Dimensão Da Globalização
Dissertações: Dimensão Da Globalização. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: keziamtv • 20/11/2014 • 6.369 Palavras (26 Páginas) • 299 Visualizações
Dimensões da globalização: comunicações, economia, política e ética.
I. Introdução
Nas duas últimas décadas, o tema da globalização tem ocupado espaço cada vez maior nas pautas das reuniões de organizações internacionais e nos fóruns de debate mundiais. O recente fim de século e de milênio propiciou uma oportunidade de reflexão em escala mundial sobre os rumos da história ao longo dos últimos cem anos, e estimulou o pensamento sobre o futuro da humanidade face aos novos desafios e dilemas do mundo moderno.
Não é possível afirmar que exista qualquer consenso ou diagnóstico definitivo sobre o passado, presente e futuro do processo de globalização por que atravessa o mundo moderno. A tentativa de comparar a atual integração mundial com épocas de globalização no passado não está isenta de perigos e armadilhas, em função das novas circunstâncias e variáveis em que se insere o processo de reestruturação da nova ordem internacional.
Para procurar compreender um fenômeno é preciso, em primeiro lugar, definir os termos e, depois, dividir a questão de modo a separar as possíveis variáveis que contribuem para explicar o conjunto. Dada a complexidade do fenômeno da integração mundial, torna-se especialmente necessária essa separação dos fatores que estão contribuindo para a nova conformação do cenário internacional.
Antes, porém de iniciar a análise, é importante comentar que há duas visões, contraditórias e irreconciliáveis em relação à globalização. Uma delas, em face da complexidade do tema, renuncia a uma tentativa de compreensão global do fenômeno e enuncia fatos ocorridos ao redor do globo sem procurar uma explicação unitária, impossível de ser alcançada sob este ponto de vista. A tentativa de interpretação unitária, como um trabalho de Sísifo, estaria condenada ao fracasso. Os eventos mundiais seriam apenas flashes que iluminariam o escuro cenário mundial, impossível de ser captado de modo unitário.
O outro enfoque, mais próximo da perspectiva científica, procura um método de análise, a partir da observação da realidade e, ao mesmo tempo, divide o estudo das questões, de modo a iluminar cada canto do cenário. A reconstituição metódica das luzes permitiria uma visão integrada do quadro mundial. Esta segunda perspectiva é mais desafiadora e fértil.
O presente estudo adota a segunda perspectiva e procura focalizar quatro importantes fatores que têm contribuído de forma diversa para configurar o processo de globalização nos últimos vinte anos, ou seja, desde o início dos anos 80: a globalização nas comunicações, a econômica, a política e a dos valores presentes no convívio em todos os níveis: pessoal, social, nacional e mundial. Cada um desses aspectos será abordado nas quatro secções deste texto.
A ligação entre eles é clara: a revolução nas comunicações favorece e permite a integração econômica. O fator econômico, por sua vez, tem implicações no cenário e no relacionamento político. E o elemento político, em última instância, está presidido por valores e princípios. A presença ou ausência de valores éticos e princípios morais nas pessoas que comandam a política, a cultura, a economia e as comunicações é fundamental para compreender a evolução da humanidade e o processo de globalização em curso.
Outra maneira de enunciar o mesmo processo é dizer que a informação – favorecida pela comunicação – é necessária para tomar decisões econômicas. A economia, por sua vez, está a serviço da política e a política deveria perseguir o bem da sociedade, norteada por princípios ou valores éticos. Este ponto de partida descansa na idéia de que a ação humana é intencional e as pessoas se dirigem a determinados fins quando atuam.
O triste atentado terrorista ao coração de Nova York, no ano passado, é um exemplo claro desse ponto de vista. Embora condenável sob todos os pontos de vista, a motivação dos terroristas suicidas provinha de valores compartilhados. Apesar de os valores que motivaram suas ações serem totalmente condenáveis, nem por isso deixam de ser valores.
Nas entrelinhas da Carta da América, divulgada em fevereiro de 2002 pelo Institute for American Values e assinada por 60 intelectuais americanos, dentre eles Samuel Huntington e Francis Fukuyama, condenando todos os radicalismos e extremismos que matam em nome da fé, suprimem a liberdade das consciências, desrespeitam a liberdade humana e ferem a dignidade da pessoa humana, encontram-se valores que vão muito além dos interesses comerciais ou econômicos.
II. Revolução nas comunicações
O relacionamento humano, assim como o relacionamento comercial ou entre países está baseado na comunicação. É preciso comunicar-se para estabelecer elos que permitam a integração. A língua e a linguagem são os meios que facilitam essa comunicação. Nas últimas décadas, a integração econômica mundial foi impulsionada pela revolução das comunicações que, por sua vez, foi favorecida pelos avanços na tecnologia.
Os avanços tecnológicos na área da informática e das comunicações, tais como o microcomputador, os satélites, a fibra ótica, a Internet, multiplicaram as possibilidades e oportunidades de negócios a um custo cada vez menor. O deus Hermes, na mitologia grega, filho de Zeus e de Maia, é o deus do comércio por sua versatilidade, decisão, astúcia e rapidez de comunicação. Era o mensageiro de Zeus. As sandálias aladas e asas no chapéu, com que é representado, emprestavam ao deus a velocidade e mobilidade necessárias ao exercício da atividade comercial.
Comunicar-se é o primeiro passo no mundo dos negócios. Consideremos, por exemplo, o preço das comunicações. Em 1930, o custo de uma chamada telefônica de três minutos entre Nova York e Londres (a preços constantes) era 245 dólares. Quarenta anos depois, em 1970, o custo era quase um décimo, 32 dólares. Decorridos vinte anos, em 1990, o custo foi novamente dividido por dez, 3 dólares (UNDP, 1999).
O avanço das comunicações na década de 90 foi surpreendente, como mostram os indicadores de comunicação global divulgados pela International Telecommunication Unit (ITU). De 1990 a 2000, a receita do mercado de telecomunicações mais do que duplicou, passando de 508 bilhões para 1,16 trilhão de dólares (a preços correntes).
Os principais responsáveis pelo aumento das receitas no mundo das comunicações são os telefones celulares, os microcomputadores e a internet. De acordo com o relatório da ITU, o número
...