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Etnomatemática Na Aldeia Buridina

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Por:   •  1/3/2015  •  6.798 Palavras (28 Páginas)  •  211 Visualizações

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Visando discorrer sobre o tema: “A repercursão da Etnomatemática nos adolecentes da Aldeia Buridina nos dias Atuais”, elaboramos esse trabalho fruto de questionamentos e levantamentos históricos, para finalmente compilar o presente, dividindo-o em três capítulos.

No primeiro capítulo apresentamos o resumo de algumas obras sobre o gênero conceituando adolescência e um breve levantamento sobre a cultura Carajá. Em primeiro lugar optamos pela grafia “CARAJÁ” no lugar de “KARAJÁ”, pois em nossas pesquisas descobrimos que as duas grafias estão corretas, logo, optamos pela primeira pois utiliza somente letras de nosso alfabeto convencional e não irá prejudicar o entendimento do mesmo.

Ao conceituarmos adolescência partimos de opiniões de LIMA e BECKER, por serem literaturas recomendadas pela Secretaria Estadual da Educação de Goiás. Primeiramente podemos perceber que o nosso próprio adolescente(da cultura denominada “branca”) é contraditório e inexperiente, que a adolescência é sem duvida sua fase de maiores mudanças, paralelamente temos o adolescente Carajá que, por sua cultura, passa por alguns ritos de passagem, enquanto ao mesmo tempo, procura acompanhar a seus colegas adolescentes em seus arroubos juvenis.

A origem Carajá é cercada de mitos, crenças e lendas. Como toda cultura indígena foi transmitida verbalmente, geralmente pelos mais velhos, sendo portanto romanceada. O estupro cultural imposto à cultura Carajá, fez os adolescentes distanciar-se de sua cultura assimilando a nossa, deixando evidente que aos jovens Carajás, essa fase é ainda mais atribulada.

Enfim, esperamos que a leitura deste trabalho possa proporcionar discussões sobre o assunto e complementos para podermos criar estudos que nos permitam conviver pacificamente com nossos irmãos Carajás.

CAPITULO I

CONCEITUANDO ADOLESCÊNCIA

Para falar de adolescência é necessário lembrar que ela faz parte de um desenvolvimento maior, que antes dela houve uma fase e que a ela se seguirá uma outra; ou seja, o que o adolescente é neste momento é fruto do que ele vivenciou em sua infância e é também um degrau a mais para o que ele virá a ser em sua fase adulta. E ele continua vivenciando relações internas e externas que vivenciou quando criança; e continuará vivenciando na fase adulta coisas que aprende a vivenciar em sua adolescência. Ele renova seu estoque intelectual, mas basicamente o que tinha que aprender ele já aprendeu, tendo agora apenas que aprimorá-lo. O grande avanço cognitivo que ocorre nessa fase é o aparecimento do pensamento abstrato, que permite ao adolescente trabalhar o mundo de uma forma teórica, hipotética, abstraindo de suas percepções formulações que não dependam necessariamente de seu pensamento concreto, de sua vivência prática. Isso é o que lhe permitirá sonhar mais com o futuro, planejando-o a longa distância, ao mesmo tempo em que se torna capaz de analisar seu próprio pensamento e construir belas fantasias e teorias. Assim como as outras fases carregam suas vicissitudes, com a adolescência isso não ocorre de forma diferente.

Talvez no adolescente alguns movimentos sejam mais gritantes, o que assusta um pouco uma certa ordem instituída (contra a qual ele justamente tenta rebelar-se). É provavelmente esse movimento o que leva o adolescente à prática de violência, ao abuso de drogas, ao uso de sua sexualidade de forma inconseqüente, ao abandono de valores antigos, e muitas outras atitudes extremas. É ele também que faz com que o adolescente fique em uma corda bamba, oscilando entre ser ou não ser, o que ele quer e o que os pais querem dele e o que a sociedade quer que ele seja. Oscilação que o coloca em uma posição constante de defesa, contra o quê ele nem sempre reconhece. A oposição isolamento versus promiscuidade não é incomum nele, em suas múltiplas formas de agir no mundo: ele pode ser “atirado”, convivendo facilmente em sociedade, participando de vários grupos ao mesmo tempo, geralmente usando o humor como ponte social e a agressão física como forma de defesa; ou pode situar-se também em outro extremo, isolando-se do mundo, recusando-se a participar de qualquer tipo de grupo, ou então procurando pessoas mais velhas (com as quais julga identificar-se de uma forma melhor), usando seu lado intelectual para contatos sociais e não sabendo defender-se adequadamente, geralmente usando a angústia como meio de fuga das situações que lhe são pesadas e incontornáveis.

Compreender o adolescente já é uma forma de iniciar um trabalho visando a situá-lo em sua complexidade; poder reconhecê-lo como um ser autônomo e não enquadrá-lo em formas que não lhe dizem respeito é forjar uma chance de aproximação profissional com ele e seu grupo. Escutá-lo em seus desejos e contradesejos é ainda mais importante: imaginar que o adolescente não sabe o que quer é menosprezá-lo, mesmo quando seu desejo é compulsório do sistema em que vive e tenta enfrentar. Cabe reconhecer também que a maioria dos adolescentes está longe do ideal estipulado pelos adultos: ele é muitas vezes sujo, mal educado, barulhentos, agressivos, atemporais e hiperativo, conforme Lima:

..., não podemos deixar de considerar a situação especial da criança e do jovem. Caso contrario estaríamos retornando a uma concepção de existência de diferenças entre crianças e adultos. Sabemos que a criança é fundamentalmente e estruturalmente diferente do adulto. São necessários cerca de 16 anos para que um “filhote” humano atinja a plenitude de suas possibilidades intelectuais...(LIMA, A, in avaliação escolar, pág 46).

Nesse sentido, não se pode forçá-lo a uma adaptação a situações em que ele não se reconheça. Se quisermos contato com ele temos de ir onde ele se encontra e agir nesse seu ambiente; e precisamos nós fazer uma adaptação a esse ambiente, e não forçar o adolescente a mudá-lo ou a sair dele. Ao mesmo tempo é perigoso tentar seduzi-lo oferecendo-lhe coisas que lhe dizem respeito, pois assim como ele facilmente se liga a certas situações e pessoas, com a mesma facilidade desliga-se delas se sentir um deslize nesse contato, se não correspondem a suas expectativas. Ele confia nas pessoas mais velhas, mas também lhes cobra a mesma fidelidade que cobra de seu grupo.

Há uma primeira grande dificuldade que se pode encontrar ao fazer-se qualquer tipo de trabalho com adolescentes: sua relação truncada com o saber. O adolescente tende a renegar qualquer saber que se lhe queira impor ou deixar à sua disposição (mesmo que seja a pedido dele próprio), negando um saber que viria dos mais velhos, colocando o seu, geralmente vindo do grupo, em primeiro lugar,

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