Experimentos de baixo custos
Por: Weslyanne Alves • 18/5/2017 • Artigo • 4.016 Palavras (17 Páginas) • 186 Visualizações
O Uso de Experimentos de Baixo Custo como Elemento Facilitador no Ensino e Aprendizagem de Física no Ensino Médio
Ana Sulamita. B. da Silva1, Ramon Williams Siqueira Fonseca1, Tyrone G. C. Medeiros1, Weslyanne A. Menezes1, Jacimara Villar Forbeloni2
1Bolsista do Programa de Educação Tutorial na UFERSA-Angicos (PET CONEXÕES)
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) – Campus Angicos, RN – Brasil
2Professora do Departamento de Ciências Exatas, Tecnológicas e Humanas
Tutora do Programa de Educação Tutorial da UFERSA-Angicos
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) – Campus Angicos, RN – Brasil
{sulamitabezerra,raamon.williams,tyronemedeiros}@hotmail.com, weslyannemenezes@gmail.com, jacimara@ufersa.edu.br
RESUMO
O sistema educacional brasileiro é marcado por uma acentuada segregação: 85% dos alunos estudam em escolas públicas e 15% em instituições privadas. A diferença na qualidade do ensino é gritante; sem laboratórios, a rede pública tem dificuldade de relacionar teoria à prática, deixando seus alunos em desvantagem em relação àqueles que frequentam escola privadas, melhor equipadas em geral. Buscando alternativas de baixo custo, bolsistas e voluntários do PET – Conexões Comunidades do Campo – UFERSA projetaram experimentos que tentam suprir a carência de aulas práticas da Escola Estadual Professor Francisco Veras na cidade de Angicos. Este estudo tem como objetivo investigar a possibilidade de proporcionar aos alunos de escolas públicas a prática de experimentos que relacionem a teoria à prática usando material de baixo custo, buscando diminuir a diferença na qualidade do ensino na rede pública em relação à rede privada.
ABSTRACT
The Brazilian educational system is remarkably segregated: 85% of all students go to public school, while the other 15% attend private institutions. The difference in teaching quality is stark; with no labs, the public system struggles with relating theory and practice, leaving its students in a disadvantage compared to those attending private schools, which are better equipped in general. Attempting to find low-cost alternatives, scholars and volunteers from PET – Conexões Comunidades do Campo – UFERSA have designed experiments that seek to abridge the lack of practical classes at Escola Estadual Professor Francisco Veras in Angicos/RN. This study investigates the possibility of providing public school students with experiments that connect theory and practice using low-cost materials to reduce the gap in the quality of teaching between the public and private educational systems.
1. INTRODUÇÃO
É comum se deparar com grandes contrastes, expressos pela qualidade inferior do ensino básico público, quando comparado ao privado. Muitos são os fatores que colaboram com essa realidade e os reflexos da mesma se expressam no quantitativo de jovens oriundos da rede pública de ensino fundamental e médio que obtém êxito nos exames de admissão ao ensino superior, conseguindo ingressar numa universidade pública.
Para quantificar essas diferenças basta analisar dados como os referentes ao ensino no Estado de São Paulo. De acordo com Knobel (2014), dos quase 500 mil jovens que concluem o ensino médio anualmente, aproximadamente 85% estudaram em escolas públicas e 15% em instituições privadas. Porém, do total de estudantes que prestam vestibular para as principais universidades públicas do país a situação se inverte: na Unicamp, por exemplo, aproximadamente 70% são egressos de escolas privadas e 30% de instituições públicas.
Muitas são as causas desses números tão diferentes. Uma delas é a dificuldade que alguns estudantes têm para compreender determinadas disciplinas, isso ocorre por diversos motivos: falta de professores qualificados, falta de material didático de boa compreensão, falta de ferramentas auxiliares ao ensino (laboratórios, aula de campo, etc), falta de incentivo ao estudo, etc. No que tange a essa observação, uma das disciplinas que exige maior dedicação dos alunos para que seja compreendida é a Física, onde também são observadas causas que dificultam, minimizam ou até impendem seu total entendimento, entre essas causas pode se destacar a ênfase na Física clássica e o mínimo enfoque na Física moderna e a ênfase na chamada Física matemática em relação a uma Física mais conceitual (BONADIMAN & NONENMACHER (2003) apud BINTENCOURT & QUARESMA (2008)).
Entretanto, outra dificuldade mais evidente pode ser percebida a respeito desse tema: o fato de que diversas instituições de ensino público não dotam de laboratórios que possam auxiliar no aprendizado prático de disciplinas que o exigem para uma melhor captação de ideias (SILVA et al, 2015). Diante disso, não se pode negar a importância de atividades demonstrativas como ferramentas para o ensino de Física. Vários autores destacam tal importância, tanto na perspectiva dos alunos quanto dos professores. Barreiro & Bagnato (1992, p.243) apontam que “em cursos de física básica, as aulas demonstrativas e a exposição dialogada mostraram-se satisfatórias aos maiores interessados: os alunos.”
Na visão dos professores podem ser observados grandes benefícios, como destaca Freire (1996, p.14): “Os professores entrevistados valorizavam mais o trabalho experimental realizado através de demonstração, pois dá possibilidade ao cumprimento do programa, mantém os alunos atentos e participativos e, permite, ao professor, uma transmissão eficiente do conhecimento científico”.
Como uma medida para minimizar as dificuldades vivenciadas pelos alunos e professores da rede pública de ensino, quanto ao aprendizado de Física, buscou-se desenvolver a experimentação por meio de projetos de baixo custo. Esses projetos possibilitam a verificação dos fenômenos físicos estudados em sala de aula de modo a complementar-se, fazendo com que o aluno crie um canal entre os conhecimentos adquiridos em sala de aula e o seu dia-a-dia. Corroborando com isso, BINTENCOURT & QUARESMA (2008, p.18) aponta que:
O laboratório com matérias de baixo custo e reciclado é uma proposta que vem de encontro ao laboratório tradicional, pois não apresenta a rigidez organizacional deste. A ênfase não é a verificação ou a simples comprovação de leis ou conceitos explorados com exaustão no laboratório tradicional. Sua dinâmica de trabalho possibilita ao estudante trabalhar com sistemas físicos, verificar a importância de alguns materiais reciclados, oportunizando a resolução de problemas cujas respostas não são pré-concebidas, adicionado ao fato de poder decidirem quanto ao esquema e ao procedimento experimental a ser adotado, como forma de compreender que a física está presente em seu cotidiano.
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