4 Páginas) • 416 Visualizações
Desigualdades de gênero, raça e etnia
O racismo, o sexismo e o etnocentrismo são os principais fatores de
desigualdades que afetam milhões de mulheres negras e indígenas em todo o país. A perversa combinação produz acessos diferenciados entre as mulheres em geral, aprofundando as desigualdades de gênero, raça e etnia na sociedade brasileira.
As estatísticas demonstram que mulheres negras e indígenas são maioria nas áreas de extrema pobreza no país e apresentam as piores condições de vida. Sob o impacto da negação cultural, enfrentam os danos emocionais gerados pela violenta discriminação cotidiana de gênero, raça e etnia na sociedade, incluindo a violência doméstica. Além disso, vivem com os piores salários, seja qual for a sua ocupação no mercado de trabalho, e estão na base da sub-representação feminina na mídia e nos espaços de poder.
O acesso desigual à saúde, por exemplo, vem produzindo um quadro de
adoecimento e morte das populações negras e indígenas, onde as mulheres são as mais afetadas em todas as situações.
A invisibilidade da população negra e indígena na mídia bem como dos
problemas que as vitimizam é histórica no Brasil. Há uma naturalização na forma de abordar esses grupos que são hegemônicas na grande mídia. Joel Zito Araújo (2010), por exemplo, analisando a produção televisiva, reconhece o elogio permanente das características estéticas das populações descendentes da Europa como uma ação efetiva da mídia na reiteração simbólica da ideologia do branqueamento.
Examinando a TV pública, Zito concluiu, entre outros fatores, que a há um baixo índice de exibição do pluralismo cultural brasileiro na programação, somado a um alto índice de sub-representação da população negra e indígena. Esses segmentos, quando representados, não escapam de estereótipos e estigmas consolidados no imaginário social brasileiro.
A pesquisa também avaliou o número de jornalistas na TV pública segundo a categoria raça/etnia. De acordo com os dados totais, há 93,3% de jornalistas eurodescendentes contra 5,5% de afrodescendentes, seguidos de 1,2% de
indiodescendentes.
Outro estudo divulgado pela revista “Imprensa” através de artigo assinado por Flávio Carrança (2001), já apontava as desigualdades entre o número de jornalistas negros ou negras nas redações de jornais, revistas, rádio e televisão em todo o país. Dos cinco mil questionários enviados para as redações, apenas 230 responderam sobre a presença de jornalistas negros ou negras em seus quadros. Deste total, 36% confirmaram ter jornalistas afrodescendentes e 1,6% afirmaram ter profissionais negros ou negras em cargos de chefia ou de maior visibilidade.
Do ponto de vista ocupacional, embora a participação feminina seja crescente
nas redações do país – segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), em 2008, as mulheres já eram maioria entre os/as jornalistas formalmente empregados/as no Brasil (54,4%) – a pouca presença de mulheres negras e indígenas neste setor indica uma estrutura ocupacional pouco plural, o que fortalece a uma visão deslocada e estereotipada da realidade desses grupos.
Para as mulheres negras e indígenas, portanto, o cenário midiático, seja do ponto de vista ocupacional, seja do ponto de vista da imagem veiculada, a situação é ainda mais agravante. Em razão do peso da discriminação de gênero, quando são apresentadas na televisão, além dos papéis submissos e infantilizados, são repetidamente associadas à imagem da mulher sensual, permissiva e que procura as satisfações sexuais (Quintão, 2004), aspectos que lhe são supostamente naturais.
A subrepresentação das mulheres negras e indígenas, o não reconhecimento de suas demandas específicas,
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