Educaçao E Diversidade
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RELAÇÕES DE GÊNERO NA SALA DE AULA EDUCAR PARA A SUBMISSÃO OU PARA A TRANSFORMAÇÃO
Escrito por Daniela Auad
Dom, 18 de Setembro de 2005 03:00
Relações de gênero na sala de aula
Educar para a Submissão ou para a Transformação[1]
Daniela Auad[2]
daniauad@terra.com.br
incluído no site em 18/9/2005
Não é de hoje que a educação é vista como uma poderosa arma para conquistar a igualdade de direitos entre mulheres e homens na sociedade. Vejamos exemplos de como mulheres lutaram para tornarem a educação um bem acessível às mulheres.
Christine de Pisan nasceu na França por volta de 1364. Naquele tempo, não era comum deixar uma menina aprender a ler e escrever.
Mas mesmo assim ela aprendeu e foi, possivelmente, a primeira escritora mulher da história ocidental, e, com certeza, a primeira a se sustentar e à sua família com seu trabalho de escritora.
Christine escreveu poesias, músicas e histórias populares nas cortes de sua época. Muitos dos estudiosos da história medieval chegam a considerar Christine de Pisan como a primeira feminista.
Provavelmente, ela foi a primeira a defender uma educação igual para homens e mulheres.
A opinião que prevaleceu e dominou por muito tempo na Renascença era a de que todo ensino ministrado por mulheres (as professoras) e para mulheres (as alunas) era suspeito e até inadequado.
Na Europa, mesmo nas classes mais ricas, instruir as filhas era considerado impróprio e até perigoso.
Os meninos iam para o colégio e suas irmãs eram condenadas a permanecer enclausuradas em casa ou em instituições religiosas, tendo como único ensinamento o das tarefas domésticas que seu futuro papel de esposa e mãe exigia.
Apenas em 1574 , freiras Ursulinas fundaram na França uma das primeiras escolas femininas. Grandes humanistas, como Erasmo, Condorcet e Diderot, defenderam a instrução das moças. Eles afirmavam que a subordinação da mulher ao homem é uma tirania baseada na ignorância e falta de conhecimento das mulheres.
Mas para Rousseau, outro conhecido humanista, as mulheres não podiam ambicionar a igualdade, sobretudo em matéria de educação.
De acordo com as idéias de Rousseau, a mulher deveria ser educada apenas o quanto fosse preciso para que ela se colocasse a serviço do homem. Para ele, a realização "natural" da mulher seria servir o homem, desde a infância até a idade adulta.
A inglesa Mary Wollstonecraft, defensora do princípio de direitos naturais do indivíduo, em 1792, escreveu um livro intitulado "Defesa do Direitos da Mulher".
Neste livro, Mary denuncia as idéias de Rousseau com relação à mulher. Ela afirma que existem diferenças entre meninos e meninas mas que a inferioridade da mulher nada mais é do que fruto da educação. Ela propõe, portanto, a igualdade na formação intelectual e no desenvolvimento físico entre os sexos.
Assim como Christine de Pisan e Mary Wollstonecraft, a italiana Elena Belotti, em 1973, escreveu o livro chamado Educar para a submissão: o Descondicionamento da Mulher.
O livro de Elena relata situações reais ocorridas no meio familiar, em creches, em escolas maternais, elementares e médias. Nessas observações, a autora percebeu como as meninas são ensinadas desde pequenas a serem submissas, passivas, obedientes e nada contestadoras ou críticas.
A autora mostra como o modelo de "boa menina" transforma as mulheres que o seguem em um grande grupo inferiorizado na sociedade, com salários menores do que o dos homens, menos oportunidades de expressão, criatividade e liberdade.
Elena não tem como ideal que a formação das meninas seja à imagem e semelhança dos meninos.
Ela defende que a educação deve dar a meninas e meninos a possibilidade de se desenvolverem da forma que desejarem, independentemente do sexo a que pertencem.
Mesmo com tudo isso que foi escrito, até hoje, a igualdade de meninos e meninas, na escola, e de mulheres e homens, na sociedade, não é algo já resolvido e conquistado.
Transformações profundas precisam acontecer na escola para que ela seja mais um lugar onde as meninas e meninos possam desenvolver ao máximo seus potenciais pessoais.
Por um lado, a escola pode ser esse lugar em que as pessoas aprendem várias coisas, criam e se tornam críticas e questionadoras.
Mas, por outro lado, não podemos esquecer que a escola faz parte da sociedade em que vivemos. E, portanto, na escola existem todos os preconceitos e a discriminação presentes nos outros lugares da sociedade.
Muitas vezes, as meninas e os meninos não se misturam no pátio para brincarem. Meninos e meninas acabam ocupando de maneira diferente os espaços do pátio e da sala de aula. As brincadeiras dos grupos de meninas são diferentes das dos grupos de meninos.
Embora o futebol feminino seja já algo bastante difundido no Brasil, na hora do recreio ainda são os meninos os que ficam com a bola e a quadra. E se algum menino deixar o seu grupo para brincar com as meninas pode ser chamado de "mulherzinha".
Geralmente, as meninas, para serem consideradas boas alunas, têm que ser mais “quietinhas” e educadas que os meninos. Essa percepção faz com que as meninas fiquem mais caladas e se expressem menos.
Os meninos e as meninas acabariam se desenvolvendo mais e melhor se pudessem conviver de modo mais próximo e não fossem colocados em lados opostos.
Todos, tanto meninas quanto meninos, seriam menos angustiados e ansiosos se tivessem mais liberdade de expressão e de ação na escola.
Mas a escola não é a única "vilã"....
Quando a criancinha chega na escola, a família e os programas de televisão já ensinaram para ela e continuam ensinando muitas coisas, como por exemplo que o enxoval de bebê menino é azul e que para bebê menina é rosa.
Quando a menina e o menino entram na escola já foram ensinados pela família e por outros grupos da sociedade quais são os "brinquedo de menino" e quais são os "brinquedos de menina".
São esses valores que impedem que as pessoas possam viver de modo mais livre, sem preconceitos e,
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