Estudo De Caso
Ensaios: Estudo De Caso. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: cassiaadm • 8/5/2014 • 774 Palavras (4 Páginas) • 994 Visualizações
O surgimento de um Cluster e a influência da localização
A Nova Economia pode ser observada de perto num bairro do Recife erguido no século 18 e tomado de casarões coloniais. É nele que foi instalado o Porto Digital, um cluster de tecnologia conduzido pela teoria dos "três Cs": conceitos, competências e conexões.
Não é apenas a tecnologia que une essas empresas e esses lugares. Aliás, ela, em si, não é o mais importante. Os negócios do amanhã são baseados em conhecimento, na capacidade de relacionamento com outras empresas e com as comunidades que as rodeiam, no empreendedorismo em estado puro, nos talentos em abundância e na capacidade de transformar ideias inovadoras em valor.
O paraibano Silvio Meira, de 48 anos, poderia receber qualquer um desses rótulos. Professor de engenharia de software da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Meira já entrou em sala de aula deslizando sobre patins. Sua foto no crachá funcional em nada lembra a sisudez do estereótipo acadêmico: ele aparece de óculos escuros e usa um chapéu colorido que veio diretamente de Kuala Lampur, na Malásia. Seus sumiços anuais nos meses de janeiro e fevereiro -- período em que se entrega aos batuques do maracatu -- já viraram folclore. Mas não são essas curiosidades que fazem dele um exemplo do novo tipo de negócio que começa a prosperar no capitalismo brasileiro. Também não são elas as responsáveis pelas cada vez mais frequentes reuniões de Meira com representantes do BNDES, de bancos de investimentos e de multinacionais de tecnologia.
O mérito desse Ph.D. em computação é outro. Em meados da década de 80, Meira começou a espanar a poeira da academia e a transformar o departamento de informática da Universidade Federal de Pernambuco em referência internacional. Aos poucos, o mercado foi invadindo a universidade. Em 1996, ele criou o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), uma ONG que funciona como incubadora de empresas de software. "É o setor acadêmico interferindo na economia", diz ele. O fim das pesquisas herméticas somado ao contato cada vez mais estreito entre os profissionais de classe mundial formados pela universidade e o mercado lançaram as bases do que se tornou um dos projetos mais originais em curso hoje no Brasil: o Porto Digital, criado em julho de 2000 a partir de uma injeção de 33 milhões de reais do governo do estado de Pernambuco.
Ocupando o chamado Bairro do Recife, uma área de um quilômetro quadrado repleta de casarões do século 18, o Porto Digital é um cluster de tecnologia que pretende colocar a capital pernambucana no mapa internacional da economia digital (atualmente, em toda a cidade do Recife existem cerca de 200 empresas de tecnologia que faturam 100 milhões de reais por ano).
Como isso será possível? "Estamos criando vantagens difíceis de ser reproduzidas em outros lugares", diz Fabio Silva, presidente do Porto Digital. Na prática, significa tecer uma rede complexa em que iniciativa privada, governo e academia trabalhem em harmonia e de forma complementar. Significa também atrair os melhores talentos para esse ecossistema e incorporar ao cotidiano as práticas mais modernas de gestão -- como integração com a comunidade. É um modelo baseado nas ideias de Rosabeth Moss Kanter, professora de administração da
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