FALSO SEQUESTRO

Falso seqüestro – mais um novo golpe

A história começa assim: você está em casa tranqüilo, o telefone toca, você atende e do outro lado da linha uma voz anuncia:

- Alô, aqui é o Comandante, pertenço ao Corpo de Bombeiros, aconteceu um acidente, tem alguém fora de casa?

É muito comum que alguém esteja fora de casa, e a vítima responde que sim.

- Você pode confirmar o nome?

- Bem, Fulano(a) está fora de casa.

- O que ele (a) é do senhor(a) ?

- A vítima revela o grau de parentesco.

- É isso aí, bate a informação. Você pode confirmar qual é o carro dele?

- É um carro modelo X.

- É isso mesmo, confirmou.

- O que aconteceu ?

- Uma coisa muito grave, mas fique calmo(a).

Nesse momento, a vítima já está completamente aflita, com a situação.

-Você pode confirmar a placa do veículo?

A vítima não titubeia em informar e, repentinamente, a conversa muda de tom e o criminoso já possuindo muitas informações, fornecidas pelo próprio interlocutor do outro lado da linha, anuncia o seqüestro.

Muitas vezes o criminoso pede para não desligar o telefone e exige determinada quantia em dinheiro, normalmente na ordem de R$ 1.000,00 a R$ 5.000,00, que devem ser depositados imediatamente em uma conta bancária que será fornecida, ou então, será marcado um ponto de encontro para a entrega do dinheiro.

A forma de ação que acabo de revelar ocorre quando o criminoso não possui nenhuma informação sobre a vítima e age de forma aleatória, com essa história de acidente de trânsito como pano de cobertura, para coletar as informações necessárias para o prosseguimento do golpe.

Às vezes, o criminoso possui apenas alguns dados ou ainda fragmentos de informação, como por exemplo, um familiar que recebe uma ligação da seguinte natureza:

- É da casa do Sr. Fulano, o advogado? Ou o médico? Ou o comerciante ?

- É sim, responde a vítima.

Neste caso o criminoso sabe a profissão da pessoa ou outra qualquer informação.

- Ele tem um carro X? E descreve as características. Neste caso o criminoso possui a informação do nome e das características do veículo pertencente ao familiar ausente de casa; a partir daí a conversa muda de tom, e o resto já se sabe.

É incrível, mas esse tipo de ação criminosa apavora tanto, que os familiares perdem o centro da razão e tendem a acreditar de forma absoluta no criminoso que, aproveita da oportunidade para praticar seus atos de extorsão para obter dinheiro fácil.

Sendo a segurança pública e as questões de violência urbana assuntos crepitantes, nos últimos anos, em todos os segmentos da sociedade e em particular o crime de extorsão mediante seqüestro e seus desdobramentos como o seqüestro relâmpago e as extorsões na busca por códigos de recarga de cartões telefônicos, pauta até de um artigo que escrevi na edição nº.44 da revista security, já era hora da sociedade como um todo, ter um comportamento menos emocional e mais prudente ao receber essas chamadas telefônicas no mínimo estranhas, entretanto, não é o que tem acontecido, esses dois casos acima relatados foram casos reais os quais fui acionado para orientar e eram pessoas muito esclarecidas e bem posicionadas sob o ponto de vista social, mas que por pouco, deixaram de atender o desejo criminoso. Uma delas já foi falando que não tinha os cinco mil reais exigidos, mas tinha dois mil reais, alguns dólares e um relógio de grife, tudo isso sem ao menos ligar no telefone celular da suposta vítima para certificar-se da veracidade dos fatos, quando o fez, depois de orientado, foi atendido normalmente; o difícil foi explicar para a suposta vítima o motivo da ligação e do nervosismo flagrante pelo tom de voz, daí houve a inversão da situação pois quem ficou mais preocupado de que algo não andava bem foi a