HISTÓRIA, CONCEITOS E MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Tese: HISTÓRIA, CONCEITOS E MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: madis • 27/12/2013 • Tese • 5.179 Palavras (21 Páginas) • 376 Visualizações
ntrodução às Neurociências
História das ideias em neurociências: mente, cérebro e comportamento.
HISTÓRIA, CONCEITOS E MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO EM NEUROCIÊNCIAS
Trepanação
Consiste na perfuração do crânio
As evidências mais antigas de trepanações têm cerca de 7000 anos, o que significa que o Homem há muito que se preocupa em saber mais sobre o S.N.C., em perceber para que serve, quais as suas funções
Pensa-se que as primeiras trepanações tivessem como objectivo o tratamento de desordens comportamentais, o alívio da dor, rituais religiosos, etc.
Nos nossos dias, algumas culturas ainda recorrem a este método.
Antigo Egipto
Foram encontrados alguns registos documentais nesta época (Papiros (1600 A.C.)) com descrições de casos de lesões cerebrais e sua relação com o comportamento.
No entanto, o coração e não o cérebro era identificado como a sede das memórias e da “alma”.
Não era dada importância ao cérebro, sendo este descartado nos processos de mumificação.
Grécia Antiga
O grande marco da neurociência moderna foi Hipócrates (460-379 a.c.), que considerou o cérebro como o orgão do intelecto humano. Atribuiu-lhe funções emocionais. Constatou a relação que existia entre determinadas disfunções e o S.N.C.
Aristóteles (384-322 a.c.) por seu lado, voltou a colocar o coração como o centro do intelecto humano. Cérebro servia para arrefecer o sangue aquecido pelo coração (racionalidade humana). Esta teoria influenciou o pensamento até à Renascença.
Império Romano
Claude Galen (130-200 A.C.), cirurgião dos Gladiadores no Império Romano, testemunhou consequências de lesões cerebrais nos gladiadores. Constatou então que Hipócrates tinha razão ao atribuir o controlo ao S.N.C.
Fez dissecções em animais, através das quais verificou que o cérebro não é todo idêntico. É composto por uma parte “mole” responsável pelas sensações e pela memória e pelo cerebelo “duro” que comanda os músculos (controla a parte motora). Introduz-se assim, pela primeira vez a noção de que há especialização de diferentes zonas do cérebro.
Teoria Ventrícular- Descreveu os ventrículos e o fluído neles existente. Sendo que os ventrículos são ocos e compostos por nervos (tubos ocos) levam fluído (humores) ao corpo causando o movimento.
Renascença ao século XIX
Andreas Vesalius (1514-1564) dedicou-se a descrever a anatomia detalhada do corpo humano. Permanece a teoria ventricular do cérebro (teoria hidráulica).
Rene Descartes (1596-1650). De acordo com o dualismo cartesiano (mente vs corpo) a mente não pode ser explicada apenas pela funcionalidade do cérebro. É necessário que exista algo mais que o cérebro para se perceber o funcionamento da mente humana.Os nossos comportamentos básicos são comuns aos animais, mas o intelecto, as funções superiores são exclusivas do Homem. A mente (espiritual) e o cérebro estão ligados através da glândula pineal que funciona como uma válvula de comunicação que controla os espíritos animais. Descartes mantém a visão da teoria ventricular. O papel de Descartes foi introduzir a discussão acerca do Dualismo cartesiano.
De acordo com António Damásio, a mente ter uma base física, o cérebro (“erro de Descartes”) e é ele o responsável pelas funções ditas superiores. As lesões cerebrais afectam processos mentais, inclusive traços de personalidade (caso Phineas Gage).
Séculos XVII-XVIII
Estrutura do S.N.C. – o cérebro não é uniforme:
Matéria cinzenta: tipicamente na periferia do cérebro. Esta parte é composta pelos neurónios (corpos celulares onde há processamento de informação).
Matéria Branca: tipicamente no interior do cérebro. Composto pelos axónios dos neurónios responsável pela comunição entre eles.
Nesta altura passou a dar-se mais importância aos tecidos e às suas funções e não aos ventrículos.
Começa-se a ter uma percepção mais detalhada da neuroanatomia: nervos que percorrem todo o corpo e comunicam com o centro de processamento (cérebro).
Percebe-se que uma parte do S.N.C. está envolvida por osso (vias de comunicação protegidas pelo crânio e espinal medúla).
O Cérebro é composto por 3 zonas principais:
Encefalo
Cerebelo
Tronco cerebral (que se liga à espinal medúla)
No encéfalo foram descobertos:
Sulcos e fissuras comuns entre indivíduos (ex: fissura de silvius que separa os 3 lobos).
Divisão do cérebro em lobos.
Nesta altura começaram então a questionar se diferentes funções cerebrais poderiam ser atribuídas a estas áreas distintas? Onde estão os centros de controlo destas diferentes zonas? Etc.
Outro marco importante na história das neurociências foi Benjamin Franklin que descobriu que o S.N.C. não funcionava, como defendia a teoria ventricular, de forma hidráulica, mas sim por estimulação eléctrica. Foram realizadas muitas experiências com animais (exemplo: pôr, através de choques eléctricos, um cão morto a ladrar). E começou-se a estimular electricamente o S.N.C. os nervos actuam como “arames”conduzindo sinais eléctricos de e para o cérebro.
Charles Bell, François Magendie (1810): descrevem pela primeira vez os nervos em detalhe.
Nervos são então agregações de vias de comunicação que não circula toda na mesm a direcção, nervos contêm fibras que transportam informação em direcções opostas. Os nervos ligam-se à espinal medula pelas raízes:
Raíz Ventral – vias de saída de informação do encéfalo, eferente. Um corte da raíz ventral (azul) provoca paralisia muscular. A resposta comportamental é feita pela raíz ventral.
Raíz Dorsal – vias de entrada de informação no encéfalo, aferente. Um corte da raíz dorsal (vermelho) provoca a perda de sensibilidade.
Neuroanatomia
...