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Discurso De Encerramento

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Por:   •  25/2/2015  •  1.459 Palavras (6 Páginas)  •  332 Visualizações

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DISCURSO

Esta é uma noite de alegria e de esperança, de reflexão e de propósito, de chegada e de partida. Alegria pela chegada, pelo término de uma etapa decisiva, pela vitória obtida, apesar de todos os percalços. É um momento excepcional para uma reflexão que inspire propósitos assumidos conscientemente a fim de que, ao partir hoje pelos caminhos da vida, possais levar bem viva no coração, a chama da esperança, daquela esperança que não decepciona.

Que foram todos estes anos na nossa vida? O que foi que buscamos tão perseverantemente, desde a partida de casa quando ainda crianças, para a primeira aula, até poucos dias quando a aula da saudade encerrou tão longa caminhada? Que coisa tão preciosa fortaleceu nossas vontades para querer sem desfalecimentos, iluminar nossas inteligências para ver sem sombras retemperar nossas forças para superar, tal qual atletas olímpicos o cansaço, tantas vezes presente?

Creio que todos estamos de acordo se afirmamos que a pérola tão preciosa, tão diligentemente procurada e a procurar sempre mais diligentemente, é a verdade. Ela esteve sempre a inspirar toda a busca, constituindo a tessitura de todas as nossas pesquisas e estudos.

A verdade é a glória do saber, o mais belo ornamento para um homem que se preze em ser racional. É até a semelhança com o Cristo: ego sun veritas, eu sou a verdade, afirmou Jesus Cristo (João 14,6).

Mas, se a busca de verdade é tão fundamental, o que é afinal a verdade? Antes de tudo, para se entrar em comunhão com a verdade, para conhece-la portanto, é preciso querer encontra-la, busca-la com amor, . Pilatos no pretório, mesmo tendo perguntado a Jesus: Que é a verdade? Retirou-se para não ouvir a resposta. Por quê? Porque Cristo lhe tinha dito: todo aquele que é a verdade, escuta a minha voz. Pilatos não queria a verdade, por isso não quis ouvir a verdade (João 18).

Os escolásticos, há séculos encontraram uma fórmula que define a verdade: Conformidade da inteligência com o seu objetivo, para a verdade lógica; conformidade da coisa com a inteligência, para a verdade antológica ou transcendental. E essa verdade transcendental, este ideal, conforme o pensamento divino que devemos buscar sempre, diligente ou amorosamente.

É esta, a verdade que nos libertará: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (8,32). Mas, esta libertação é condicionada à fidelidade, à verdade. É preciso que nos deixemos iluminar por ela. Quem se deixa iluminar por ela, torna-se resplandecente. Terá luz nos seus caminhos, será luz para quem dela se aproximar. Eu sou a luz do mundo (João 8,12).

Meus caríssimos colegas, quando refletimos sobre a beleza desses conceitos que são tão verdadeiros e tão ricos de significação e em seguida, voltamos os olhos para a realidade concreta, ficamos, tantas vezes chocados com a força da mentira, do ódio, da guerra, das promessas políticas e do mal que nos cerca. Que estranha loucura se apoderou dos homens do nosso tempo? Que misterioso rancor impede o homem de investir, cada vez mais violentamente contra seu semelhante?

Vivemos num contesto moderno em que tudo se transforma rapidamente; o homem já não tem o direito que uma ave tem. O egoísmo cego enfureceu-se contra todos os direitos do homem, a começar pelo direito a vida. E vemos pois, que não respeitam a personalidade e livre arbítrios de seus filhos; e vemos filhos que não se pejam de lançar seus pais nas ruas da amargura e do sofrimento; e vemos maridos acobertados por uma machismo irracional e ridículo, tratam suas esposas como seres inferiores, sujeitas a uma suposta escravidão honesta. E os assassinatos e as vinganças até louvadas, e as torturas... Poderíamos continuar enumerando a negra realidade que campeia no mundo, no Brasil e porque não dizer no nosso querido Seridó.

Caríssimos colegas, meus senhores e minhas senhoras, quando numa festa de formatura de uma universidade, a educação, que deve ter como ideal a verdade, se defronta com tantos aspectos negativos da Pátria, é dever de cada um de nós tomar consciência de que é nosso trabalho que constrói o Brasil, não propriamente as decisões dos governantes. Trabalho não em primeiro lugar, trabalho-emprego, trabalho-assalariado, mas trabalho naquela admirável encíclica laboren exercens deste extraordinário homem que se chama João Paulo II: trabalho é toda atividade realizada pelo homem tanto manual como intelectual, independentemente das suas características e das suas circunstâncias, quer dizer toda atividade humana que pode e de deve reconhecer como trabalho, meio de toda a riqueza de atividades em virtude de sua humanidade. O trabalho e uma das características que dignifica o homem do resto das criaturas. Comporta em si uma marca particular do homem e da humanidade, a marca de uma pessoa que opera numa comunidade de pessoas.

Em nossa região, indomável diante das calamidades da natureza, foi o trabalho corajoso e diuturno do homem seridoense que fez brotar em cima destas pedras e penhascos, uma cultura, uma vida de fé e de coragem. Por isso angustia-me ver o sertanejo, ser cada vez mais, arrastado a condição de pedinte; angustia-me porém, mais ainda constatar que já um certo número aceita, alegra-se e procura esta condição. O Sertanejo, “antes de tudo um forte” de Euclides da Cunha, corre o perigo de ir se descaracterizando até chegar ao homem decadente do Império Romano, um dia todo poderoso, depois destruído, pisoteado e humilhado pelos bárbaros. Certamente na raiz desta tragédia da história,

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