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Gonçalves Dias E álvares De Azevedo

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Por:   •  7/4/2014  •  8.085 Palavras (33 Páginas)  •  318 Visualizações

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I

Ó GUERREIROS da Taba sagrada,

Ó Guerreiros da Tribo Tupi,

Falam Deuses nos cantos do Piaga,

Ó Guerreiros, meus cantos ouvi.

Esta noite - era a lua já morta -

Anhangá me vedava sonhar;

Eis na horrível caverna, que habito,

Rouca voz começou-me a chamar.

Abro os olhos, inquieto, medroso,

Manitôs! que prodígios que vil

Arde o pau de resina fumosa,

Não fui eu, não fui eu, que o acendi!

Eis rebenta a meus pés um fantasma,

Um fantasma d'imensa extensão;

Liso crânio repousa a meu lado,

Feia cobra se enrosca no chão.

O meu sangue gelou-se nas veias,

Todo inteiro - ossos, carnes - tremi,

Frio horror me coou pelos membros,

Frio vento no rosto senti.

Era feio, medonho, tremendo,

Ó Guerreiros, o espectro que eu vi.

Falam Deuses nos cantos do Piaga,

Ó Guerreiros, meus cantos ouvi!

II

Por que dormes, Ó Piaga divino?

Começou-me a Visão a falar,

Por que dormes? O sacro instrumento

De per si já começa a vibrar.

Tu não viste nos céus um negrume

Toda a face do sol ofuscar;

Não ouviste a coruja, de dia,

Seus estrídulos torva soltar?

Tu não viste dos bosques a coma

Sem aragem - vergar-se e gemer,

Nem a lua de fogo entre nuvens,

Qual em vestes de sangue, nascer?

E tu dormes, ó Piaga divino!

E Anhangá te proíbe sonhar!

E tu dormes, ó Piaga, e não sabes,

E não podes augúrios cantar?!

Ouve o anúncio do horrendo fantasma,

Ouve os sons do fiel Maracá;

Manitôs já fugiram da Taba!

Ó desgraça! Ó ruína! Ó Tupá!

III

Pelas ondas do mar sem limites

Basta selva, sem folhas, i vem;

Hartos troncos, robustos, gigantes;

Vossas matas tais monstros contêm.

Traz embira dos cimos pendente

- Brenha espessa de vário cipó -

Dessas brenhas contêm vossas matas,

Tais e quais, mas com folhas; é so!

Negro monstro os sustenta por baixo,

Brancas asas abrindo ao tufão,

Como um bando de cândidas garças,

Que nos ares pairando - lá vão.

Oh! quem foi das entranhas das águas,

O marinho arcabouço arrancar?

Nossas terras demanda, fareja...

Esse monstro... - o que vem cá buscar?

Não sabeis o que o monstro procura?

Não sabeis a que vem, o que quer?

Vem matar vossos bravos guerreiros,

Vem roubar-vos a filha, a mulher!

Vem trazer-vos crueza, impiedade -

Dons cruéis do cruel Anhangá;

Vem quebrar-vos a maça valente,

Profanar Manitôs, Maracás.

Vem trazer-vos algemas pesadas,

Com que a tribu Tupi vai gemer;

Hão-de os velhos servirem de escravos

Mesmo o Piaga inda escravo há de ser?

Fugireis procurando um asilo,

Triste asilo por ínvio sertão;

Anhangá de prazer há de rir-se,

Vendo os vossos quão poucos serão.

Vossos Deuses, ó Piaga, conjura,

Susta as iras do fero Anhangá.

Manitôs já fugiram da Taba,

Ó desgraça! ó ruína!! óTupá

Leito de Folhas Verdes – Gonçalves Dias

Por que tardas, Jatir, que tanto a custo

À voz do meu amor moves teus passos?

Da noite a viração, movendo as folhas,

Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu sob a copa da mangueira altiva

Nosso leito gentil cobri zelosa

Com mimoso tapiz de folhas brandas,

Onde o frouxo luar brinca entre flores.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,

Já solta o bogari mais doce aroma!

Como prece de amor, como estas preces,

No

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