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Etica romance "Salve Jorge"

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Por:   •  2/6/2014  •  Tese  •  3.315 Palavras (14 Páginas)  •  257 Visualizações

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1) Está provado: quanto mais rico se é, menos ética se tem

Em um clima político onde tanto se fala em oposição entre as “elites” e o “povo”, eis um estudo que dará o que falar. E com razão: pesquisadores americanos e canadenses documentaram, na edição de segunda-feira (27) da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), a existência de uma relação inversa entre elevação na hierarquia social e ética do comportamento individual. Ou seja, dizendo de maneira mais direta: quanto mais rico você é, mais você está sujeito a se comportar de maneira moralmente lamentável.

A reportagem é de Stéphane Foucart, publicada pelo jornal Le Monde e reproduzida pelo Portal Uol, 29-02-2012.

A equipe americana-canadense conduzida por Paul Piff (Universidade da Califórnia em Berkeley) tem seus argumentos. Os pesquisadores realizaram nada menos que sete protocolos experimentais diferentes, e todos convergem para a mesma conclusão.

O primeiro foi simples: consistiu simplesmente em observar num cruzamento os veículos flagrados não respeitando a preferencial. A segunda experiência, muito parecida, consistiu em registrar as situações nas quais um pedestre que estivesse atravessando na faixa tenha sido cortado por um carro. Em ambos os casos, os pesquisadores classificaram os veículos em cinco categorias, das “latas-velhas” (grupo 1) até os sedãs de luxo (grupo 5). Resultado: quase 30% dos veículos do grupo 5 passaram na frente de veículos que tinham a preferencial, um índice quatro vezes superior aos grupos 1 e 2, e três vezes superior aos grupos 3 e 4. Correlação quase idêntica com o devido respeito aos pedestres...

Mas, você pode dizer, não é porque você tem um belo carro que você necessariamente é rico. O que não é mentira. Os pesquisadores também complementaram esses dois experimentos com outros, conduzidos em laboratório. A cada vez, uma centena de indivíduos foram convidados a observar situações diversas: obtenção de um objetivo às custas de uma infração moral, captação de um bem de maneira indevida em detrimento de um terceiro, mentira durante uma negociação, apoio a um erro em contexto profissional. Depois os participantes preencheram um questionário respondendo em que medida eles estariam dispostos a reproduzir esses comportamentos. A cada vez era evidenciada uma correlação entre o status social dos participantes e sua capacidade de infringir a ética.

Um último experimento consistiu em colocar cerca de 200 pessoas diante de um jogo de dados de computador: uma soma em dinheiro lhes era prometida caso a pontuação (que eles mesmos anotavam) atingida após duas jogadas fosse alta. Mas, é claro, o jogo estava viciado e a pontuação não podia exceder 12 pontos. Portanto, os que apresentaram pontuações superiores a esse número trapacearam. Mesmo levando em conta diversos parâmetros como etnia, sexo, idade, religião, orientação política, não tem jeito, “a classe social mais elevada prevê um comportamento mais antiético”. A que se deve essa ligação entre elevação social e baixeza moral? Em parte, respondem os pesquisadores, “a uma percepção mais favorável da ganância”.

2) Tráfico de pessoas

"O tráfico de pessoas produz o terceiro maior lucro mundial para as quadrilhas, ficando aquém apenas do tráfico de armas e de drogas. E nem sempre a finalidade é a exploração sexual, podendo a traficância destinar-se a outras violações", informa Luiza Nagib Eluf, procuradora de Justiça aposentada e advogada criminal, integrou a comissão de juristas criada pelo Senado para propor a reforma penal, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 28-02-2013.

Segundo ela, "o projeto de lei do deputado federal Jean Wyllys, que regulamenta os serviços prestados pelos profissionais do sexo, em tramitação na Câmara Federal, merece apoio da comunidade por seu cunho libertador e educativo, ao banir o estigma que pesa sobre a mulher em contraposição às glórias que cobrem o homem quando ambos praticam a mesma atividade, porém em lados opostos".

Eis o artigo.

Devemos reconhecer que a novela "Salve Jorge", da Rede Globo, está prestando um serviço à população ao abordar de forma clara e didática o tráfico internacional de seres humanos para fins de prostituição.

Nossa Polícia Federal já instaurou 867 inquéritos policiais sobre o assunto, mas quem precisa estar bem informado sobre os fatos é o povo, a fim de que possa se defender. E as massas só se ligam naquilo que aparece na televisão.

O tráfico de pessoas produz o terceiro maior lucro mundial para as quadrilhas, ficando aquém apenas do tráfico de armas e de drogas. E nem sempre a finalidade é a exploração sexual, podendo a traficância destinar-se a outras violações.

Nosso Código Penal atual, nos artigos 231 e 232, prevê apenas a punição do tráfico internacional e interno de pessoas para fins de exploração sexual. A proposta de reforma penal, atualmente em tramitação no Senado, no entanto, contempla essa modalidade delitiva de maneira mais abrangente, prevendo também o intuito de extração de órgãos, tecido ou partes do corpo e trabalho escravo.

Nos termos da legislação em vigor, que é mais restritiva do que a proposta de reforma penal, o tráfico de pessoas é um crime contra a dignidade sexual. A pena para a modalidade internacional vai de três a oito anos de reclusão, mas poderá chegar a 12 se a vítima for menor de 18 anos ou se for portadora de alguma enfermidade. Se o crime for praticado por um familiar ou empregador, se houver uso de violência, grave ameaça ou fraude, também caberá pena maior.

As mulheres são as vítimas preferenciais do tráfico de pessoas. E isso tem uma explicação óbvia: a opressão sexual feminina. Exatamente por essa razão, a prostituição precisa ser encarada sem preconceitos e com muita objetividade. O comércio sexual, na forma como o conhecemos hoje, tem a mesma idade do patriarcado.

Em sociedades em que as mulheres, os homossexuais, os travestis e os transexuais não conseguem fazer valer seus direitos humanos, é fácil compreender por que são usados, explorados, descartados e, ao final, responsabilizados por seus trágicos destinos.

A regulamentação do comércio sexual, praticado entre pessoas maiores de 18 anos e livres, ajudaria muito a evitar a escabrosa exploração a que hoje estão sujeitos os profissionais do sexo em nosso país.

Milhares de pessoas seriam retiradas do abismo da condenação moral, que só faz piorar sua já difícil situação, e muitas crianças teriam

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