Epistemologia Da Complexidade
Trabalho Universitário: Epistemologia Da Complexidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: XuhPelegrino11 • 13/10/2014 • 950 Palavras (4 Páginas) • 242 Visualizações
Epistemologia da complexidade - Edgar Morin (pseudo-resenha)
Edgar Morin inicia seu texto apresentando a idéia de que a palavra complexo indica algo que não conseguimos explicar. Partindo desta lógica, um pensamento que se diga complexo não pode ser considerado um que resolva situações, mas sim que assuma a dificuldade e a incerteza que devem acompanhar todo raciocínio.
O eixo do pensamento complexo é a noção de que tudo, no universo, está interligado. Morin não escapa ao exemplo da borboleta que, ao bater suas asas no Japão, gera uma tempestade nos Estados Unidos. A explicação para este exemplo, muitas vezes considerado com humor e desdém, está nas retroalimentações que os eventos produzem, de maneira que uma ação simples, a longo prazo, torna-se imprevisível. Além destas ligações entre todos os elementos, também é importante notar que o todo é composto por partes que, em si, o carregam isoladamente. Morin usa como exemplo as células de nosso corpo, que são ao mesmo tempo pequeníssimas partes do conjunto, mas que têm em si a informação genética para que sejamos inteiramente compostos. Esse reflexo do todo na parte, contudo, não significa que nada resta de diferença no individual: ele conserva sua singularidade, ao mesmo tempo que sua semelhança.
Nós somos ensinados, durante a escola, a pensar separadamente, cada assunto em uma disciplina diferente. Ocorre que esta separação nos leva a buscar uma simplicidade, uma redução dos problemas a respostas definitivas. Estas resoluções, uma vez alcançadas, levam-nos a estereótipos que, se seguirem sem questionamento, limitam nossa capacidade de pensamento, enxergando respostas simples para problemas complexos. Como ocorre com a estereotipia em geral, ela transforma-se em preconceito, graças à falta de perguntas simples que indiquem respostas complexas.
É possível, dentro desta busca por respostas simplificadoras, acreditar que o mundo pode ser explicado por um gênio superior dotado da capacidade de reconhecer as forças em atuação no mundo. Este ser poderia, então, conhecer o passado e antever o futuro, pois o mundo funcionaria como uma máquina infalível. O erro, nesse raciocínio, é acreditar que o caos e o imprevisível são apenas um nível ainda incompreensível de ordenamento. Esta questão deriva de uma crença em um destino escrito, ou seja, a organização última de todos os eventos, como se nossas vidas viessem de páginas escritas por um narrador engenhoso.
Para que seja possível compreender o pensamento complexo, faz-se necessário abandonar o conceito de objeto por um mais apropriado, o de sistema. A realidade comporta relações entre diferentes sistemas, e em diversos níveis, já que um todo é formado por inúmeras partes que, por sua vez, também possui unidades menores que as compõem. Nesta trama inalcançável de elementos constituintes, é possível se chegar a um certo nível de previsibilidade, na medida em que tudo ocorra conforme o esperado. Contudo, é justamente o inesperado que perfaz o complexo, e uma alteração no planejado reproduz-se, causando relações que podem, a princípio, ser sutis, mas que proporcionam a chance de outras acontecerem. Eventualmente, um bater de asas terminou por causar uma tempestade.
Outro ponto que Morin considera importante na defesa de suas idéias é a noção de que a realidade é construída a partir de nosso conhecimento, e portanto é única para cada indivíduo. Precisamente esta característica auxilia a perceber o pensamento complexo: não existe uma verdade que explique todas as questões do mundo, ou uma forma de agir que seja a correta. Cada ser percebe o mundo de um modo diferente, interpreta-o mentalmente à sua maneira e, por fim, reage a ele de sua forma.
Edgar Morin
...