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Globalização

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Por:   •  9/10/2013  •  Artigo  •  4.590 Palavras (19 Páginas)  •  322 Visualizações

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Segundo os historiadores, no começo da humanidade, na sociedade denominada primitiva, as relações entre os setores da vida social se dava diretamente. A cultura, a economia e a política existiam em razão do território e só tinham emanações no seu interior. O território pertencia aos seus moradores e esses pertenciam àquele território. Criava-se, portanto, uma identidade entre as pessoas e seu espaço geográfico. Para manter essa identidade e os seus limites, necessitava-se ter clara a idéia de domínio e poder. Formava-se, assim, um conjunto indissociável entre a política, a economia, a cultura, a linguagem, criando-se, paralelamente, a idéia de comunidade, como a de um contexto limitado no espaço.

A globalização marca de forma cristalina a ruptura desse processo de identidade entre território e comunidade. Surge nesse momento o progresso através da tecnociência, cujo uso é condicionado pelo mercado e nem sempre está a serviço da humanidade.

O mundo se torna fluido, graças às novas tecnologias de informação e comunicação. As fronteiras tornam-se porosas, tanto para uma quanto para a outra, e isso acaba por modificar e afetar a natureza do Estado-nação, causando, assim, paulatinamente, a perda ou enfraquecimento de sua identidade nacional.

Nesse processo, há uma intensificação das relações sociais em escala mundial, que, segundo Anthony Guiddens, vem aproximando os povos de diferentes localidades, de forma que acontecimentos que ocorrem em um lugar distante acabam influenciando outros a muitos milhares de quilômetros, provocando várias transformações.

O resultado dessas influências, muitas vezes, não possui direção uniforme, mas pode consistir em modificações mutuamente opostas. Ocorre, por exemplo, que o desenvolvimento e o progresso de uma localidade podem provocar transformações opostas em outro, como o seu empobrecimento. A instalação de uma empresa em determinado local pode significar a perda do emprego de milhares de trabalhadores no local de origem, demonstrando que o progresso de uma localidade pode significar a ruína de outra.

Nessa mesma linha de raciocínio, poderíamos salientar para o fato de que a globalização acaba por diminuir, muitas vezes, o sentimento nacionalista dos povos em relação ao seu Estado-nação, através do desenvolvimento de relações sociais entre comunidades de diferentes países, como também pode acelerar esse sentimento, fazendo fortalecer os laços de identidade cultural regional.

A política que era somente interna, com a globalização, passa a ser feita para o mercado, porém, esse não existe como um ator, mas sim como uma ideologia, um símbolo. Na verdade, os atores são as empresas, os agentes internacionais financeiros, os quais não têm preocupações éticas nem finalísticas. E isso porque, o capital precisa ser individualista, eis que, seu objetivo é a obtenção do lucro, e, sem ele, o próprio ente desaparecerá.

O mercado, para operar livremente, exige que o Estado seja mínimo, que exista para dar segurança aos operadores; para manter a lei e a ordem; para proteger o mercado, principalmente. O Estado, então, não poderá competir com a iniciativa privada, não poderá exercer nenhuma atividade que implique lucro, ou que, mesmo sem ele, signifique uma concorrência com as empresas privadas. Com isso, deve privatizar para diminuir as suas funções.

A geoeconomia e a geopolítica das transnacionais nem sempre coincidem com as dos Estados nacionais. Aliás, constantemente, se dissociam, ou mesmo colidem. São comuns os incidentes em que se constatam as progressivas limitações do princípio de soberania em que classicamente se fundava o Estado-nação. Em escala cada vez mais acentuada, em âmbito mundial, a "grande empresa" parece transformar nações das mais diversas categorias em "pequena nação". (Yanni, 1998, p.47)

Dessa forma, portanto, não se pode exigir que a empresa seja altruísta, pois seus desígnios são o lucro. O Estado não pode ser solidário porque deve ser mínimo, sem interferir no livre mercado. E a sociedade a quem deve recorrer?

Se o Estado não pode interferir nas relações interpessoais de seus agentes para assegurar certas garantias para os cidadãos, está-se diante do que se pode denominar de inexistência de política. Realmente, o que se observa é a política das empresas e dos conglomerados financeiros que, para se instalarem em determinado país, impõem uma série de regras que deverão ser cumpridas, não só no que diz respeito às questões econômicas, mas também, às relações sociais entre os indivíduos, alterando, inclusive, os costumes. Muda-se a estrutura do emprego, as relações econômicas, culturais e morais de cada lugar, chegando até mesmo a afetar o orçamento público. Isso tudo pode acarretar um processo de desequilíbrio dentro da própria comunidade atingida.

Os países e até mesmo, regiões dentro de um mesmo território passam a disputar a instalação de empresas, crentes na sua indispensabilidade, propiciando que elas possam exercer um poder surpreendente e demasiado frente ao próprio Estado, o qual fica à mercê de suas exigências, instalando-se, com isso a própria ingovernabilidade, surrupiando o poder político das nações e propiciando o seu enfraquecimento no que tange a sua própria identidade.

A disputa pelo mercado torna os empresários individualistas. Raramente se pensa no aspecto social, no emprego, no salário justo do trabalhador menos qualificado. As grandes empresas já não significam aquilo que são pelo seu valor material, pela sua produção, pelo número de trabalhadores que empregam. A sua importância encontra-se assentada no mercado de ações. Assim, no momento em que, apurando um ilusório e individualista "custo-benefício", demitem funcionários para diminuir despesas, o valor de suas ações aumenta no mercado de capitais, trazendo mais lucros para seus acionistas.

As empresas de todos os setores, em razão da globalização, agora instaladas em várias partes do mundo, transferem a qualquer tempo seus quadros de produção para onde a mão-de-obra estiver mais barata, gerando desemprego no território abandonado. Também declaram seus lucros em países onde a tributação seja menor e as despesas, onde os tributos sobre as rendas sejam mais pesados, burlando a lei e sonegando impostos, embora de forma legal.

Empregos que antes eram garantidos, hoje, não são mais do que meros trabalhos temporários. Em busca da mão de obra barata, as empresas passaram a terceirizar trabalhos, deixando de se responsabilizar pelos encargos trabalhistas. Operários que antes exerciam o trabalho

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