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Diversidade

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Por:   •  9/6/2013  •  Tese  •  2.830 Palavras (12 Páginas)  •  524 Visualizações

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Se a presença enigmática da infância é a presença de algo radical e

irredutivelmente outro, ter-se-á de pensá-la na medida em que

sempre nos escapa: na medida em que inquieta o que sabemos (e

inquieta a soberba de nossa vontade de saber), na medida em que

suspende o que podemos (e a arrogância da nossa vontade de

poder) e na medida em que coloca em questão os lugares que

construímos para ela (e a presunção da nossa vontade de abarcá-la).

Aí esta a vertigem: no como a alteridade da infância nos leva a uma

região em que não comandam as medidas do nosso saber e do

nosso poder. (Larrosa, 1998b, p. 232)

Falar sobre a infância é falar sobre algo indecifrável, enigmático. Talvez

seria correto dizer que é a fase da vida onde somos crianças e por onde se inicia

nosso aprendizado e nossas descobertas. Mas a infância se revela algo mais

complexo, talvez por isso vários pensadores desde a antigüidade vêm tentando

entender e compreender o que Larrosa (1998a, p. 67) caracterizou como “seres

estranhos dos quais nada se sabe, esses seres selvagens que não entendem nossa

língua”.

A infância, para este autor, é algo que buscamos explicar, nomear e

intervir. Sabemos o que são as crianças e procuramos falar a sua língua para que

possam nos entender. Mas a infância acaba por nos dar o troco, ela está muito além

de qualquer captura, ela inquieta nossos saberes, questiona o poder de nossas

práticas e nos instiga e fascina a cada dia.

Várias concepções de infância foram surgindo no decorrer de vários

estudos.

Ghiraldelli (2002) faz referência a duas concepções de infância. A da

criança caracterizada como inocente, o que segundo Rousseau seria a criança

imersa na inocência e na pureza. E a da infância como sendo um período com uma

série de características, mas nunca de inocência e bondade como essenciais. De

acordo com este autor, Nabokov é um bom exemplo contra a visão rousseauniana,

sendo que para ele não havia nada de inocente, puro e bondoso na infância.

Do início dos anos 60 temos a obra do historiador Philippe Ariès,

História social da infância e da família, que traça uma evolução histórica das 2

concepções de infância a partir das formas de falar e sentir dos adultos em relação

ao que fazer com as crianças. O sentimento de família, infância, sentimento de

classes, dentre outros, surgem como as manifestações da intolerância diante da

diversidade, existindo uma preocupação de uniformidade.

Para Ariès (1981) houve um período da história em que não havia

sentimentos pela infância. Nas suas palavras,

Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o sentimento de

infância não existia – o que não quer dizer que as crianças não fossem

negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa

o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade

infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto,

mesmo jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança

tinha condições de viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua ama, ela

ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes. (p. 156)

Com o tempo surgem dois tipos de sentimentos de infância: “Um novo

sentimento da infância havia surgido, em que a criança, por sua ingenuidade,

gentileza e graça, se tornava uma fonte de distração e de relaxamento para o adulto,

um sentimento que Ariès (1981, p. 158) chama de “paparicação”. Sentimento ao

qual a criança era vista como uma coisa “engraçadinha” que servia como distração

para os adultos.

Outro sentimento que surge foi o de se penetrar na mente da criança

para melhor adaptar ao seu nível os métodos de educação.

É entre os moralistas e os educadores do século XVII que vemos formar-se esse

outro sentimento da infância [...] que inspirou toda a educação até o século XX, tanto

na cidade como no campo, na burguesia como no povo. O apego à infância e à sua

particularidade não se exprimia mais através da distração e da brincadeira, mas

através do interesse psicológico e da preocupação moral. A criança não era nem

divertida nem agradável. (Ariès, 1981, p. 162)

Outro autor, Damazio (1991), explicita em sua obra as teorias que

explicitam a forma como a criança adquire o conhecimento:

• Empirismo: todo conhecimento é uma decorrência da experiência concreta. Para

o empirismo a criança é um ser incompleto, um vazio inicial,

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